terça-feira, 19 de maio de 2015

Delirium Normal




"O mundo não precisa de poesia 
 Ela, não satisfaz necessidades humanas 
 Ele, é carente, 
 Mas de outras coisas, básicas.. 
 A poesia não é básica 
 Ela é altiva, 
 Suprema, estelar. 
     Por isso a desprezam, 
     Os necessitados 
     Olham para a frente 
     Mas não enxergam acima..." 


"Eu escrevo 
 Porque eu sou assim 
 Palavras dançam dentro de mim 
 Música que não vejo 

 Eu escrevo 
 Não quero ser de outro jeito 
 Palavras sentadas no peito 
 Feito as feias do Alentejo 

 Mas eu queria um pouco viver 
 Menos lírico na corrida 
 Uma realidade sem sofrer 

 Sobre a vida e sobrevida 
 Alegre eu livre escreveria 
 Daquilo que em chama arderia..." 


"Escrever 
 É conversar com ninguém 
 É cantar sem som 
 É gritar sem boca 

 Escrever 
 É realizar sonhos 
 É executar planos 
 É saciar desejos 

 Escrever 
 Não é nada disso 
 É apenas dizer para mim mesmo 
 Que eu não sei fazer outra coisa 
 Que me faça sentir 
 Tão bem quanto isso.." 


"Quero uma casa simpática 
 Sem paredes nem divisórias internas 
 Uma varanda total, 
 Rodeando um só cômodo 
 Que do centro eu possa ver, 
 Minha biblioteca 
 Minhas esferográficas 
 Meus violões 
 Meu chuveiro 
 A praia e, 
 Se possível, 
 Nossa cama.. 
     E se não for nossa 
     Que não seja só minha..." 


"Vou de litorina para o litoral 
 Meu peito oceano litorâneo 
 Ao pé da serra se encerra 
 Caminho destino de menino 
 Sonho medonho em que ponho 
 O mundo no fundo do barco 
 E doce vou morrer de não te ver 
 E o mar a me levar por não te amar.." 


"Escuto tanto silêncio 
 Ouço tantas vozes que não estão 
 Que tal barulho de tanta mudez 
 Ensurdece o peito de vez.. 
 Tudo isso, sempre assim 
 Para que eu possa saber 
 O que quer dizer o meu sentimento..." 


"Uns, vão para a TV 
 Outros, às redes sociais 
 Alguns, passeiam 
 Poucos, telefonam.. 
 Meu domingo 
 É dia de noite 
 Hora do açoite 
 Em que eu castigo 
 Aquela coisa toda 
 Que tenta em vão 
 Me impedir de escrever..." 


"Nascer menino 
 Viver homem 
 Sobreviver poeta, 
 Morrer também." 


Nenhum comentário:

Postar um comentário