sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Congresso das Poesias Vivas - "A Distância" segundo eles




“A distância 
Engravidou a saudade 
E não nasce ninguém...” 
- Marin Chêne 

“Não se tem ninguém ao longe 
Nem tem-se alguém quando perto 
Esse verbo ter 
É o filho bastardo do sentir...” 
- Henry Dernier 

“A distância 
É a mais relativa das convenções humanas 
Por transcender em sentidos àquilo que se considera proximidade..” 
- Diamond Fisher 

“Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas, nem a distância.
Está provado, pensado, verificado.
Aqui levanto solene
Minha estrofe de mil dedos,
E faço o juramento:
Amo
Firme, fiel,
E verdadeiramente.”  

“A verdadeira poesia mantém a mesma distância da insensibilidade e do sentimentalismo.” 

“Não é a distância que mede o afastamento." 

“A distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração." 

“Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro.” 

“Ainda que chova, ainda que doa. Ainda que a distância corroa as horas do dia e caia a noite sem estrelas, o mundo brilha um pouquinho mais a cada vez que você sorri." 

“A verdadeira afeição na longa ausência se prova.” 

“De longe te hei de amar 
- da tranquila distância 
em que o amor é saudade 
e o desejo, constância. 
Do divino lugar 
onde o bem da existência 
é ser eternidade 
e parecer ausência. 
Quem precisa explicar 
o momento e a fragrância 
da Rosa, que persuade 
sem nenhuma arrogância? 
E, no fundo do mar, 
a Estrela, sem violência, 
cumpre a sua verdade, 
alheia à transparência.”

“Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!” 

“Mas a convivência é feita também de silêncio, e distância.” 

“Cuidai amar uma pessoa, e ao fim vosso amor é um maço de cartas e fotografias no fundo de uma gaveta que se abre cada vez menos. Não ameis a distância, não ameis, não ameis!” 
- Rubem Brag

“Escuta! 
O que eu quero 
O que eu amo 
O que eu desejo em ti 
È teu calor animal… " 

“Feliz da distância 
Quando o longo caminho que os separa 
Não passa de uma trajetória circular..” 
- Eduardo Carval 



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O ILUSIONISTA



O amor - e eu bestialmente insisto em falar do que eu não conheço - é algo como um instituto, tem natureza de lei. Exige requisitos, pressupostos, um arcabouço de princípios que o permitam acontecer, revelar-se como fenômeno humano. Ao contrário das outras ciências, a dogmática do amor não guarda nenhuma autonomia, ao mesmo tempo em que não suporta interdisciplinaridade. Por isso, dada a peculiaridade de seu empirismo, ele é diuturnamente usurpado por pessoas que já banalizaram sua essência, já admoestaram sua especificidade, ou já ignoraram sua amplitude. Percebem-se no dia a dia, relações tentadas, por vezes fracassadas, deixando para serem saneadas no porvir, mesmo que não seja logo amanhã. Esquecem-se, de que até lá, acontecem os amanheceres, infelizmente sem conscientização do que isto representa. O que seria da nova manhã se ela trouxesse obscuridades noturnas ou então sombras da madrugada? Um céu com anteparos breus ofuscando o azul? Inimaginável? Será que a natureza não serve como escola para os alunos que nela estão, ainda que compulsoriamente? Bela analogia traz o Mestre, quando aponta tal semelhança espacial. Difícil acreditar que um novo relacionamento possa ter bom desenvolvimento, se ainda nele estão contidas as coisas do passado, das outras relações. Gente que não é livre, submete-se à nova experiência com intuito de que esta sirva como esquecimento. Não foram capazes de se desfazerem das lembranças sozinhos, partindo para uma busca frenética que os faça distante de algo que está indelevelmente dentro deles.  Por isso não são livres. Daí, quando encontram algum novo depositário de seus revezes sentimentais, passam a associar a nova relação às anteriores, eliminando toda e qualquer chance de dar certo. É o cruel extermínio de oportunidades. Seria crime, não fosse comum. De tanto, é apenas casualidade, obra embargada do destino incompetente. É como dar uma nova carona com o carro lotado, levar à festa sem convite, prometer o pão e não voltar, sorrir sem verdade. Coisas que vão aflorando no importantíssimo curso do tempo, minando o espaço, oprimindo corações e suprimindo mentes: dizimando amores possíveis. Até que a decadência chega ao fim, mesmo que tenha havido um começo elegante. É preciso mudar este panorama relacional, este mau hábito, esta tradição comportamental afastada da realidade, longe demais do ideal de companhia. Primeiro, as pessoas tem de se emancipar do seu passado. Deixar para trás memórias, frustrações, até mesmo bons momentos, toda e qualquer reminiscência, para que se possa começar de novo. Mas começar e não continuar, nem retomar ou outros verbos semelhantes. O passado é realmente um dos deuses mais feios. Ele volta à inconsciência tal qual uma tempestade sobre a lavoura, raios sobre os balneários, inundações nos caminhos urbanos: não se pode futurar, se o presente não é livre dele. Tal discernimento, é para poucos. Estes, são os que levam em sua consciência, uma coisa chamada esperança. Por sua vez, esta não está voltada para o querer alguém, e sim para a vontade de sentir paz. A paz, que só pode ser encontrada depois de amanhã. Porque amanhã, é dia de faxina no tempo, para liberar o espaço para alguém que possa inteligentemente compartilhar aquela outra coisa chamada amor...


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crônica Cotidiana 13




Dois convites, ninguém se habilitou. Foi sozinho, como se houvesse um lugar vago ao seu lado. Não, esqueça-se da disponibilidade: apenas não há lugar. Já nem ligava, tamanha a diferença entre seus valores e os dos seus. Uma fugida para a praia num fim de semana, uma exposição, um show musical antigo, esta palestra sobre a Terra...tudo era sempre descartável para os outros ao seu redor. “Paciência”, era uma de suas canções preferidas. Chegou cedo, comprou um livro do palestrante, recebeu dedicatória de punho autoral in loco. Pediu favor a uma moça que estava logo atrás na fila dos autógrafos, ela tirou a foto dele com a celebridade. Devolveu a ela a gentileza, não foi necessário, ela agradeceu. Sentou-se na quarta fileira, aguardou início. Aula de vida, de conhecimento, de reflexão ou indicativo de necessidade de. No final, a sessão de perguntas. Ele havia preparado a sua, pediu vez, mas o microfone foi para alguém que estava imediatamente atrás dele: ela, novamente. Ele nem percebera, não virou-se, só reconheceu pela voz, macia e aveludada, como se as palavras ditas tivessem tez, absurdo coloquial. Depois da resposta, ela lhe passou o falador sem fio na mão direita. Acabado tudo, no encerrar da aclamação ele foi embora com pressa para evitar o congestionamento dos carros na garoante saída. Esqueceu-se de parabenizá-la pela pergunta como ele tinha pensado. Quando chegou em casa, é que se lembrou: teria sido um equívoco, ou foi muito mais do que isso? Recordou-se que a tinha visto no saguão do anfiteatro momentos antes, e que não tinha reparado na moça. Uma beleza que surgiu e desapareceu feito clarão em tardinha de Saint Germain, ele ignorou, redirecionou olhares para outros pontos indefinidos: foi o olhar dele que se fez poente e se afastou dela, ela que ficou. Não havia sentido dizer-lhe aquilo, talvez soasse bom para ela, mas terminaria ali. Daquelas coisas que são fulminantemente princípio e fim, sem meios a vivenciar. Não chegou a ser uma oportunidade de conhecer alguém inteligente, dado o teor da pergunta que ela fez. Mas a questão não era ela: era ele. Viveu a vida inteira tendo de jogar fora as meras coincidências que lhe serviam de prato vazio. Atrás dele na fila e depois no auditório para trezentas pessoas: nada significava, ele já aprendera sobre as coisas do acaso. Tudo aquilo que ele tentara erigir sobre as tais casualidades, parecia castelos de areia: fim previsível, cujo tempo durava até a próxima onda. Então ele concluiu que havia amadurecido. Que no cotidiano não existem chances. Que os caminhos não se cruzam quando há predomínio do paralelismo ou das divergências, próprias à sua sina essencialmente cartesiana. Ele poderia ter conversado com ela até a porta do teatro, talvez fizesse bem para os dois. E dali para fora, a morte de mais uma não relação. Perdeu a conta de quantas situações semelhantes já velou, agora não era mais preciso lembrar. A frieza que se instalou em seu peito, permite hoje levar isso com galhardia. Ele possui uma cicatriz interna, ontem ele viu o tamanho. A proporção, a dimensão e a importância desta escara relacional. Tal marca, se formou num tecido demasiadamente especificado: seu tecido emocional. Podem voar mundos, morrer astros, sua inspiração jamais mudaria. Uma inspiração silenciosa, muda, unilateral e todos os demais adjetivos isolantes que caibam no quarto da não reciprocidade, fato diametralmente oposto à comunicabilidade da natureza daquele evento. Nem por isso deixava de existir, de inspirar-se. A morena da palestra, passou desconhecida. Ele não precisa de companhia alguma. Luis Renato tinha elegido Débora para sempre como zênite em seu lírico dossel. O deus do fogo marcara com precisão o desenho daquele sinal dentro de seu organismo, como símbolo da mais elegante dentre as suas coincidências, a sua mais importante viagem de ventania. Ele compreendeu com sabedoria o sentido dos ventos. O perfume se foi, mas a flor ficou na memória. Memória, o seu complexo e emocionante órgão de tecidos especializados...



terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Navegando em Continentes








Certas Canções que eu amo


 "Ótima" 
 Troy Rossilho 

Quando já não sou sua
Convulso a ideia de que estou avulsa
Quebro louça
Vasculho a bolsa
No impulso de cortar os pulsos
Gótica, me trancar no quarto escuro
Escondo a cara kamikaze atrás do blush
E de uma dose relaxante
Quase me dopo
Foi mal...
Se misturei formol e frontal
No copo é que senti meu corpo sem sal
Meu signo no horóscopo do jornal
Aí acontece de eu acordar ótima
Preciso cortar os cabelos
Comprar mais um creme amarelo
Retomar a semiótica
Uma dieta de atleta
Um protótipo uma meta
Uma nova ótica
Uma outra ética
Porque hoje estou ótima
Uma vítima úmida e completa
A última a saber que precisa de afeto
Melhor deixar os chocolates por perto
Porque hoje estou ótima
Quem sabe ele me arranca a blusa 
Me abusa e nunca mais me acusa de eu estar bem 
Ótima.. 

QUADRIEDRO




domingo, 22 de fevereiro de 2015

TRIEDROS




Congresso das Poesias Vivas - "Escrever" segundo eles



“Escrever 
 É plantar sem jardim 
 Regar sem água 
 Iluminar sem sol.. 
 Escrever, 
 É perpetuar a espécie 
 Uma espécie em extinção: 
 Os menestréis sem estrada...” 
 - Marin Chêne 

“Já que eu não posso te amar 
 Escrevo-te 
 Abraçando em palavras 
 Um beijo a cada linha 
 E o clímax ao fim do texto.. 
 Se eu não escrevesse 
 Eu não regozijaria tudo isso que eu posso de ti...” 
 - Henry Dernier 

“Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas  para justificar o que escrevi.” 

“Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor,  mas não tem poder.” 

“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem  importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.” 

“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma  impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.” 

“Escrever é ter a companhia do outro de nós que escreve.” 

“Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial.” 

“Não se pode escrever nada com indiferença.” 

“Escrever é um ócio muito trabalhoso.” 

“Escrevo-vos uma longa carta porque não tenho tempo de a escrever breve.” 
 - Voltaire 

“Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você  coloca ideias.” 

“A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.” 

“Para escrever bem deve haver uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida.” 

“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens.  Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não  fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.” 

“Eu vivo à espera de inspiração com uma avidez que não dá descanso. Cheguei mesmo à conclusão  de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que amor.” 

“Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um  vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das  palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra  lançada no fundo do poço.” 

“Outras palavras 
 De outras bocas 
 Afastaram-te do meu dossel.. 
 Mas ele resiste a tudo 
 Porque somente ele é fiel, 
 À minha verdade que sustenta e protege, 
 As nossas eternas e doces palavras, 
 Inspiradas em algo imaculável: 
 O não sei quê que pari por ti.” 
 - Eduardo Carval 



sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aleatorius


Tarde de sábado, pós-carnaval. Os casais brasileiros. Eles ainda estão na praia. Ou eles já vieram e foram ao cinema. Pegaram as crianças e estão na casa da avó. Num pesque-pague, descansando sob as réstias de sol teimoso. Churrasco na chácara dos amigos. Compras no shopping, na loja de materiais de construção, no hipermercado ou na padaria do bairro. Voltinha no calçadão, na praça e na vizinhança. Assistindo um DVD lançamento no home theater. Ou então inovaram, e foram passar o dia num motel da região, bem afastado do que eles são na cidade. Uma exposição qualquer, num museu imponente. Enfim, eles estão por aí, os casais. Apaixonados ou não, amados ou não, imaturos, frescos ou amadurecidos: juntos. É de se confessar que é bonito ver as uniões caminhando lado a lado, rosto com rosto, corpo e corpo, mente mais mente. Quem dera sintam o que parecem demonstrar. Nós, hoje não saímos de casa. Combinei com minha parceira de ficarmos aqui, juntinhos depois do almoço, no sofá, na cama e no banho. Ela me embala, acaricia e conforta. Ela vem, invade e arde. Queima e encoraja. Minha doce companheira, agradeço-lhe de coração pelo seu colo permanente. Um beijo carinhoso em você, Música. Porque é você o meu verdadeiro amor.


 "Esquecimento" 
 SKANK 





RECADOS de Ypacarai



CÍTIO de Zenão



 SOCIOSOFANDO 
Por quem vivemos? Não se pode crer que seja apenas por nós mesmos, deve haver mais alguém na lista, em nossa lista. A razão do viver, é coisa demasiadamente particularíssima, irrelevante para qualquer texto, seria desfilar egocentrismo. Devemos voltar nossa atenção para a primeira questão, até por uma causa ou tino social. Pergunto-me de novo, e não há brisa de resposta. Tentarei entrar no raciocínio pela janela temporal, lá nos fundos. Sim, nós vivemos pelos filhos. Mas isso é muito óbvio, cores primárias, matemática básica, alfabeto, hino nacional. Que esforço para se tentar ir além nessa descoberta. Pela família? Parentes do núcleo residencial e/ou distantes quem sabe. A obviedade continua sentada na sala, mas agora a dúvida bate na porta da garagem. Não, não falo pelas pessoas da família. Penso naqueles de outro sangue, que circundam nossa existência em aproximações e distanciamentos, como o universo em expansão. Então eu não fujo e jogo sobre a mesa a incógnita: vivemos por um amor? Mas qual amor? Alguém do passado? Mas este já passou e ainda continuamos vivos. Alguém do presente, decerto. Mesmo que reinem as conveniências, os interesses ou as carências de quem hoje está, em tese, acompanhado. Mas e se não há ninguém conosco e nem por isso nos sentimos mortos? Sobrou uma só alternativa: nós vivemos por alguém do amanhã. Uns esperam, outros correm atrás de alguém sempre indeterminado antecipando tempos. Quando acham, não acham uma pessoa determinada, é apenas um alguém qualquer. Quem procurava, não quis você, quis apenas outro alguém. Ou seja, não há encontro, prevalece o acaso forçado, em detrimento das coisas do destino. Muitos dos que já se consideram 'encontrados', ainda imaginam em silêncio sepulcral que poderiam ser mais felizes em outras relações. Amanhã...mas...vivemos hoje por alguém que ainda não conhecemos? Ou conhecemos e não convivemos? E o que dizer dos que não esperam e nem vão atrás, como eu? Há destino para gente assim? Não seria muita passividade, omissão ou algo desse gênero, manso feito crente? Já não há mais brisa, agora o vento sopra forte em direção norte. Eu não vivo por alguém do passado, nem deste presente sem ninguém. Eu vivo por alguém do futuro. Alguém que eu não sei, nada sei, por completo desconheço. Nem mesmo sei se virá. Mas eu vivo por ela. Ignoro até se ela é uma pessoa. Entra nesse instante uma rajada de vento pela minha janela lateral, e eu respiro um pensamento estranho: agora, já penso que eu vivo é pela vida. Essa vida em que nos preparamos para o amanhã, traduz que já estamos no futuro. Ontem, não havia ninguém ao meu lado. Hoje, a vida está aqui em minha frente. Por isso eu não espero nem corro atrás. Aquela pergunta inicial, cabe somente àqueles que, afortunados e em extinção, amam reciprocamente. O resto, é Filosofia. Ainda bem. Ainda bem que eu sou reflexivo, pois tenho uma ponte que me mantém permanentemente conectado ao futuro: ela se chama Perspectiva.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

phOTOCALIGRAfIA







QUADROPHENIA


 'Retomei o caminho da poesia 
 Que saudade do perfume das minhas flores 
 Da tez das minhas cores 
 Onde rego as minhas dores.. 
 Que saudade do meu jardim 
 Peço desculpas a este meu lugar 
 Por ter me aventurado em casa de ninguém, 
 Espaço sem letras, 
 Que eu pudesse plantar...' 


 "Johnny's Garden" - Stephen Stills  

 covers by: 


 LARRY L 

 FRIDAY NIGHT LULLABY

 JESSE AYCOCK & ...

 MANASSAS / CSNY



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Sessão Sem Formato


'E de repente ele se transformou no Super-Homem. Fez jus a um de seus tantos poderes, e lançou-se no ar. Foi tão rápido para o alto, até o ponto motriz da órbita do planeta, de onde começou a percorrê-la no sentido contrário. Velocidade vinda da força de um semideus. Pronto, a terra girava em rotação oposta, o tempo estava voltando no espaço como ele queria. Foi até o dia do primeiro encontro deles, duas horas antes do horário marcado. Ligou para ela, desmarcando, foi o suficiente. Assim, evitou tudo o que tinha acontecido depois daquilo, todo aquele desencontro relacional, incompatibilidades, desesperança. Missão cumprida, voltou à órbita, mas não foi para o dia em que partiu, acelerou o voo fazendo o globo girar no sentido certo, e mais rápido ainda em direção ao futuro, chegando um ano depois deste dia, do fim do relacionamento. Quando viu, eles estavam juntos. Ou seja, não aproveitou tudo o que era para eles viverem,,,reconstruírem...saberem juntos. Agora, ele há de voltar para a vida comum, sem poderes para fazer as transformações individualmente necessárias. Essa volta, será muito mais difícil do que aquela fuga ao redor da vida, para longe do presente. Porque ele precisará ser demasiadamente humano para ser capaz de reconhecê-lo a ponto de provocar a transformação certa. Depois de todos esses fins, ele concluiu que todos os seus relacionamentos, não passaram de tentativas. Tentativas mortais, realizadas por alguém que era apenas um homem, sem capa, botas ou símbolo que o pudesse sobrenaturalizar. Mesmo que ele não acreditasse que a verdadeira história das pessoas, coubesse em quadrinhos. A história até cabe, mas não há lugar para o seu sentimento. Nem nos quadrinhos, nem nas praças, nos restaurantes ou nos aviões. Foram cinco décadas, para ele ter consciência de que sua companheira é mesmo a solidão. O resto, não passa daquelas tentativas mortais, fatais e sempre, mas sempre ficções. Tal qual a imaginação de mudar as coordenadas da vida, da terra ou dos relacionamentos afetivos: não se brinca com a natureza, investida no curso natural das coisas. Infelizmente, não há apenas órfãos de pai e mãe: há também, órfãos de tempo e espaço.'  


 "Superman" 
 Five For Fighthing 
 cover by Boyce Avenue