Moro em terra de pinheirais. Onde
todos os frutos estão definhando, destruindo-se no tempo, por uma ação que se
sabe muito bem de onde vem. Aqui, há muitas árvores. Pessoas imponentes que
desconhecem natureza de seu pensamento primário, vegetal, balançam frondosos em pântano
de Sir Edgar. Não há espelhos para se reconhecerem palafitas. Mas estão lá,
sempre sobre o pódio do planalto. Todos, são doutores. Ora juízes, ora médicos,
às vezes psicólogos ou até mesmo físicos. No popular, são videntes, gurus,
profetas, distribuindo apocalipses em caixas de ovos. Sempre com a chave do
nosso presente na mão, não só explicam o passado e anteveem o futuro com a
habilidade de um retórico sofista, mas como também e talvez principalmente nos
considerando meros incapazes de encontrar respostas, soluções, caminhos, de forma isolada. Incorporam
o deus da hora, e nos estendem suas garras sob luvas de pelica. Eles, sabem
sobre sua (do leitor) vida, tanto quanto os calouros de auditório que estudaram
tema único. Suas (deles) experiências são compêndios referenciais para a cartilha
sociológica urbana, modelo exemplar, croqui fundamental do devir. Caso você não
siga seus conselhos, suas diretrizes e suas ordens, estará se marginalizando, ao menos daquele grupo aonde
você esteja, embora sem a sensação de pertencimento. Tudo bem, é isso aí mesmo.
Vale lembrar que existem tantos outros grupos, cidades, gente que não acusa nem
julga ou condena. É, gente que apenas passa, olha, sorri e cumprimenta, sem se meter! Isso existe! Mas é bem longe daqui. Mas qualquer lugar pertinho, já pode ser
muito distante. Aqui, uma terra de preconceito social, de discriminação social, de
segregação social, que na verdade nada poderia se considerar social. É sim um
individualismo à flor da pele, buscando identidade no jeito inquisitório de
ser, onde houver julgamento, tem-se conveniência. Uma ostentação piramidal que
implora pelo seu vértice. Coitados, jamais chegarão onde pensam que já estão.
Aquela elitista e berniana corrente pseudocitadina do passado, deixou elos de plástico
espalhados pelas ruas das flores: mais uns quatrocentos anos para se decompor. É outra Austrália sem azul. E com um verde-amarelo privatista demais. Branco? Aqui o arco-íris risca em sépia e chove em cinza, com um pote de pinhão seco no final. É
quase impossível conviver em Curitiba. Mais provável a quem se arrisca, é comer
pastéis especiais. É muito difícil amar em Curitiba. Mais provável a quem se
habilita, é juntar diplomas vegetativos...
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