terça-feira, 12 de abril de 2016

Uma Janela na Manhã




Mundo obsoleto. Descartável, tomado de refis. E automatizado, plugado, conectado, esse mundo viciado. Como se as ligações, os elos e as relações fossem movidas somente à fontes elétricas, baterias móveis também. Nada mais é solar. Ou restou muito pouco. Teve um dia, que eu parei de receber bom-dia. Noutra semana, foi-se o boa-noite. A gente se acostuma e se transforma e compreende mesmo que indignado, nada deve acontecer por obrigação. E a gente vai levando. Até que a gente vai embora, ou melhor, em boa hora, deixando um abraço para vossa mercê. Então nós nos refugiamos, nos contemos e nos preservamos mas sem esconderijos: neutralidade, em respeito à experiência. Mas quando a gente recebe um bom-dia sem esperar, isto é, vindo da natureza, é algo a ser louvado. Chegou como um sol, acendeu tipo alvorada, bateu feito raio, circulou qual calor. Calor que aquece o dia, refresca a tarde e aconchega a noite. Para de novo despertar, esse jasmim que invade, arde, queima e encoraja como fez a música. Um bom-dia, uma certa saudação, vindo em forma de canção. Fosse sempre assim, aquele mundo seria melhor, outras fontes para bebermos, alimentarmos a alma. Seres humanos não precisam de companhia. Seres humanos precisam apenas de um pouco de café, e muito, mas muito mesmo dessas formas alternativas de carinho... 


 "Certas Canções" / M. Nascimento 
 por Tunai e Tiso 




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