sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Chão de Letras

A vagabunda personalidade que atingiu a minha fase anterior de textos,
mostra sua caquética agonia nesses novos tempos de velha poesia.
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Já voltei nas Alagoas
Mas como retornar a Pernambuco,
Se ainda nem fui à Bahia?


Violões quietos
Pó sobre os tampos
Nas cordas do braço
Pó sobre a casa toda
Porque não tem música
Não tem abraço..


Outra madrugada
Cortada no terço antes da meia-noite
Despertando como se fosse às seis
Uma banana para vocês e volto
A escrever ideias sem jerico
Só sei que ainda fico
Sozinho a perambular
Atrás de palavras maiores
Dias melhores
Que me respondessem a vida
Ao menos até os 62..


O ácido, úrico
Resto cítrico da alimentação errada
Acumula na articulação certa
Dor surda
Que emudece a mão
Sufoca o polegar opositor
Chamam de gota
E este palhaço,
    ainda longe do oceano..


Não procuro
Quero sossego
Não me envolvo
Quero desapego
Se eu peguei
Foi porção animal
Comum no meio social
Do qual me distancio
Enjoei do cio
Que remete ao rural..


Poesia que morreu
Ressuscito-lhe
E digo que ainda está utente
Curando pelas mãos da gente
Estes alucinados que não se cuidam
Evitam remédios
Para de novo combalir
E morrer
E ressuscitar...


Na casa triste
Nem formigas nem baratas
Apenas duas lesmas
Que no banheiro pensavam habitar
Até que o seu macrocosmo
Mandou-as pelo vaso
Morte rápida e desgraçada
Para quem demorou tanto a chegar..


Obrigado,
    não como fígado
Tiro ferro de outro lugar
Que nem sei
Pois não me olho no espelho
Para comprovar anemia
Fico na dúvida
Que o dissabor não me traz
É com o aço em demasia
Dos silêncios das vozes
E da ausência da companhia
Metal suficiente
Para a harmonia imaginar...


Quanto mais me diferencio
Mais me encontro
Identifico-me como ser
Ainda humano
E por isso insistente
Na própria busca
Mesmo que eu esteja longe
No meio do nada
Encontrar-me em definitivo
E não apenas os pedaços de mim
Na cidade espalhados
Igual aos outros,
    despedaçados
    sem saber onde estariam
    se fossem totais...


vou dormir
fingir que é bela a vida,
que a bela também dorme,
e que amanhã
acordaremos juntos
dessa ignorância chamada insônia
desse pesadelo chamado distância...


Não sou eu quem escreve
É sempre assim
Dessa vez,
    Foi um bosta
Que passou perto de mim
Pedi a ele uma música
E ele só falou merda...


Kadija.
Dispenso essa berinjela
Afaste de mim esse grão de bico
Nem pense em coalhada
Quero meu quibe cru
Não quero seus pelos,
Quero seu cu..


Isso não é poesia
É agonia pela falta de inspiração
Poluição do ar
De mente e coração
Demência
Haja paciência
    e muita água mineral...




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