quinta-feira, 5 de março de 2015

OPINIÃO na Terra do Pinhão









Não quero saber dos filmes de amor. São duplamente falsos. Primeiro porque são filmes. E depois porque tentam ser amor. Fossem realidade, não seriam filmes. Fossem amor, não seriam ilusão. Porque não há na face do mundo, duas pessoas que se gostem por igual. Filmes, são ilusão. Uma falsa representação de uma realidade que não existe. Então os filmes de amor não passam de simples filmes de amor, ou seja, de uma dupla ficção. Há pessoas que necessitam viver ficções, diante da ausência de realidade, no caso, afetiva. Estas, são os adoradores dos filmes de amor. Como não têm paciência para assistir os filmes inteiros, valem-se das novelas. Novelas são filmes de amor homeopáticos, em dose fracionada, de acesso e consumo ainda mais fácil, com lágrimas mais próximas do tempo. Mas tudo aquilo que é fácil, é simples, vulgar, banal e obsoleto. Difícil é ver uma realidade sentimental recíproca, qualitativa e quantitativamente. Tão difícil que, quando descobrimos, nos parece à primeira vista ser outra ficção simples, vulgar, banal e obsoleta. Isso porque os amantes estampam na cara suas disparidades emocionais. Mas ainda assim se conduzem, trôpegos pelos dias, mornos pelas tardes e silenciosos à noite. Por isso à noite passam novelas e filmes sobre amor. Pessoas precisam assistir o que não vivem. Passam a acreditar nas ilusões das estórias dos filmes e das novelas. Só porque elas, as pessoas, não têm condições de criar sua própria realidade, sem importar as razões disso. Onde um simples, vulgar, banal e obsoleto gostar transforma-se em amor, num bom passe de mágica barato. As pessoas desistiram, na verdade, de serem os seus próprios alquimistas, migrando e adotando emoções alheias, ora com sucesso fantasioso, ora relativo, na maioria das vezes com fracasso, nunca absoluto. Por isso não quero saber de amor, nem de filmes. Pois todo falso amor é trôpego, morno e silente. Do amor verdadeiro, eu não posso falar. Só pode falar dele quem não precisa assistir novelas, nem filmes de amor. Eu, não preciso. Mas eu, não amo. E se um dia alguém me amasse, eu escreveria uma realidade. Eu, que só amo as não ficções. Não ficções, são estórias que não envolvem o fator possibilidade. Nem sim, nem não. São apenas estórias e seus sentimentos. Sentimentos sem roteiro, script, textos, cenário nem iluminação, muito menos representação de papeis. Por tudo isso eu não amo. Jamais me submeteria ao crivo do mundo racional... 


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