“E
a massagista naquele pseudo programa estava nacionalmente bela. A lingerie
verde de mata, seus cabelos cacheados de ouro e olhos azuis de céu. Pena
o corrimento branco em seus lábios menores, desfraldando uma desordem social
e meu imoral retrocesso..”
“Como
pode a poesia pura
Conter
tanta indignação,
Se
esta é tomada de imundícies?
Pode
O
saneamento básico é fundamental
Para
a saúde dos poetas...”
“Cheiro
de chuva
Barulho
de gotas
Corpo
molhando...
Mas
sem descobrir de onde vem
Se
de lá do céu (social)
Ou
se daqui do meu cio (eremita)...”
“Teus
seios pequenos
Minha
boca grande
Tua
boca pequena..
Mamei
até dois meses
Tu
mamas em meu falo
E
nós dois nem temos leite...
Não queremos leite
Queremos do outro aquilo que nunca teremos...”
“Uma
bunda que ficou na história
O
ânus na memória
Oh
glória,
Que
era a tua geografia
Eu
pensando que amaria
Mas
era só putaria...”
“A
chaleira no escuro apita
É hora do café da puta
Acorda depois das horas
Nunca dorme porque falece
A puta pula as tardes
Acende-se na madrugada de neon
Resolve-se a ausência de luz
Cresce no breu o pau
É hora do leite da puta.”
“Vá livre, mulher
Ser a mentira que lhe contam
Ser o objeto que lhe usam
Ser a puta que não lhe pagam
E todo o restante que não lhe fiz
sonhar..."
“Tua
vulva
Meu
paladar
Serve-me
o gozo
Que
eu sorvo-te o prazer
Assim
nos alimentamos bem
E
deixamos as refeições para as horas de almoço e jantar..”
“Meu
terno não esconde em tua presença
A
rigidez fálica do meu desejo
Preciso
me sentar ao largo em calmaria
Para
que ninguém reconheça
Que
minha vontade está bem além das minhas aparências...”
“Tuas
coxas molhadas
Enganam
teu gozo incompleto
Que
eu queria tanto
Poder
concluir-te feliz..
Não consigo
Pois os caminhos que levam ao orgasmo
São tão curtos quanto a noção contemporânea do prazer...”
“Seus
mamilos estão como os mudos
Eles
não dizem o que estão sentindo
Apenas
mostram o que gostariam de dizer...”
“Sexo
Arma
branca
Perfurando
corpos
Sangue
germinativo
Liquefeito extrato daquilo que não conseguimos amar..”
“Dá-me
tua língua
Que
eu bebo tua saliva
Até
um dia sentir o gosto
Do
que tu tens realmente para nos justificar..”
“Eu
dirigindo,
E
tua mão entra pela minha calça
Boca
que se aproxima..
Paro
no mercado e você desce
Vou
fazer um café
Porque
temos que comprar leite...”
“A
polpa digital da falange distal,
Do
dedo médio da sua mão direita
Tem
a mesma tez da sua língua..
Como
é bonito lhe saber ativa...”
“Minha
sina,
As
mulheres indiferentes..
Ignoram
a minha loucura
Pelo
medo de gozarem a sua..
E
do alto risco de pedirem mais...”
“Saudade
do teu corpo, nosso
Lembro-te
nua de bruços sobre a cama nacional
Curvas,
tais a serra do mar..
Eu
era feliz de trilhá-la a pau Brasil
Até
chegar ao delta de teu gozo varonil...”
“Não
faz de mim outro cometa
A
riscar tua trajetória obtusa
Pois
não faço querer só buceta
De
quem é digna de ser minha musa...”
“Chega
de polacas
Basta
de cabelos encaracolados
Desisti
dos seios grandes
Cansei
das mimadas
Adeus
às indiferentes
Não
quero mais jornalistas..
Será
que existe alguma morena de cabelos lisos
Com
seios pequenos, corajosa
Ativa
e com apenas curso técnico?
Ou
meu destino é ser sozinho
Acompanhado
apenas dos meus pobres requisitos...”
“Tomo
banho de pernas abertas
Membro,
pêndulo afastado para observar
Evitando
pisar nas palavras que se vão pelo ralo
Belas
poesias que se afogam ao nascer
Em
meu chuveiro mortandade,
Onde
as velas não acendem
Pois
sou eu o próprio sentinela,
Um
asseado vigia de minha ausência temporal...”
“O
poeta é um sujeito sui generis. Brinca com a morte a todo instante, às vezes
briga com ela, mas noutras lhe acaricia intimamente. Poetas fazem
com a morte o que deveriam fazer com quem eles não têm ao seu lado...”
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