Oi, Poesia
Que bom que você voltou
Saudade que estava,
Do meu lado escuro
Minha outra face
Que sustenta meu aparente viver...
Poetas não precisam da Lua
Todos os astros estão com eles
Porque os Poetas,
São apenas visitantes na Terra...
Os despertadores vão gritar
Acordaremos no susto
Começando o dia com medo
Medo de não vivê-lo
Medo de não viver..
Apesar da coragem,
Em reconhecer que não há medo
Apenas uma pequena vontade
De ser parecido com o ser humano normal...
Nos estômagos das segundas-feiras
Azias devidas aos fins de semana
Alimentos equivocados
Preenchendo o vazio de quem não ama...
Corações fechados
Bocas se abrindo
Órgãos desencontrados
Na multidão de um corpo só...
Ai que saudade eu tenho de Natal
Na praia do Sonho Verde
Apenas vinte e dois anos
E já encontrei a Solidão
Companhia que jamais me deixou...
Preciso voltar lá, sozinho
Para comemorarmos novas bodas...
A família sem passado
Tenta em vão reunir presente
Todos à mesa
Olho para baixo e não há chão
Olho para cima e não tem céu
Toda paisagem,
Precisa de cores
Família,
É a única coisa que tem no passado,
As suas cores primárias
Uma vez desprezado,
O que há depois são cinzas
E nada mais,
Do que inúteis sopros em preto e branco...
O monstro do seu poço mais fundo
Está do lado de fora,
Impedindo-lhe de mergulhar...
Quero um corpo
Para uma meia-noite
O sexo inteiro
Em silêncio ausente
Mea culpa
Por eu não ter sabido amar...
A faxina
Pó que se vai
Sujeira que não fica
Tralhas fora..
O banho
E eu nu,
Apenas com as palavras que não me deixam...
Lavei letras
Enxuguei frases
Poli parágrafos
E a casa toda fica
Com aroma de jaz em mim...
Como pode
Minha maior riqueza,
Ser tão densa e leve ao mesmo tempo
Pois sempre que vou embora
Não faço o mínimo esforço para levá-la junto...
Já sei:
Ninguém a reconhece
É riqueza só para mim
O peso, vem do mundo
Minha natureza, também é leve...
Um dia eu vou fugir
Fugir do meu nome, meu endereço
Das minhas relações, tudo..
Desapego absoluto
Para que eu possa relativizar a minha solidão..
Quem sabe assim
Olhando de lá
Poderei saber se ela, a solidão
Vista de fora é bonita também...
Os corpos dos outros
Que não o nosso
São apenas veículos
Que não levam a lugar nenhum
Pois aquilo que nos conduz
Nós jamais saberemos o que seja
Isso que chamam de alma
Tem natureza passageira
Tantas que passaram por aqui
E nenhuma fez de mim o seu lugar...
O frio do outono
Visita o frio da solidão
Que tenho de convidar os chás
Os cafés e os leites paranaenses
Para amenizar a força do clima
Neste planalto citadino e descampado do meu peito vazio...
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