ELEGIA 62
Padrasto das
réplicas, das tréplicas era órfão. Não tinha parentes de sangue, o infeliz,
apenas alguns colegas ou amigos, todos incompatíveis em sintonia. A solidão era
tão grande ao seu redor, que o silêncio ecoava dentro do peito infinito. Ao
olhar para si mesmo no espelho, um cânion de relações desérticas, gente
petrificada, vontades escarpadas e muita, mas muita areia de tudo aquilo que se
foi, nunca permanecia. O estranho nessa história beduína, era que não havia tristeza. Pois só existe tristeza
quando não se tem consciência dos motivos pelos quais as coisas são assim como
são. Ele, sabia muito bem por quê. Questão de naturalidade: sua terra nunca foi
onde pisou a vida inteira. Caminhava esperando a chuva só para ver se ela
trazia ao menos um arco-íris, quem sabe houvesse um pote de ouro em seu final. Jamais
por causa do pote ou de seu conteúdo, somente pela oportunidade de encontrar
algo. Este seria seu único sonho possível, não de se realizar, mas apenas o
único que poderia sonhar. Porque é muito fácil ser poeta entre precipícios de
indiferenças, vales de silêncios, rochedos de sensações e aridez de esperanças pelas
montanhas de ninguém..
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