Um coração metropolitano. Pulsa, com ligeira disritmia,
só porque a vida é uma grande chance. Despertar às cinco horas e trinta minutos
da manhã, sem aviso, para começar um novo dia velho. Mas quando saio lá fora,
percebo que a neblina toma conta da cidade, através de dois órgãos dos
sentidos. O estômago vazio ferve a pouca bile que contém. Um cheiro
inexplicável de enxofre, misturado com amônia, invade os organismos de
convivência matutina. Uns, ignoram pelo hábito. Eu, revolto-me comigo mesmo. Um
município desse porte, sucumbe à névoa cortina que deita sobre a terra de
cimento, fazendo circular gases inodoros como se estivéssemos inalando uma coluna
inteira da tabela periódica dos elementos, sem nobreza alguma. A química do
homem, deteriorando seu físico. Não adianta abrir as janelas, o odor já se
instalou na mente. Os pulmões resistem mais do que o coração, trabalhando
arduamente para assimilar toda essa chuva ácida em forma nebulosa. Precipita
sim, até sobre nossas consciências. Uma poluição que afeta o futuro. Enquanto
meu amor virou inodoro, a podridão dos homens públicos aquece a degradação
da democracia, sublimando as esperanças, numa atípica reação química onde o
soluto somos nós, o povo. O povo, do lado de fora da própria sociedade...
Diametralmente oposta a qualquer ordenamento jurídico, DESUNIÃO ESTÁVEL é uma imaginária relação multiafetiva ousada entre a Poesia e a Música. Como esses valores estão em declínio nos dias pós-modernos, decidi promover impulsos de acasalamento sentimental entre ambas, com a substancialidade e a emoção que brota dessas duas formas de expressividade dos sujeitos na sociedade civil, ou seja, nascentes da natureza humana. Aos amantes, as cortesias da Casa.
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