sábado, 21 de fevereiro de 2015

CÍTIO de Zenão



 SOCIOSOFANDO 
Por quem vivemos? Não se pode crer que seja apenas por nós mesmos, deve haver mais alguém na lista, em nossa lista. A razão do viver, é coisa demasiadamente particularíssima, irrelevante para qualquer texto, seria desfilar egocentrismo. Devemos voltar nossa atenção para a primeira questão, até por uma causa ou tino social. Pergunto-me de novo, e não há brisa de resposta. Tentarei entrar no raciocínio pela janela temporal, lá nos fundos. Sim, nós vivemos pelos filhos. Mas isso é muito óbvio, cores primárias, matemática básica, alfabeto, hino nacional. Que esforço para se tentar ir além nessa descoberta. Pela família? Parentes do núcleo residencial e/ou distantes quem sabe. A obviedade continua sentada na sala, mas agora a dúvida bate na porta da garagem. Não, não falo pelas pessoas da família. Penso naqueles de outro sangue, que circundam nossa existência em aproximações e distanciamentos, como o universo em expansão. Então eu não fujo e jogo sobre a mesa a incógnita: vivemos por um amor? Mas qual amor? Alguém do passado? Mas este já passou e ainda continuamos vivos. Alguém do presente, decerto. Mesmo que reinem as conveniências, os interesses ou as carências de quem hoje está, em tese, acompanhado. Mas e se não há ninguém conosco e nem por isso nos sentimos mortos? Sobrou uma só alternativa: nós vivemos por alguém do amanhã. Uns esperam, outros correm atrás de alguém sempre indeterminado antecipando tempos. Quando acham, não acham uma pessoa determinada, é apenas um alguém qualquer. Quem procurava, não quis você, quis apenas outro alguém. Ou seja, não há encontro, prevalece o acaso forçado, em detrimento das coisas do destino. Muitos dos que já se consideram 'encontrados', ainda imaginam em silêncio sepulcral que poderiam ser mais felizes em outras relações. Amanhã...mas...vivemos hoje por alguém que ainda não conhecemos? Ou conhecemos e não convivemos? E o que dizer dos que não esperam e nem vão atrás, como eu? Há destino para gente assim? Não seria muita passividade, omissão ou algo desse gênero, manso feito crente? Já não há mais brisa, agora o vento sopra forte em direção norte. Eu não vivo por alguém do passado, nem deste presente sem ninguém. Eu vivo por alguém do futuro. Alguém que eu não sei, nada sei, por completo desconheço. Nem mesmo sei se virá. Mas eu vivo por ela. Ignoro até se ela é uma pessoa. Entra nesse instante uma rajada de vento pela minha janela lateral, e eu respiro um pensamento estranho: agora, já penso que eu vivo é pela vida. Essa vida em que nos preparamos para o amanhã, traduz que já estamos no futuro. Ontem, não havia ninguém ao meu lado. Hoje, a vida está aqui em minha frente. Por isso eu não espero nem corro atrás. Aquela pergunta inicial, cabe somente àqueles que, afortunados e em extinção, amam reciprocamente. O resto, é Filosofia. Ainda bem. Ainda bem que eu sou reflexivo, pois tenho uma ponte que me mantém permanentemente conectado ao futuro: ela se chama Perspectiva.


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