quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sessão "Eu já sei quase tudo da vida"


Ontem, eu precisei buscar a razão da sensibilidade. Encontrei. Mas não foi preciso reunir pensadores, filósofos nem poetas apontando seus conceitos para me ajudar na descoberta como faço de vez em quando, o fiz sozinho. Ou quase. Então eu me lancei na procura de respostas, embarcado na própria sensação. Comecei percebendo que a sensibilidade não é pontual, independente ou isolada. Ela tem natureza dupla, e não dúbia. Ela é par. Jamais individualizar-se-ia. Ela não seria um barco que une dois continentes: ela é a Água. Ela não seria a estrada que une dois países: ela é a Terra. Ela não seria uma nuvem que atravessa duas cidades: ela é o Ar. Ela não seria o calor que une dois amantes: ela é o Fogo. A sensibilidade, é outro elemento da natureza. Algo tão rico, que se torna muito pobre tentar decifrá-la, traduzi-la, pois o certo é apenas senti-la. No final, vi que ela tem dois pilares de sustentação, ligados por algo simbólico. É algo suspenso no ar e apoiado em dois pontos equidistantes, diretamente proporcionais à sua intensidade. Uma engenhosa obra na natureza humana, eu diria. E eu direi que eu não chorei por causa de uma música. Uma música simbólica, uma lembrança, um suspiro, um pensamento desejoso. Eu chorei por causa de uma mulher, a música foi a ponte. Descobri, entre lágrimas, que a distância entre nós é a mesma, ou seja, não estou mais perto dela do que ela está de mim, tampouco longe um do outro em proporções diferentes, por isso a igual distância. Uma igualdade que remete a uma determinada identificação, algumas semelhanças, sintonias e expressividade. Perguntariam para mim aonde está a razão disso tudo. E eu repito: num outro ponto equidistante, mas entre meu coração e a minha consciência. Pediram sinônimos, não dei. Cobraram adjetivos, não trouxe. Tentaram me atribuir um grau de relacionamento, não deixei. E quiseram que eu botasse boné de marinheiro, eu não, eu não. Quando a gente faz uma descoberta dessa grandeza, não devemos contar tudo. Pode ter gente se passando por jornalista, atrás de um furo de reportagem, sem que nós saibamos disso. Então é melhor calar. E separar curiosos, interessados e jornalistas. O mesmo com os indiferentes. Porque a sensibilidade não possui apenas uma razão, motivo ou explicação. Ela tem, e principalmente contém, uma coisa chamada emoção. Essa, ninguém jamais saberá. Nem os transeuntes sobre a ponte, nem os curiosos, nem os carimbadores, nem os jornalistas. Regra. Se há exceção, eu não sei. Eu não sei tudo. Ou eu já sei quase tudo da vida. Também que eu sou apenas um latino-americano. Sou um pilar, e do lado de cá... 
- Mas você nunca foi ate lá! Como saber se existe sustentação? 
- Você esqueceu o mais importante que eu disse. 
- O que? 
- Há um caminho dentro de mim. Esse, eu sei de cor... 






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