terça-feira, 3 de outubro de 2017

WhatsUpp












Meus amigos, eles não são estórias. Quase não nos vemos mais. Mas eles surgem, de vez em quando. Demonstram alegria nas redes sociais, mais ainda nos grupos fechados. Entretenimento, entre aspas, explícito, assim por dizer. O que sei, é que é mundo digital, virtual, artificial, até porque não deixa de estar no mundo, é um recente paralelo no qual talvez possamos falar que vivemos. Então, eles aparentam felicidade. Esposa, filhos, lar, profissão, cidade, país; não falam do estado. Tudo parece estar bem para eles, não reclamam nada nesse sentido. E se manifestam. Compartilham tais 'humores'. A maioria, tem a ver com sexo. Meus amigos, adoram mulheres siliconadas, eles tiram sarro de mim, que não gosto disso. Mandam vídeos, sabem que nem abro. Todos os dias, toda manhã, parecem Pinduca na estação a esperar o trem que nunca parou. Filminhos rápidos com mulheres objeto, parecem modernas bonecas de plástico, sendo penetradas por garanhões bem dotados, sempre assim. Acho esquisito, não só pelo tamanho dos caras, mas principalmente pela posição que colocam as mulheres nessas relações sexuais com roteiro Boca do Lixo. Todas submissas, subjugadas, passivamente sucumbindo à força e aguardando a ejaculação patriarcal, o trunfo. Não sei o que é pior, que se passa com meus amigos. Se é inveja dos avantajados ou se é machismo não velado; adoração fálica, será? Será que eles se veem naqueles atos? Será que se excitam com transas mostradas numa tela do tamanho da palma da mão? Será que aquilo lhes faz algum tipo de bem? Sem conotação moral alguma, eu pergunto orgânica ou psicologicamente, como é que pode alguém ficar estimulado com isso. Pergunto nada, eu mesmo respondo. Penso que eles não são felizes de alguma outra forma, além de sexualmente. Fazem das redes, uma espécie de compensação, uma fugidinha da realidade, um querer ser e autoafirmação. Os casais, é natural diminuírem a frequência de relações sexuais, todos sabem. Mas dali para um smartphone, é algo bizarro. A modernidade tardia parece mesmo concentrar tudo, agora na casa online. Se você estiver sem sinal, ou offline, você está fora do mundo, desligado, incapaz de agir. Esquecem-se que a vida na palma da mão também é a vida na ponta dos dedos: superficial, virtual. Foram-se as vozes, os toques, os olhares e os perfumes. Enquanto meus amigos passam as horas de folga a compartilhar imagens, eu permaneço deslocado desse mundo deles, quase um marginal, um careta, retrógrado, ultrapassado pelo tempo. Mas não me considero melhor nem pior que eles, apenas estranho ao seu hobbie, quiçá este uma dependência psíquica. A maioria deles, não percebe as curvas do caminho, tampouco as paisagens. Paisagens, são panorâmicas imagens. Elas são exclusivamente presenciais, portanto reais. Esses meus amigos têm medo & preconceito do exame de próstata, nunca fizeram. Esses meus amigos, pobres amigos, ah se soubessem o que eu sei... 



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