domingo, 15 de maio de 2016

Um Homem no Espelho


 A escara do tempo. 
 Algumas décadas de hemostasia, colágeno em exercício. 
 Sobre a pele, marcas do que não se foi, ao redor do mesmo olhar de sempre. 
 Ele em fase de depuração ampla, geral e irrestrita, anistiando a si mesmo. 
 Jogou todas as culpas fora, ficou tão leve quanto pensamentos de algodão. 
 Um processo delicado, 
 envolvendo procedimentos de várias naturezas artificiosas que rondam a humana. 
 Papel de todos, alguns chamam isso de dever. 
 O grão-mistério, é saber colocar em prática tal aprendizado, 
 sem que o tempo se faça de corrente, obstáculo. 
 Ele decidiu, foi e não mais voltou. 
 Tem algumas coisas em seu bagageiro. 
 Retratos do passado, instrumentos do presente e absolutamente nada para o futuro. 
 Pretende construir lá, as coisas novas que imaginou aqui. 
 Sorriso escondido atrás do desamor, fazia aparecer só a metade quando se iludia. 
 A ilusão é uma infância prolongada, ele concluiu uma vez. 
 Só mesmo os ingênuos acreditam na felicidade plena. 
 Pois se fosse plena, eles nem precisariam acreditar, ou ter referenciais de fé. 
 Um arco-reflexo, indicava reconhecimento de saúde. 
 Veículo apropriado para fazer da próxima segunda-feira, um anteparo humano. 
 Chega de vidros de areia, castelos de areia, mulheres de areia. 
 Ele quer é andar sobre a areia. 
 Andar descalço. 
 E se ainda houver um rastro de pegadas femininas pelo caminho, que ele não vá atrás. 
 Que ele continue fazendo daquele sentido, o seu caminho interno, um destino bem cumprido. 
 Ele nunca foi dado a espelhos. 
 Sempre houveram vazios ao redor de sua imagem. 
 Estefano não precisa ver para crer: 
 ele nunca deixou de sentir isso... 





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