segunda-feira, 7 de março de 2016

Contos Que Não Contam



A madrugada ouve atentamente o silêncio. Há respeito de todas as coisas vivas e inanimadas pelo momento, quietude e segredos. Três quartos de hora antes do alvorecer, desperto no meio daquele nada total. Uma sensação inigualável, esta de vigília sem estímulo externo algum. Meus órgãos dos sentidos, dormentes, nem esperam o que não está por vir. E se não aparece qualquer coisa, a percepção toma o caminho inverso, para o interior. Químicas cerebrais em busca de impulsos do resto do organismo, postado em decúbito lateral direito: prefiro suspender o coração e assumir riscos de reações estomacais, ao alívio do contrário. Do peito, chegam informações de que o vazio está aumentando. Diretamente proporcional ao crescimento da solidez dos meus valores, está o adeus a pessoas ímpares, indiferentes, ou diferentes em demasia. Perdi, a capacidade de tolerar aquilo que não constrói. Que conserva, que retrocede ou que destrói. Penso que as relações sociais devem ter dinamismo, participação, cumplicidade, presença. Potência, exteriorizada na lua, na curva, na contenda. Esse passivo comportamento do alheio, distanciou-me de muita gente. Sim, eu me vi como um hotel litorâneo no inverno. Mas fui eu, sempre marinho, que busquei a invernada. Não culpei ninguém nem a mim mesmo. São coisas da vida, frutos da experiência individual no meio coletivo. Quanto mais me isolo, mais sei de mim. O silêncio, mestre docente na universidade da noite. Decodifico as informações, guardo respostas de hoje. Não me dou muito bem com esse troço chamado amor. Os sons que eu ouço, partem do meu pensamento. Na próxima segunda-feira, um pouco mais de certeza sobre minha solidão. Não que houvesse dúvida, mas é meu processo de construção. O material, eu adquiro durante os meus dias. Trabalho de madrugada, mas sem chorar. Aquilo que possa lhe parecer lágrimas, é apenas o orvalho lá fora. Meus sorrisos, estão povoando encantadoramente os meus sonhos...  


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