'E de repente ele se transformou no Super-Homem.
Fez jus a um de seus tantos poderes, e lançou-se no ar. Foi tão rápido para o
alto, até o ponto motriz da órbita do planeta, de onde começou a percorrê-la no
sentido contrário. Velocidade vinda da força de um semideus. Pronto, a terra
girava em rotação oposta, o tempo estava voltando no espaço como ele queria. Foi
até o dia do primeiro encontro deles, duas horas antes do horário marcado.
Ligou para ela, desmarcando, foi o suficiente. Assim, evitou tudo o que tinha
acontecido depois daquilo, todo aquele desencontro relacional,
incompatibilidades, desesperança. Missão cumprida, voltou à órbita, mas não foi para o dia em
que partiu, acelerou o voo fazendo o globo girar no sentido certo, e mais rápido ainda em direção ao futuro, chegando um ano depois deste dia, do fim do relacionamento. Quando viu, eles estavam juntos.
Ou seja, não aproveitou tudo o que era para eles viverem,,,reconstruírem...saberem juntos. Agora, ele há de voltar para a vida comum, sem poderes para fazer as transformações individualmente necessárias. Essa volta, será muito mais difícil do que aquela fuga ao redor da vida, para longe do presente. Porque ele precisará ser demasiadamente humano para ser capaz de reconhecê-lo a ponto de provocar a transformação certa. Depois de todos esses fins, ele concluiu que todos os seus relacionamentos, não passaram de tentativas. Tentativas mortais, realizadas por alguém que era apenas um homem, sem capa, botas ou símbolo que o pudesse sobrenaturalizar. Mesmo que ele não acreditasse que a verdadeira história das pessoas, coubesse em quadrinhos. A história até cabe, mas não há lugar para o seu sentimento. Nem nos quadrinhos, nem nas praças, nos restaurantes ou nos aviões. Foram cinco décadas, para ele ter consciência de que sua companheira é mesmo a solidão. O resto, não passa daquelas tentativas mortais, fatais e sempre, mas sempre ficções. Tal qual a imaginação de mudar as coordenadas da vida, da terra ou dos relacionamentos afetivos: não se brinca com a natureza, investida no curso natural das coisas. Infelizmente, não há apenas órfãos de pai e mãe: há também, órfãos de tempo e espaço.'
"Superman"
Five For Fighthing
cover by Boyce Avenue
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