uma singela homenagem
Dona Zilda era capelista, dizia isso sempre e com muito orgulho.
Faleceu aos 96 anos.
Seus bifes à milanesa nem a mãe conseguiu superar, tampouco os bolinhos de carne.
Lembro também da austeridade, da pompa e de sua clássica pergunta: “De que família é?”.
Mudou-se e foi criada em casarões curitibanos, morou até na Praça Osório.
Terminou sua passagem num leito do Pilar.
Quase dois anos de cama, escaras e contração geral da musculatura, voltou à posição fetal em seu ciclo de vida; tive que quebrar suas pernas para que pudesse caber no caixão, os filhos não tiveram coragem, sobrou para este neto. Como legado, a simpatia pela cidade natal.
Lá, sinto-me diferente.
Nos tempos de trabalho em Guaraqueçaba, na volta eu trocava de ônibus, dava vontade de ficar ali.
Vinte mil habitantes em tranquilidade, sossego e calmaria, ruas calmas, Marias cruas.
Cruas de capital, ao ponto certo do bem estar marinho.
Fica no meio da baía que leva o seu nome, como se fosse uma grande rede onde o mar se deita e se espreguiça.
Tantos canais, tantos ilhéus, o maior fiorde das Américas.
A pedra-nau, o ninhal da garças, Rio Faisqueira fazendo escalda-pés na Serra do Mar.
Tudo começou em 1715, parece que parou em 1970: Complexo Matarazzo, por quê aconteceu?
Aquela outra empresa era do Batista?
Puxa, tantos portos! O público Barão de Teffé, o do Cabral no Portinho, o privado na Ponta do Felix.
Também em ruínas o depósito de erva mate, abandonada a estação ferroviária do centenário da independência, uma pena – um trecho do meu longa-metragem se passa lá.
Pedestres, bicicletas, motos e automóveis, todos em harmonia no trânsito: é quase surreal o tal ‘trotoar’,
para mim trottoir.
Visitantes historicamente ilustres como Carmem Miranda no Theatro Municipal, o Imperador Dom Pedro II na Prefeitura, onde ele fez xixi, terá sido ali (também)?
As fontes e o coral da carioca, que legal deve ser, quero conhecer!
O Mercado Municipal, servindo a melhor casquinha de siri do mundo, no restaurante do canto.
Não tem mais o Belvedere, mas tem outro restaurante que eu esqueci o nome, perto do simpaticíssimo Gamboa.
A praça do mar em dia de sol – sonho que deixei no tempo – que beleza singular, com seu trapiche que parece um espetacular hall de entrada para o infinito oceano.
Cercada por mangues, azuis, caranguejos e guarás vermelhos que se alimentam destes.
Cercando praças, verdes, árvores e gralhas azuis que embelezam ainda mais as paisagens.
E a obrigatória Ponta da Pita, a pedra da Ponta ou pedra da Pita, onde sei que ainda tem para vender barato a casinha que eu namoro há anos, não sei o que virá.
Lá na Pita tem pastel, saboroso, generoso e litorâneo, o pastel da Betinha!
Pita, vizinha da praia dos polacos.
Dizem que um poeta mora lá, em Antonina.
Em Antonina eu me sinto estranho. Pareço viver um paradoxo.
Assistindo este vídeo, me respondi sobre este paradoxo.
As imagens aéreas diminuíram a cidade, ficou do tamanho que cabe dentro do meu coração.
Coração capital, enorme, mas aqui vazio e cheio de espaços, similar àquelas ruínas.
E o paradoxo pelo fato de ter separado, sintetizado e colocado o melhor da outrora Sesmaria da Graciosa num lugarzinho aconchegante dentro do peito e, a partir daí, já não mais poder medir o tamanho do sentimento pelo lugar, que cresceu e partiu além do trapiche - talvez devêssemos fazer o mesmo com algumas pessoas, eu não sei ao certo.
Também é paradoxo esse negócio de ser vazio mas cheio de espaços.
Quem sabe, eu seja vazio na capital e cheio de espaços no litoral. Eureca!
É o mar deitado e preguiçoso, que refresca a brisa e purifica a consciência, amolecendo a razão, deixando a gente assim bastante sei lá, sem culpa, lenço nem documento.
Muito interessante podermos ampliar nossos pontos de vista sobre as coisas da vida, assim formamos opiniões mais completas e mais justas sobre elas.
A visão aérea.
Pena que a natureza não nos deu asas.
Inteligente, ela compensou nos fornecendo corações...
Faleceu aos 96 anos.
Seus bifes à milanesa nem a mãe conseguiu superar, tampouco os bolinhos de carne.
Lembro também da austeridade, da pompa e de sua clássica pergunta: “De que família é?”.
Mudou-se e foi criada em casarões curitibanos, morou até na Praça Osório.
Terminou sua passagem num leito do Pilar.
Quase dois anos de cama, escaras e contração geral da musculatura, voltou à posição fetal em seu ciclo de vida; tive que quebrar suas pernas para que pudesse caber no caixão, os filhos não tiveram coragem, sobrou para este neto. Como legado, a simpatia pela cidade natal.
Lá, sinto-me diferente.
Nos tempos de trabalho em Guaraqueçaba, na volta eu trocava de ônibus, dava vontade de ficar ali.
Vinte mil habitantes em tranquilidade, sossego e calmaria, ruas calmas, Marias cruas.
Cruas de capital, ao ponto certo do bem estar marinho.
Fica no meio da baía que leva o seu nome, como se fosse uma grande rede onde o mar se deita e se espreguiça.
Tantos canais, tantos ilhéus, o maior fiorde das Américas.
A pedra-nau, o ninhal da garças, Rio Faisqueira fazendo escalda-pés na Serra do Mar.
Tudo começou em 1715, parece que parou em 1970: Complexo Matarazzo, por quê aconteceu?
Aquela outra empresa era do Batista?
Puxa, tantos portos! O público Barão de Teffé, o do Cabral no Portinho, o privado na Ponta do Felix.
Também em ruínas o depósito de erva mate, abandonada a estação ferroviária do centenário da independência, uma pena – um trecho do meu longa-metragem se passa lá.
Pedestres, bicicletas, motos e automóveis, todos em harmonia no trânsito: é quase surreal o tal ‘trotoar’,
para mim trottoir.
Visitantes historicamente ilustres como Carmem Miranda no Theatro Municipal, o Imperador Dom Pedro II na Prefeitura, onde ele fez xixi, terá sido ali (também)?
As fontes e o coral da carioca, que legal deve ser, quero conhecer!
O Mercado Municipal, servindo a melhor casquinha de siri do mundo, no restaurante do canto.
Não tem mais o Belvedere, mas tem outro restaurante que eu esqueci o nome, perto do simpaticíssimo Gamboa.
A praça do mar em dia de sol – sonho que deixei no tempo – que beleza singular, com seu trapiche que parece um espetacular hall de entrada para o infinito oceano.
Cercada por mangues, azuis, caranguejos e guarás vermelhos que se alimentam destes.
Cercando praças, verdes, árvores e gralhas azuis que embelezam ainda mais as paisagens.
E a obrigatória Ponta da Pita, a pedra da Ponta ou pedra da Pita, onde sei que ainda tem para vender barato a casinha que eu namoro há anos, não sei o que virá.
Lá na Pita tem pastel, saboroso, generoso e litorâneo, o pastel da Betinha!
Pita, vizinha da praia dos polacos.
Dizem que um poeta mora lá, em Antonina.
Em Antonina eu me sinto estranho. Pareço viver um paradoxo.
Assistindo este vídeo, me respondi sobre este paradoxo.
As imagens aéreas diminuíram a cidade, ficou do tamanho que cabe dentro do meu coração.
Coração capital, enorme, mas aqui vazio e cheio de espaços, similar àquelas ruínas.
E o paradoxo pelo fato de ter separado, sintetizado e colocado o melhor da outrora Sesmaria da Graciosa num lugarzinho aconchegante dentro do peito e, a partir daí, já não mais poder medir o tamanho do sentimento pelo lugar, que cresceu e partiu além do trapiche - talvez devêssemos fazer o mesmo com algumas pessoas, eu não sei ao certo.
Também é paradoxo esse negócio de ser vazio mas cheio de espaços.
Quem sabe, eu seja vazio na capital e cheio de espaços no litoral. Eureca!
É o mar deitado e preguiçoso, que refresca a brisa e purifica a consciência, amolecendo a razão, deixando a gente assim bastante sei lá, sem culpa, lenço nem documento.
Muito interessante podermos ampliar nossos pontos de vista sobre as coisas da vida, assim formamos opiniões mais completas e mais justas sobre elas.
A visão aérea.
Pena que a natureza não nos deu asas.
Inteligente, ela compensou nos fornecendo corações...
Eu hei de morrer cantando
Cantando me hei de enterrar,
Cantando irei para o céu,
Cantando conta hei de dar.
- Bento Cego -
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