quarta-feira, 31 de outubro de 2012

AUTORALLIA << Desamor / por Allvaro Del Mar




DESAMOR
Peço desculpas aos apaixonados. Peço desculpas aos amantes passionais. Desculpas extensivas a todos aqueles que sucumbem às agruras do não amor: todos eles, não sabem nada! Pois só quem viveu a rejeição, o desprezo e a violência muda em função de um imensurável sentimento não correspondido, é que sabe o que é o desamor. Este, é a forma de amor que vai, mas não volta. Então, o pior dos sentimentos. Porque ele não vem de ilusão. Nem de utopia ou de elucubração do imaginário da solidão. O desamor, é diferenciadamente único. Porque ele existe livremente em nós, mas no outro ele é contido, preso, amordaçado. De nós, partiu para o mundo, mas nela, não se permite nascer. É semente sem terra, raiz sem chuva, broto sem sol, folha sem ar. É filho que chegou sem  pais, tal qual um sonho sem lua, ou pais que foram sem filho. Reconhecemos o infinito do lado de cá, ao mesmo tempo em que lá, não há distância alguma a percorrer. Até que um dia, tudo se acaba. Mas como somos parte da natureza, esse dia é quando tudo se transforma, pois isto nunca se acaba. É quando chegam no vento as perguntas que jamais terão respostas. É o único momento em que erramos, atribuindo verdades a algo que não existiu reciprocamente, na vã tentativa de explicar o que não teve nexo. Poderia ser por ela não ter dado nenhuma chance, por ela não ter se aproximado, por ela não ter conhecido, por ela não ter convivido. A dúvida, é corpo nefasto que sepultamos em nós em morada permanente. Vamos embora com uma única certeza: a de que transformamos aquele sentimento, mas jamais saberemos em quê. Sim, o desamor, neutra alcunha para aquilo que um dia foi o mais belo sentido de nossa vida. Finados, um dia hei de não lembrar...  

KAMASUTRA


 "TRUE COLORS" 
 CINDI LAUPER 
 cover by Perpetum Jazzile 



 Corais 

 "Tua pele alva é sépia, 
 Porque tua emoção é contida 
 Teu sangue vermelho é magenta, 
 Porque tua ferida coagula internamente 
 Teu pensamento negro é anil, 
 Porque a estrela está suspensa em tua alma 
 E tua alma branca é grená, 
 Porque ignoras a arte da vida, 
 Restando apenas a contar 
 Tuas horas neutras, 
 Teus lugares frios, 
 E sobre o superficialismo do teu sexo.. 
 Assim, tropegamente 
 Enquanto procuras a aquarela nos quadros alheios 
 O colorido dos teus sentidos, 
 Borra em teu coração lousa: 
 De nada adianta o que tu escreves 
 Pois ninguém vê, 
 Muito menos se importa 
 De que a nascente de tua razão, 
 Não está na superfície da linha d’água 
 Está sim, retoricamente 
 Em tudo aquilo que sentes.." 


terça-feira, 30 de outubro de 2012

COVER com CAVIAR


 "Nunca amamos ninguém. 
 Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. 
 É a um  conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. 
Isso é verdade em toda a escala do amor. 
 No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. 
 No amor diferente do sexual, 
 buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa."    

 FERNANDO PESSOA 


 "TO LOVE SOMEBODY" 
 BEE GEES 
 by  
 Ray Lamontagne & Damien Rice 




Seção ELEVATION


 PUSHKAR  -  "MANAMALEI" 




sábado, 27 de outubro de 2012

Quadrophenia - "With Or Without You"


 [A sobrevivência é dependente das circunstâncias. O viver, não. Enquanto aquela é passivamente relativa, este é cinético, por isso absoluto.] 



"With Or Without You"
U 2


SCALA AND KOLACNY BROS


2 CELLOS


BOYCE AVENUE & KINNA GRANIS


U  2


Seção AMOR LIVRE


 "ALL ALONG THE WATCHTOWER" 
 BOB DYLAN 


 versão Dave Mathews Band

 versão U 2 

 versão Jimi Hendrix 

 versão do autor

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Communis lingus

Outra das mais belas obras do cancioneiro mundial, conta sobre alguém muito viajado, que teve poucos arrependimentos, sempre consciente em seus caminhos planejados, mas o fez do seu jeito, sendo cúmplice em suas derrotas, e que um homem só é homem quando ele diz o que sente de verdade. A versão francesa fala sobre uma paixão que resumiu-se a costumes, na qual as pessoas ainda estão, por força do hábito, não mais do amor. Já a espanhola, prefere deixar e esquecer esse amor, procurar um novo, mas do seu jeito. "Meu Caminho", "Como de Costume" ou "À Minha Maneira", são três lindas formas de comunicação sentimental, dentro de uma mesma melodia. Deleite-se (ou não...) 


 As 3 
 versão piano cover 
 by MrVincePiano 



 As 3 
 versão violão cover 
 by Naudo 



 "A Mi Manera" 
 "My Way" 
"Comme D'habitude" 
 versão 
 Chico & Les Gipsyes 
 (e as gostosas) 



 "My Way" 
 versão 
 ELVIS PRESLEY 




Contos sob a copa das Araucárias


  VIGÍLIA 9876  



[A vigília, é a prostituta fiel em minhas noites. Pois não é preciso chamá-la, ela já está em mim. Juntos, apagamos as luzes da vida, adentramos ao quarto vazio e deitamos na cama cheia de solidão. Encerro os olhos para não ver meu corpo, tentando buscar o prazer de me encontrar. Eis que me deparo com a melhor companheira possível, a minha história. Vasculho meu passado, achando indícios deste presente ausente, os sinais que eu não percebi. Vieram, mas eu achava que era feliz, por isto não os compreendi como avisos. Avisos no tempo que não para, enquanto minhas horas demoram-se quase dolorosamente. Meu prazer consiste em diagnosticar esta dor em espécie, quando é o exato momento em que ela passa. Para onde ela vai, eu não sei. Só sei que deixa de existir agora e aqui. É o mais puro dos aprendizados, o sofrimento em silêncio. Depois do ato, deixo a minha horizontal de reflexões, tomo alguns goles d’água gelada, e caio em sono profundo pouco antes do alvorecer. Assim são os meus dias, precedidos por noites obscuras sob a maior claridade. E quando desperto, o amanhã já se foi e tenho que me limpar. Banhar-me de mais água, tirando o suor do desamor da superfície de minha pele, como se estivesse me depurando por dentro. Renovado, percebo que não foi o banho que me conscientizou, mas sim a relação orgástica com a vigília. Saio de mim, e vou caminhar lá fora. Aguardando a próxima noite, outra prostituta, outra certeza, outro banhar. Ó vida que lhe quero limpa, de todos os obstáculos que ainda não vejo, me enriquecendo de respostas, para meus passos diuturnos acelerar. E que as minhas noites sejam, enfim, de um repouso tal, que me permita novamente sonhar..]


phOTOCALIGRAfIA






quarta-feira, 24 de outubro de 2012

phOTOCALIGRAfIA





AUTORÁLLIA << União Instável / por Martin Suplika



"União Instável"

 Eu e elas, 
 As minhas duas amantes 
 Estilos diferentes, elas me dão o carinho que eu mereço 
 Porque elas se completam em mim 
 Satisfazendo todas as minhas necessidades e vontades... 
 Enquanto a música me fala, a poesia me escuta 
 Esta me espera, aquela me chama 
 A primeira convida, a segunda recebe 
 A música me conforta, me abraça, me embala 
 A poesia me beija, me lambe, me chupa.. 
 Quero que essa instabilidade atravesse o tempo 
 E se distribua por todo o espaço de minha existência 
 Não quero a rotina do previsível 
 Quero o pluralismo dos movimentos
 A me levar cada vez mais longe daqui 
 Para que eu fique mais perto de onde eu não sei 
 E é justamente percorrer este caminho 
 O que me trará os simples prazeres do viver  
 Sem pretensão alguma, 
 De chamar isso de felicidade.. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Certas canções que eu amo - "Teu Sonho Não Acabou"


"Teu Sonho Não Acabou"
TAIGUARA
por Paulo Almeida



"Hoje a minha pele já não tem cor
Vivo a minha vida seja onde for
Hoje entrei na dança e não vou sair
Vem que eu sou criança não sei fingir
Eu preciso, eu preciso de você
Ah! Eu preciso, eu preciso, eu preciso muito de você
Lá onde eu estive o sonho acabou
Cá onde eu te reencontro só começou
Lá colhi uma estrela pra te trazer
Bebe o brilho dela até entender
Que eu preciso...
Só feche o seu livro quem já aprendeu
Só peça outro amor quem já deu o seu
Quem não soube a sombra, não sabe a luz
Vem não perde o amor de quem te conduz
Eu preciso...
Nós precisamos, precisamos sim
Você de mim, eu de você."



Contos sob a copa das Araucárias

A  CHUVA  e  o  ÊXTASE



E ela apressadamente saiu de vestido fresco na iminência da chuva. Mas na verdade, desejava ardentemente uma tempestade. Um motivo qualquer se transformou em argumento para ela lançar-se no seu mundo, apenas com uma porção de tecido sobre seu corpo teso. Sem peças íntimas, o vento precedente já eriçava seus mamilos deixando-os plasticamente visíveis. E ela caminhava, lentamente, aguardando o temporal. Entrou na farmácia, comprou algo insignificante e voltou à calçada, o chão certo sob as nuvens queridas. Diminuiu ainda mais o passo, e começou a sentir os primeiros pingos, que começaram a trazer excitantes sensações ao tocarem seu organismo. Não veio o temporal, e sim o suficiente para que ela se encharcasse a gosto de Deus. Abriu o sorriso, certa de que abriria seus pequenos lábios em questão de segundos. Um suspiro, ela começava a regozijar. Sentia-se fiel integrante da natureza animal, com toda a racionalidade que o prazer lhe proporcionava. As mãos livres, abraçou a si mesma, encostando os antebraços nos seios duros. Um arrepio fulminante percorreu a sua coluna vertebral, como um raio saindo da terra em poças. Suas coxas, já molhadas, roçavam uma na outra pelo caminhar delicado. A água que a banhava parecia um festival de línguas lambendo todos os seus poros. E o êxtase se aproximava, à medida em que a chuva penetrava sua pele, tocando na superfície coberta de sua alma. A rua deserta, para ela, mas cidadãos passavam nos automóveis, ônibus e a pé. Sozinha em seu universo, não resistiu e encostou-se numa árvore central de uma pequena praça. Pela primeira vez olhou em volta, certificando-se de que não havia ninguém. Tirou os sapatos, seus pés sobre a grama entrelaçavam os dedos. Colocou sua mão direita por cima do ventre aberto, debaixo do vestido, enfiou seus dedos indicador e médio na vagina, já umedecida pelo seu líquido. Com o polegar, esfregava o clitóris saliente no púbis nu. Aumentou a velocidade dos movimentos, suas pernas começaram a tremer, roçava as nádegas na árvore sem dor. Sua mão esquerda apertava o seio direito. Lambendo os seus próprios lábios da boca, dedilhando o mamilo, até que veio sua redenção: o gozo. Nunca o clímax tinha sido tão livre. O grito conteve-se na garganta, mas o gemido foi maravilhoso até para aquele que não escutou. Momento sublime, ela botou os dedos na boca e provou de seu próprio gosto. Pronto, havia feito amor com a chuva. Recompôs-se, procurou onde havia largado a sacola da farmácia com aquele produto insignificante. Passou a mão pelo rosto, pelos cabelos, ajeitou os seios ainda atiçados. Foi para casa realizada. Porque ela fazia parte de uma maioria entre as mulheres, as que adoram banhos de chuva. E ao mesmo tempo de uma minoria entre elas: a de não ter medo de amar. Porque o amor parte de atos solitários em direção à felicidade, sendo complementado pela natureza humana. Isso não suporta o medo de ser livre. Ela, tinha coragem de liberdade. O fato narrado não foi o determinante, e sim apenas um dentre tantos exemplos. Exemplo de que ela não tinha medo de amar. Então pode viver outros tipos de êxtase, diferentes de orgasmos. Mas o que ela ainda não sabia, é que ela estava pronta para ser amada. Também nos dias de sol...

sábado, 20 de outubro de 2012

Declamar é Viver


 HEIDEGGER 
 por  
 Abujamra 



Asas & Ícaros



 "ORANGE SKY" 
 Alexi Murdoch 


 "Céu Alaranjado" 

 Bem, eu tive um sonho / Eu estava embaixo de um céu alaranjado / Sim,eu tive um sonho 
 Eu estava embaixo de um céu alaranjado / Com meu irmão por perto (x2) 
 Eu disse: Irmão, você sabe, você sabe / É uma longa estrada na qual estamos caminhando 
 Irmão, você sabe que é, você sabe que é / Uma longa estrada na qual estamos caminhando 
 E eu tive um sonho / Eu estava embaixo de um céu alaranjado 
 Com minha irmã por perto (x2) 
 Eu disse: Irmã, aqui está o que eu sei agora / Aqui está o que eu sei agora 
 É mais ou menos assim... / Minha salvação está no seu amor (x3) / No seu amor.. 
 Mas você sabe, irmã, eu estou tão cansado / E você sabe, Irmã / Meu coração está partido 
 Às vezes, às vezes / Minha mente é forte demais pra continuar / Muito forte pra continuar 
 Quando eu estou sozinho / Quando eu tiro o peso dessa pedra louca 
 Quando eu perdi todo o cuidado pelas coisas que eu tenho / É quando eu sinto a sua falta (3x) 
 Você é o meu lar (2x) / E aqui está o que eu sei agora... / Minha salvação é o seu amor... 
 No seu amor / Bem, eu tive um sonho / Eu estava sob um céu alaranjado
 Sim, eu tive um sonho / Com meu irmão e minha irmã por perto... 


COVER com CAVIAR


 “Ultimamente, 
 a coisa se tornou mais complexa, 
 porque as instituições tradicionais estão perdendo 
 todo o seu poder de controle e de doutrina. 
 A escola não ensina, 
 a igreja não catequiza, 
 os partidos não politizam. 
 O que opera, 
 é um monstruoso sistema de comunicação de massa, 
 impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, 
 aproximando mais a marginalidade dessas populações.” 
 DARCY RIBEIRO 


 “Queremos Saber” 
 -  Gilberto Gil  - 
 por Cássia Eller 




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

BANDAS de GARAGEM - Tributo a BOB DYLAN


 "Emancipação, 
 se cria aquele espaço em que ele sobrevive por ele mesmo, 
 libertação se plasma teu projeto de vida, 
 decide o que vai ser, aprende uma profissão, arruma a casa, 
 e isso é um processo que vai junto com a educação, 
 com nova consciência." 
 LEONARDO  BOFF 


 "I Shall Be Released" 
 cover by Lera Lynn 



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

COVER MUSICAL WORLD


 ''A NEVER FOUND THE TIME" 
 America 
 by Podline 66 



 "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, 
 que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, 
 que nos levam sempre aos mesmos lugares. 
 É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, 
 teremos ficado, para sempre, 
 à margem de nós mesmos." 
 -  FERNANDO PESSOA  - 


Alforria - POESIA em Mi


 Alberto Caeiro 

 (Fernando Pessoa) 

 "E há Poetas que são Artistas" 



 E há poetas que são artistas 
 E trabalham nos seus versos 
 Como um carpinteiro nas tábuas!... 
 Que triste não saber florir! 
 Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro 
 E ver se está bem, e tirar se não está!... 
 Quando a única casa artística é a Terra toda 
 Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma. 
 Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira, 
 E olho para as flores e sorrio... 
 Não sei se elas me compreendem 
 Nem sei eu as compreendo a elas, 
 Mas sei que a verdade está nelas e em mim 
 E na nossa comum divindade 
 De nos deixarmos ir e viver pela Terra  

 E levar ao solo pelas Estações contentes 
 E deixar que o vento cante para adormecermos 
 E não termos sonhos no nosso sono .



Declamar é Viver



de Carlos Drummond de Andrade

"Amar"

por Paulo José



@nonimous - Anne Legras



 "LORD IS IT MINE" 
 ROGER HODGSON / SUPERTRAMP 
 BY 
 Anne Legras 




 ...Se eu pudesse pelo menos achar um jeito 
 de sentir sua doçura durante o dia 
 O amor que brilha ao redor de mim poderia ser meu...