quarta-feira, 24 de junho de 2015

Sessão Varrendo a Vida




 A poesia sobrevive, 
 Nas mãos de quem a escreve 
 E quem faz isso,  
 Sobrevive na poesia: 
 Relação de mútua dependência 
 Nem psíquica, nem física 
 Apenas histórica 
 Já que não temos um amor para contar... 


 As palavras não são bonitas, 
 Se isoladas 
 Elas podem ficar bonitas em frases 
 Por sua vez, as frases 
 Não são bonitas se isoladas 
 Mas elas podem ficar bonitas em textos 
 Estes, os textos 
 Só são bonitos quando encontram abrigo em alguém 
 Textos que ninguém abraça, 
 Sucumbem ao clima 
 Ao clima árido 
 Que transforma toda beleza 
 Em esqueletos de letras, 
 No desértico solo da vida... 


 Um homem maduro 
 Fruto único de árvore distinta 
 Chegou até aqui 
 Sem apoio 
 Sem reconhecimento 
 Sem sentimentos mútuos.. 
 Vida singular 
 Para um homem simples 
 Sem duplicar, nem multiplicar 
 Ausências sob sua copa 
 Pois não se encontra sombra  
 Onde nunca bateu o sol... 


 O desamor, foi meu maior professor 
 Numa escola pública abandonada 
 Invadida pelos ratos da indiferença 
 Que corroem a minha ponta de esperança.. 


 O caminhão do lixo reciclável 
 Corta o início da madrugada 
 Acorda minha insônia 
 Lembrando-me que não mais tenho 
 O que deixar para ser transformado... 


 Passado 
 Poeira presente 
 Varrida, fez-se ausente 
 Do futuro que pede hoje na porta da frente 
 Uma chance para entrar... 


 Transição 
 Findas, todas as missas, 
 Laicas de enésimos dias para todos os desamores 
 Hora de ateísmo, 
 De sair do templo 
 Do templo de minha solidão. 


 Quando chega uma alegria 
 Vai-se uma lágrima de certeza 
 Substituída por outra de possibilidade.. 
 Existem várias espécies de lágrimas 
 Alegria, 
 Uma só. 




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