segunda-feira, 11 de maio de 2015

Circo Poetry

 Oi, Poesia 
 Que bom que você voltou 
 Saudade que estava, 
 Do meu lado escuro 
 Minha outra face 
 Que sustenta meu aparente viver... 
     Poetas não precisam da Lua 
     Todos os astros estão com eles 
     Porque os Poetas,  
     São apenas visitantes na Terra... 


 Os despertadores vão gritar 
 Acordaremos no susto 
 Começando o dia com medo 
 Medo de não vivê-lo 
 Medo de não viver.. 
 Apesar da coragem, 
 Em reconhecer que não há medo 
 Apenas uma pequena vontade 
 De ser parecido com o ser humano normal...  


 Nos estômagos das segundas-feiras 
 Azias devidas aos fins de semana 
 Alimentos equivocados 
 Preenchendo o vazio de quem não ama... 
     Corações fechados 
     Bocas se abrindo 
     Órgãos desencontrados 
     Na multidão de um corpo só... 


 Ai que saudade eu tenho de Natal 
 Na praia do Sonho Verde 
 Apenas vinte e dois anos 
 E já encontrei a Solidão 
 Companhia que jamais me deixou... 
     Preciso voltar lá, sozinho 
     Para comemorarmos novas bodas...  


 A família sem passado 
 Tenta em vão reunir presente 
 Todos à mesa 
 Olho para baixo e não há chão 
 Olho para cima e não tem céu 
 Toda paisagem, 
 Precisa de cores 
     Família, 
     É a única coisa que tem no passado, 
     As suas cores primárias 
     Uma vez desprezado, 
     O que há depois são cinzas 
     E nada mais, 
     Do que inúteis sopros em preto e branco... 


 O monstro do seu poço mais fundo 
 Está do lado de fora, 
 Impedindo-lhe de mergulhar... 


 Quero um corpo 
 Para uma meia-noite 
 O sexo inteiro 
 Em silêncio ausente 
 Mea culpa  
 Por eu não ter sabido amar... 


 A faxina 
 Pó que se vai 
 Sujeira que não fica 
 Tralhas fora.. 
 O banho 
 E eu nu, 
 Apenas com as palavras que não me deixam... 
     Lavei letras 
     Enxuguei frases 
     Poli parágrafos 
     E a casa toda fica 
     Com aroma de jaz em mim... 


 Como pode 
 Minha maior riqueza, 
 Ser tão densa e leve ao mesmo tempo 
 Pois sempre que vou embora 
 Não faço o mínimo esforço para levá-la junto... 
     Já sei: 
     Ninguém a reconhece 
     É riqueza só para mim 
     O peso, vem do mundo 
     Minha natureza, também é leve... 


 Um dia eu vou fugir 
 Fugir do meu nome, meu endereço 
 Das minhas relações, tudo.. 
 Desapego absoluto 
 Para que eu possa relativizar a minha solidão.. 
     Quem sabe assim 
     Olhando de lá 
     Poderei saber se ela, a solidão 
     Vista de fora é bonita também... 


 Os corpos dos outros 
 Que não o nosso 
 São apenas veículos 
 Que não levam a lugar nenhum 
 Pois aquilo que nos conduz 
 Nós jamais saberemos o que seja 
     Isso que chamam de alma 
     Tem natureza passageira 
     Tantas que passaram por aqui 
     E nenhuma fez de mim o seu lugar... 


 O frio do outono 
 Visita o frio da solidão 
 Que tenho de convidar os chás 
 Os cafés e os leites paranaenses 
 Para amenizar a força do clima 
 Neste planalto citadino e descampado do meu peito vazio... 


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