quarta-feira, 27 de maio de 2015

Flagrantes da I-n-t-e-r-s-u-b-j-e-t-i-v-i-d-a-d-e + compl.


 O CAPITÃO CLANDESTINO 


Então a guarda costeira interceptou aquele barco: 

- Ei, Marinheiro! Aonde pensa que vai? 
- A nenhum lugar determinado, estou apenas a navegar. 
- Mas como é que alguém se lança no mar sem destino? 
- Qual o problema? Tem tanta gente que vive em terra firme sem saber aonde ir... 
- É, mas aqui é muito perigoso. 
- Depende, do que o senhor considera perigo. 
- Você está muito longe da costa. Daqui a pouco acaba o território marinho nacional. 
- Sim, eu sei. Mas as águas internacionais não devem ser muito diferentes das nossas. 
- Mas é que lá não há proteção. 
- Para que as pessoas precisam de proteção? 
- Acidentes, panes, somalis... 
- Não costumo viver pensando no pior pela frente. Já basta tudo aquilo que eu aprendi. 
- Você está se arriscando, eu avisei. 
- Obrigado pela atenção. Vou me cuidar, não se preocupe. 
- Tem mais alguém com você na embarcação? 
- Não. Pode verificar. 
O policial entrou, revistou tudo. Interpelou: 
- Nossa! Tudo bem algumas fotografias e o violão, mas para que aquele monte de livros e de CDs lá dentro? 
- É o que eu trago de valor, sempre comigo aonde for. 
- Mas se o barco afundar, você perderá tudo! 
- Sou eu o Capitão da minha vida... 


 "Oceano" /  Djavan - por Danilo Oliveira 



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