A dor de cabeça
Ponta de estrela aguda
Afiada fere a têmpora
Lágrima escorre da pálpebra
Punhal de prostaglandina
Lâmina tangente ameaça
A indefesa menina dos meus
olhos..
Corpo pulou no asfalto
Na frente do automóvel displicente
Por um segundo dormente
Ignorou o inerte transeunte
Potenciais suicidas
Perambulam nas calçadas da
vida...
Peito
Lugar sem jeito
Leito sem curso
Onde não bebe o urso
Deixe que o peixe
Vá até a foz
Coitados de nós
Que não soubemos mergulhar
O namorado se envenenou
Na lavoura que era cárcere
Goles de pesticida
Mataram a morte adormecida
Esperança sem vida
De vida matança
Social estagnação
No Estado sem governança
Fraco
Torto
Linhas que descontinuam
Prosseguem a mal desenhar
Aquilo que seria revelação
Caso tivesse ideia
Caso houvesse emoção
Resistente
Retilínea
Um sentido para as mãos
Que terminavam em papéis
E não podiam cafunés..
O vizinho eremita
Porcarias de mercado
Come de marmita
Mas a colher é de faqueiro
De prata do passado
Que brilhava o tempo inteiro
Quando era felizardo
Mas foi desprezando toda hora
Aquele que agora,
Tornou-se um bastardo...
Chuva fria
Ácida agonia
Mata verdes de semeadura
Falece a candura
De quem depende do tempo
Para alimento de esperança
Ver um novo sol
Que não inundasse poesia
Mas que trouxesse companhia..
Em céu de cartolina
Nuvens de isopor
Vegetação de espuma
Guache furta-cor
Dando vida,
À porra nenhuma...
Tanto falou do amor
Do amor que não sentia
Que quando veio o dia
Não sabia o que era flor
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