No
estacionamento da faculdade, ela disse pra ele:
- “O negócio, é que eu
gosto de homens com pegada, sabe como?”
Mas ele não
disse pra ela:
- (Que pena.
Pois pra mim quem tem pegada é bicho. Animal, que vive na selva. Predador,
ataca aqui e acolá. Não diferencia presas: não deu certo aqui nesse carro, pula
pro outro. Muda de estacionamento, de cantina, de faculdade, de esquina, feito roleta russa, atirando a esmo até que um dia acaba acertando. Claro, que este “acertar” é extremamente
questionável, à medida do seu propósito enquanto fêmea. Não há nada a perder, pra ele todas são iguais. Todas as noites
são iguais, não há mulheres diferentes, apenas mudam os corpos. É um jogo de
riscos incessante e vulgar, desconsidera pessoas, sentimentos e nexos causais.
Jamais eu arriscaria te dar um beijo à força, mesmo que de leve e sem
resistência: eu não arriscaria perder alguém como você. Prefiro não ter, do que poder transformar meu valor em poeira. Enquanto a turma da pegada tem motivos para te pegar, eu sigo com minha emoção de te sentir. Posso não deixar rastros na
história, é porque a minha essência tem uma só estrada. Ela não corta a selva, mas
cruza os campos na direção da tua essência...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário