quarta-feira, 16 de março de 2016

Sessão Urtigão




 A aranha morta 
 Esmagada 
 Outro futuro fóssil 
 Na terra tombada de minhas companhias.. 


 Pássaros antecipam o dia 
 Em cantoria vadia de alegria.. 
 Pra cá da janela 
 Eu ainda com essa mania, 
 Da indolência pelos amanheceres.. 


 Deitei bem mais cedo 
 Desviei da solidão da noitinha 
 Acordei no meio da madrugada 
 Era a solidão que me chamava sozinha.. 


 A cada luz que apago 
 Acende uma nova poesia 
 Se eu soubesse escrever no escuro 
 Poeta eu não seria.. 


 Moro longe da praia 
 Mas essas ondas não param 
 É que vivo dentro das pedras 
 Quando a vida é mineral 
 Ela independe do local... 


 Que dó dos amantes 
 Sonham mentiras 
 Acordam organismos 
 Só para ver até onde vai 
 Outra aventura já conhecida... 
  

 Trocou de mulher 
 Deu o mesmo que para aquela 
 Não se reinventou 
 Que essa trocou de homem.. 
 Novos são os começos, 
 Até quando conseguem esconder 
 Os mesmos meios e fins... 


 Três e vinte 
 Levantei vigília 
 Som do relógio 
 É passarinho que não pia 
 O que fazer com esse tempo nas mãos 
 Senão mais poesia? 


 Sem boca para amar 
 Desejei corpos 
 Até cansar disso tudo 
 Quando me converti à solidão  
 Celibato 
 Solidão besta 
 Essa doutrina que eu não inventei... 




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