sexta-feira, 26 de junho de 2015

Mis Celânea Dois




 A dor de cabeça 
 Ponta de estrela aguda 
 Afiada fere a têmpora 
 Lágrima escorre da pálpebra 
 Punhal de prostaglandina 
 Lâmina tangente ameaça 
 A indefesa menina dos meus olhos.. 


 Corpo pulou no asfalto 
 Na frente do automóvel displicente 
 Por um segundo dormente 
 Ignorou o inerte transeunte 
 Potenciais suicidas 
 Perambulam nas calçadas da vida... 


 Peito 
 Lugar sem jeito 
 Leito sem curso 
 Onde não bebe o urso 
 Deixe que o peixe 
 Vá até a foz 
 Coitados de nós 
 Que não soubemos mergulhar 


 O namorado se envenenou 
 Na lavoura que era cárcere 
 Goles de pesticida 
 Mataram a morte adormecida 
 Esperança sem vida 
 De vida matança 
 Social estagnação 
 No Estado sem governança 


 Fraco 
 Torto 
 Linhas que descontinuam 
 Prosseguem a mal desenhar 
 Aquilo que seria revelação 
 Caso tivesse ideia 
 Caso houvesse emoção 
 Resistente 
 Retilínea 
 Um sentido para as mãos 
 Que terminavam em papéis 
 E não podiam cafunés.. 


 O vizinho eremita 
 Porcarias de mercado 
 Come de marmita 
 Mas a colher é de faqueiro 
 De prata do passado 
 Que brilhava o tempo inteiro 
 Quando era felizardo 
 Mas foi desprezando toda hora 
 Aquele que agora, 
 Tornou-se um bastardo... 


 Chuva fria 
 Ácida agonia 
 Mata verdes de semeadura 
 Falece a candura 
 De quem depende do tempo 
 Para alimento de esperança 
 Ver um novo sol 
 Que não inundasse poesia 
 Mas que trouxesse companhia.. 


 Em céu de cartolina 
 Nuvens de isopor 
 Vegetação de espuma 
 Guache furta-cor 
 Dando vida, 
 À porra nenhuma... 


 Tanto falou do amor 
 Do amor que não sentia 
 Que quando veio o dia 
 Não sabia o que era flor 



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