Ah, como ela adora aparecer! Pode se tirar o A e o “parecer”
também cabe direitinho nos anseios dela. Nunca as redes sociais tiveram tanta
razão de ser. Ou de “estar”. Não importa o verbo, e sim as imagens. É a típica
‘cultura de superfície’, inventei isso agora, ao escrever sobre quem raramente
o fiz. Quem vivia trancada em seu cansaço, sua falta de dinheiro e a proteção integral
aos filhos, hoje, com o mesmo esforço e um pouco mais de capital, passeia pelo mundo não
sem registrar nas páginas virtuais suas belas aventuras; claro que agora sem os
filhos, então filhos do mundo, outrora justificativa para a clausura. Escolheu outro homem para chamar
de seu, uma dessas religiões para chamar de sua, e compartilhar o sentimento de
prosperidade no culto, que significa a mesma coisa que ostentação fora dali. Precisava
de um deus para remover suas culpas e de um Jesus para pedir desculpas, ambos
tutores de seus pecados. Sexo? Basta ajoelhar-se aos pés da cama e orar ao
Senhor. Álcool? Basta compensar com o dízimo. Ruindade? Tem culto domingo. Ódio? O pastor abençoa: a doutrina vai até onde lhes convém. Tudo
novo e a felicidade estampada no sorriso de quem só tem o sucesso para mostrar,
mas nenhum valor humano guardado, nenhuma virtude a ser descoberta. Mas a rede
é de seda. Atrás, ao redor de cada imagem, palavras subliminares ora sussurram,
ora gritam “olhe como estou agora”, “veja o quanto eu mereço”, “saiba o quanto
eu posso” e tantos outros recados que afastam toda e qualquer aproximação de
humildade, senso e até mesmo lógica. Isto sim é que se chama de biodiversidade.
Problemas de ordem psíquica, sequelas de um passado onde foi injusta, desleal,
cruel e sobretudo omissa em relação ao seu sentimento, quer dizer, à ausência
deste. Fosse honesta, poderia estar ou ser feliz bem mais cedo, talvez até sem
os filhos que hoje já nem liga mais deixar em casa, ou na rua, em qualquer
marcador do binômio espaço/tempo. Infelizmente, só aprendemos a descobrir o
ódio contido em alguém, muito além do que deveríamos. É o popular “tarde demais”.
Difícil conviver com pessoas com ódio, caso você não o tenha. Vai-se até um limite,
inevitável o fim. O grande problema, é a fase antes do fim, igualmente acabada,
encerrada, livre ou ausente de afetos e perspectivas. Há de se reconhecer esta
fase, e tomar medidas nada conservadoras, tampouco ilusórias, mas sim radicais
a ponto de libertarem-se, ambos, do factoide que é o casamento sem amor. União sem
reciprocidade, é falsidade. Vivemos em meio social, não podemos nos apresentar
assim. No máximo, entende-se a divulgação de aparências e ostentação imagética
embalada nas redes. Há quem goste, quem aplauda, quem vibre e quem faça o
mesmo. Cuide-se bem, ao conhecer alguém. Vá fundo, até o porão e o sótão, no
jardim, na garagem, na despensa. Mostre-se por igual, todos os seus cômodos,
inclusive seu banheiro. Senão, você correrá o risco de ter que ver tudo isso
mais tarde, demonstrando o erro que foi seu, ao permanecer junto de alguém que
não lhe merece um só dia de companhia. Não é o amor que cega as pessoas. Pode
ser o sexo, a paixão ou a ilusão. Quando se recupera essa modalidade de visão,
enxerga-se até o fundo. Seres superficiais sempre têm justificativas medianas
para seus atos e omissões. Seres profundos, sabem que atrás das aparências, há
engano. Somente eu conheço seu escudo de trabalhadora. Sua armadura de
guerreira. Pessoas que utilizam o próprio trabalho como justificativa de suas ações, omissões, ausência e inversão de valores, são provavelmente o pior tipo de ser
humano. Pois resumem-se ao tipo de ser, ou de “estar”, fundado na fachada das aparências, onde fica a janela aberta do ego bem vestido. “E as tuas crianças, meu bem? Levamos junto?” “Deixa pra lá. Presta atenção amor, é só nós dois agora! Mais uma selfie aqui pro face!”. “Para quê isso,
querida? Você quer demonstrar algo para alguém?”. “...”. O silêncio, é a segunda característica que mais roupas (disfarces)
tem em seu closet. Só perde para a indiferença...
Diametralmente oposta a qualquer ordenamento jurídico, DESUNIÃO ESTÁVEL é uma imaginária relação multiafetiva ousada entre a Poesia e a Música. Como esses valores estão em declínio nos dias pós-modernos, decidi promover impulsos de acasalamento sentimental entre ambas, com a substancialidade e a emoção que brota dessas duas formas de expressividade dos sujeitos na sociedade civil, ou seja, nascentes da natureza humana. Aos amantes, as cortesias da Casa.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
O Sobrinho que eu não tive.
Atleticanismo. Um dom para poucos. Muitos atleticanos não
têm isso. Mais que uma paixão, mais que uma ideologia ou filosofia, é um jeito
de ser e estar emanado pela alma. Quem o é, sabe como é. O meu, não veio por
opção, instalou-se pelo sangue pois meu avô foi atleta do clube quando da fusão
de outros dois, em 1924. Cedo, deixei aos 9 anos de ir aos jogos com meu pai,
porque estouraram um foguete ao lado de minha cabeça, ele ficou indignado,
questão de segurança. Aos 13, após a morte dele, voltei ao campo sozinho.
Somente depois dos 18, comecei a ir acompanhado de meu tio. Ronaldo, quando o
Atlético perdia um gol, quase me matava de nervoso, demos muitas risadas.
Consegui esconder dele, as lágrimas que sempre soltei quando o time entra em
campo, lembrando do meu pai e do vô, pai dele. E foi um grande companheiro,
durante anos, até o meu casamento, quando passei a assistir em casa pela TV a
cabo.
Não tive filhos homens, e o destino que levou precocemente
meus antepassados, também não me trouxe sobrinhos homens, que eu pudesse conviver,
criar, educar de maneira presencial no estádio, questão cultural, formação. Mas a vida é mesmo uma surpresa
que se revela na medida em que prestamos atenção e interpretamos corretamente
seus acontecimentos, estabelecendo conceitos e compartilhando convivências a
partir do não acaso.
Entrando no tema, vamos saber um pouco mais sobre um
determinado sujeito. Da minha altura, e até um pouco mais gordinho do que eu,
desembarcou de São Mateus do Sul um piá cabeludo e sorridente, veio fazer
cursinho. Num piscar de olhos, estava na Federal. Já mais alto, as outras
mudanças nesse primeiro ano de capital foram radicais. Aprendeu bateria,
começou a tomar cerveja, arrumou namoradinha de iniciação. E também fez algo
muito importante: arrumou amigos. O seu AC DC, define-se antes e depois do
cursinho. Vizinho dele e de seu tio de sangue, nos reuníamos para rodas de
churrascos que atravessaram dias, rodas de cerveja que atravessaram madrugadas,
rodas de música que atravessaram sábados, e rodas de caminhadas de atravessaram
a serra do Mar.
Identidade de sobra. Futebol, Blindagem, natureza. Amizades
& Família. Marco tem outra adoração: reunir a galera. Volta e meia promove
churras, feijoadas, encontros onde junta parentes e amigos, às vezes sem data
especial. Marco, sempre foi revelador dos seus pensamentos. Contava-nos sobre
suas mulheres, em relacionamentos sabidamente descartáveis, ao mesmo tempo em
que fazia planos, ou seja, preparava-se em paralelo para outro tipo de relação,
outro tipo de vínculo com alguém que viria apaixonadamente como Peri. Passávamos
a ele nossas experiências, valores e orientações, até mesmo dúvidas, coisa que ele é grato até hoje. Sua passagem de
garoto para homem foi marcada por sexo, álcool e rock’n’roll, como todo aquele
que se preze rubro-negro. Hoje, noutra fase, já é mais pessoa.
Marco, é um brasileiro diferenciado. Um paranaense raiz. Não mede desafios para
trabalhar. Ao contrário, isso o estimula a desafiar o mundo em forma de
viagens, meio easy rider, mas com bastante aventura e disposição, jamais sem
humildade. Uma de suas principais características, é ter um sonho nas mãos. Ele
abre, estende a mão e nos mostra, sem vergonha nem medo de revelar aonde quer
chegar. É uma personalidade forte, em semblante de calmaria, equilíbrio e
postura. Esse jeito de ser, diz ele, acaba muita vezes até não permitindo que
ele demonstre um determinado sentimento. Penso que é a timidez em relação à
exposição do afeto, que acarreta isto. Ele sente, mas não precisa mostrar a
toda hora, é o seu jeito.
Marco, hoje tem um amor. Aquele amor para o qual se
preparou, a conspiração lhe foi honesta, se fez merecedora. São companheiros,
inclusive dos planos, coisa rara hoje em dia. Marco, hoje tem um fusca. E leva
seu amor para passear de fusca. Em breve, os filhos deles. Quando houver festa, a mãe que morre de saudade no interior, cuidará dos bambinos. Sua nora tem muitos
irmãos, as crias deles terão muitos tios. E se seus filhos forem meninas, que não se acanhem em ir a campo com tios e tias. Em ir para a vida. Marco, desafiou a vida, pois viu que a vida era uma loba da estepe, então luta e vence a cada dia, transformando-a em felicidade.
Foi essa mesma conspiração, honesta e merecedora, que
corrigiu um desvio do meu destino que não me trouxe sobrinhos homens. Mas foi recentemente
que me senti com o dever cumprido, em relação ao que o meu tio fez por mim:
Marco foi junto, fez companhia nos campeonatos do Atlético neste 2017. Sabem por quê? Porque, simplesmente, o Marco é um bom
companheiro. Por isso, agradeço nesse modesto texto ao universo, por ter
permitido que eu conhecesse Marco, o sobrinho que eu não tive...
Feliz Aniversário, Sobrinho!
p.s.: lhe peço um favor: não se esqueça de estender o nosso manto rubro-negro sobre minha urna em meu velório: daremos, todos, novamente, muitas risadas...
p.s.: lhe peço um favor: não se esqueça de estender o nosso manto rubro-negro sobre minha urna em meu velório: daremos, todos, novamente, muitas risadas...
Música incidental (a melhor que nós, Os Tilápias, conseguimos
tocar):
“Se Eu Tivesse” - Blindagem - Ana Luisa & Alexandre
Antonina, a Preciosa.
uma singela homenagem
Dona Zilda era capelista, dizia isso sempre e com muito orgulho.
Faleceu aos 96 anos.
Seus bifes à milanesa nem a mãe conseguiu superar, tampouco os bolinhos de carne.
Lembro também da austeridade, da pompa e de sua clássica pergunta: “De que família é?”.
Mudou-se e foi criada em casarões curitibanos, morou até na Praça Osório.
Terminou sua passagem num leito do Pilar.
Quase dois anos de cama, escaras e contração geral da musculatura, voltou à posição fetal em seu ciclo de vida; tive que quebrar suas pernas para que pudesse caber no caixão, os filhos não tiveram coragem, sobrou para este neto. Como legado, a simpatia pela cidade natal.
Lá, sinto-me diferente.
Nos tempos de trabalho em Guaraqueçaba, na volta eu trocava de ônibus, dava vontade de ficar ali.
Vinte mil habitantes em tranquilidade, sossego e calmaria, ruas calmas, Marias cruas.
Cruas de capital, ao ponto certo do bem estar marinho.
Fica no meio da baía que leva o seu nome, como se fosse uma grande rede onde o mar se deita e se espreguiça.
Tantos canais, tantos ilhéus, o maior fiorde das Américas.
A pedra-nau, o ninhal da garças, Rio Faisqueira fazendo escalda-pés na Serra do Mar.
Tudo começou em 1715, parece que parou em 1970: Complexo Matarazzo, por quê aconteceu?
Aquela outra empresa era do Batista?
Puxa, tantos portos! O público Barão de Teffé, o do Cabral no Portinho, o privado na Ponta do Felix.
Também em ruínas o depósito de erva mate, abandonada a estação ferroviária do centenário da independência, uma pena – um trecho do meu longa-metragem se passa lá.
Pedestres, bicicletas, motos e automóveis, todos em harmonia no trânsito: é quase surreal o tal ‘trotoar’,
para mim trottoir.
Visitantes historicamente ilustres como Carmem Miranda no Theatro Municipal, o Imperador Dom Pedro II na Prefeitura, onde ele fez xixi, terá sido ali (também)?
As fontes e o coral da carioca, que legal deve ser, quero conhecer!
O Mercado Municipal, servindo a melhor casquinha de siri do mundo, no restaurante do canto.
Não tem mais o Belvedere, mas tem outro restaurante que eu esqueci o nome, perto do simpaticíssimo Gamboa.
A praça do mar em dia de sol – sonho que deixei no tempo – que beleza singular, com seu trapiche que parece um espetacular hall de entrada para o infinito oceano.
Cercada por mangues, azuis, caranguejos e guarás vermelhos que se alimentam destes.
Cercando praças, verdes, árvores e gralhas azuis que embelezam ainda mais as paisagens.
E a obrigatória Ponta da Pita, a pedra da Ponta ou pedra da Pita, onde sei que ainda tem para vender barato a casinha que eu namoro há anos, não sei o que virá.
Lá na Pita tem pastel, saboroso, generoso e litorâneo, o pastel da Betinha!
Pita, vizinha da praia dos polacos.
Dizem que um poeta mora lá, em Antonina.
Em Antonina eu me sinto estranho. Pareço viver um paradoxo.
Assistindo este vídeo, me respondi sobre este paradoxo.
As imagens aéreas diminuíram a cidade, ficou do tamanho que cabe dentro do meu coração.
Coração capital, enorme, mas aqui vazio e cheio de espaços, similar àquelas ruínas.
E o paradoxo pelo fato de ter separado, sintetizado e colocado o melhor da outrora Sesmaria da Graciosa num lugarzinho aconchegante dentro do peito e, a partir daí, já não mais poder medir o tamanho do sentimento pelo lugar, que cresceu e partiu além do trapiche - talvez devêssemos fazer o mesmo com algumas pessoas, eu não sei ao certo.
Também é paradoxo esse negócio de ser vazio mas cheio de espaços.
Quem sabe, eu seja vazio na capital e cheio de espaços no litoral. Eureca!
É o mar deitado e preguiçoso, que refresca a brisa e purifica a consciência, amolecendo a razão, deixando a gente assim bastante sei lá, sem culpa, lenço nem documento.
Muito interessante podermos ampliar nossos pontos de vista sobre as coisas da vida, assim formamos opiniões mais completas e mais justas sobre elas.
A visão aérea.
Pena que a natureza não nos deu asas.
Inteligente, ela compensou nos fornecendo corações...
Faleceu aos 96 anos.
Seus bifes à milanesa nem a mãe conseguiu superar, tampouco os bolinhos de carne.
Lembro também da austeridade, da pompa e de sua clássica pergunta: “De que família é?”.
Mudou-se e foi criada em casarões curitibanos, morou até na Praça Osório.
Terminou sua passagem num leito do Pilar.
Quase dois anos de cama, escaras e contração geral da musculatura, voltou à posição fetal em seu ciclo de vida; tive que quebrar suas pernas para que pudesse caber no caixão, os filhos não tiveram coragem, sobrou para este neto. Como legado, a simpatia pela cidade natal.
Lá, sinto-me diferente.
Nos tempos de trabalho em Guaraqueçaba, na volta eu trocava de ônibus, dava vontade de ficar ali.
Vinte mil habitantes em tranquilidade, sossego e calmaria, ruas calmas, Marias cruas.
Cruas de capital, ao ponto certo do bem estar marinho.
Fica no meio da baía que leva o seu nome, como se fosse uma grande rede onde o mar se deita e se espreguiça.
Tantos canais, tantos ilhéus, o maior fiorde das Américas.
A pedra-nau, o ninhal da garças, Rio Faisqueira fazendo escalda-pés na Serra do Mar.
Tudo começou em 1715, parece que parou em 1970: Complexo Matarazzo, por quê aconteceu?
Aquela outra empresa era do Batista?
Puxa, tantos portos! O público Barão de Teffé, o do Cabral no Portinho, o privado na Ponta do Felix.
Também em ruínas o depósito de erva mate, abandonada a estação ferroviária do centenário da independência, uma pena – um trecho do meu longa-metragem se passa lá.
Pedestres, bicicletas, motos e automóveis, todos em harmonia no trânsito: é quase surreal o tal ‘trotoar’,
para mim trottoir.
Visitantes historicamente ilustres como Carmem Miranda no Theatro Municipal, o Imperador Dom Pedro II na Prefeitura, onde ele fez xixi, terá sido ali (também)?
As fontes e o coral da carioca, que legal deve ser, quero conhecer!
O Mercado Municipal, servindo a melhor casquinha de siri do mundo, no restaurante do canto.
Não tem mais o Belvedere, mas tem outro restaurante que eu esqueci o nome, perto do simpaticíssimo Gamboa.
A praça do mar em dia de sol – sonho que deixei no tempo – que beleza singular, com seu trapiche que parece um espetacular hall de entrada para o infinito oceano.
Cercada por mangues, azuis, caranguejos e guarás vermelhos que se alimentam destes.
Cercando praças, verdes, árvores e gralhas azuis que embelezam ainda mais as paisagens.
E a obrigatória Ponta da Pita, a pedra da Ponta ou pedra da Pita, onde sei que ainda tem para vender barato a casinha que eu namoro há anos, não sei o que virá.
Lá na Pita tem pastel, saboroso, generoso e litorâneo, o pastel da Betinha!
Pita, vizinha da praia dos polacos.
Dizem que um poeta mora lá, em Antonina.
Em Antonina eu me sinto estranho. Pareço viver um paradoxo.
Assistindo este vídeo, me respondi sobre este paradoxo.
As imagens aéreas diminuíram a cidade, ficou do tamanho que cabe dentro do meu coração.
Coração capital, enorme, mas aqui vazio e cheio de espaços, similar àquelas ruínas.
E o paradoxo pelo fato de ter separado, sintetizado e colocado o melhor da outrora Sesmaria da Graciosa num lugarzinho aconchegante dentro do peito e, a partir daí, já não mais poder medir o tamanho do sentimento pelo lugar, que cresceu e partiu além do trapiche - talvez devêssemos fazer o mesmo com algumas pessoas, eu não sei ao certo.
Também é paradoxo esse negócio de ser vazio mas cheio de espaços.
Quem sabe, eu seja vazio na capital e cheio de espaços no litoral. Eureca!
É o mar deitado e preguiçoso, que refresca a brisa e purifica a consciência, amolecendo a razão, deixando a gente assim bastante sei lá, sem culpa, lenço nem documento.
Muito interessante podermos ampliar nossos pontos de vista sobre as coisas da vida, assim formamos opiniões mais completas e mais justas sobre elas.
A visão aérea.
Pena que a natureza não nos deu asas.
Inteligente, ela compensou nos fornecendo corações...
Eu hei de morrer cantando
Cantando me hei de enterrar,
Cantando irei para o céu,
Cantando conta hei de dar.
- Bento Cego -
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Vida Limbo
Quem
sabe eu saia depois, para comprar pão. Ou não, a fome deixou de ser absoluta,
me alimento por instinto aminoácido, até sem apetite é um tanto obrigatório. Um
dia vou procurar e quiçá reencontrar o Galaxie 500/1971 do meu pai. Nos 64 anos
dela, tocarei e cantarei músicas de época. Ainda penso naquela organização não
governamental voltada para a saúde dos cegos. Terei um próximo cão, de qual
raça? Pela ordem, estão Anhangava e Pico Paraná, por último a travessia do
Cassino: é o preparatório para Compostela 2019. Ah, se Rio Negro for nosso! A
casinha branca está entre Piraquara, Pontal e Ipojuca. Aquele louco sugeriu dez
mil reais por palestra. Um Takamine cordas de aço, legítimo e todo maciço, já está bom. Continuo
conselheiro sentimental, é a profissão paralela sem registro em conselho de que o
destino me incumbiu, já não me cassam mais, apenas curioso pelo próximo e gratuito cliente. Será que as desesperadas continuarão à caça aleatória fora de estação?
Li que a previsão do tempo pode acabar por falta de recursos; o país também,
caso a liquidação persista. Por falar nisso, agora está na vez dos sentimentos
se liquefazerem, após os valores que já se foram tempo abaixo. Jessie J, o corpo perfeito que eu sonho (embalar), de voz maravilhosa, infelizmente cantando duvidosos hits. Arlete trabalhará aqui, assim ela
disse. Do exterior, Carmem sumiu, despedi-me de Ana, Cecília voltou. Léo tenta
em vão tirar a carteira de motorista, coitada. Dos cinco, faltam dois elementos
brancos a banir, arroz e farinha. Concentração em torno da vela
noturna para reforçar o foco. Há uma super-lanterna proibida à venda. Talvez eu vá para Portugal, e não volte. Imagine
se ela descer do último andar de vestido branco e sandálias trançadas para
comigo passear...
Poema
incidental: “Não seja o de hoje. Não suspires por ontens. Não
queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo.”
- Cecília Meirelles
Canção incidental: não escolhi...ainda não
sei... mas vai essa mesmo:
"Flashlight" - Jessie J - by Nicole Cross
"Flashlight" - Jessie J - by Nicole Cross
sábado, 25 de novembro de 2017
Quando a melodia dispensa a letra... ou não.
Dessas em que você se questiona: "o que é música brega?"
Mas daí você se responde, primeiramente: "o que é brega na música?"
E, para finalizar: "é o meu olhar..."
"Entra e Sai de Amor" - Altay Veloso, por Wilson Carvalho
"Bijuteria" - Carlos Colla & Chico Roque, por Simone Prado
"Sonhos" - Peninha, por Carol Cunha
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Para-choque de Caminhão
POESIA,
É A FILOSOFIA QUE FUGIU DE CASA.
UMA
SIMPLES QUESTÃO,
PODE SE TRANSFORMAR NUM PROBLEMA COMPLEXO NA MENTE DO OBSERVADOR.
PODE SE TRANSFORMAR NUM PROBLEMA COMPLEXO NA MENTE DO OBSERVADOR.
A
FRONTEIRA ENTRE A BELEZA E O FUNDAMENTAL, É DEMARCADA POR UM MURO DE ARRECIFES.
VÊ-SE
NA ARTIFICIOSA APARÊNCIA, QUE NÃO HÁ MUITO A SER VISTO POR DENTRO.
CADA
SILÊNCIO, CORRESPONDE A ENE QUILÔMETROS NA ESTRADA DO ADEUS.
A
ESTÉTICA, É UM MODERNO RECURSO PARA ALGUMA ESPÉCIE DE FALTA.
NÃO
HÁ REDE SOCIAL QUE POSSA SER PRESA ENTRE DOIS COQUEIROS.
NAS
VIAGENS DE FÉRIAS, COSTUMA-SE IR PARA ONDE SE DEVERIA SER.
SOMENTE
OS PEDÓFILOS VEEM PEDOFILIA ONDE ELA NÃO EXISTE.
SEU
DEUS É UM RADAR INSTALADO APENAS NA SUA ESTRADA.
VER,
É O VERBO. LER E SABER PASSARAM A SER ADJETIVOS.
A
IGNORÂNCIA SE REPRODUZ NO ECOAR DA DESEDUCAÇÃO.
TODA
PEDRA LISA É UMA AMIZADE MORTA EM VIDA.
PODE-SE
RECUSAR UMA FLOR, JAMAIS SEMENTES.
NENHUM CONHECIMENTO É FALADO EM VÃO.
O AMOR, É UMA TESE ACADÊMICA.
TEU MEDO, TUA MORTE.
Vocal Voyage
"Creep" - Radiohead / Scala & Kolackny Brothers
..Mas eu sou
insignificante
Eu sou muito
esquisito
Que diabos
estou fazendo aqui?
Eu não
pertenço a este lugar..
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
7 Dissonantes
Acalme-se
No
fundo do poço,
Ainda
existe uma tampa...
Não
basta água
Há
de ser gelada
Para
a incendiada garganta
Não
se salvaram palavras,
queimadas
Árido
ouvido alheio
Desertos
com portais
Que
eu beduíno, desvio
De
toda forma de calor
de
voz
ou
de amor...
tudo
isso é miragem
tudo
mesmo, bobagem.
O
mar recuou
Sinto
daqui,
do planalto
Onde
a terra não avança
Ela
se abre em fendas,
Invisíveis
e sem vitaminas
Nem
sais, que fossem minerais
A
decompor
Todo
esse teu desamor...
A
idade
O
sono
A
memória
Os
sorrisos morrendo,
em uma rede na sacada
Foi
tempo perdido sim
Devia
ter errado mais
E
assim, ter menos a lembrar
Pois
o que mais dói
É
o que não aconteceu...
Hoje
eu escrevi
Na
página de um amigo
Não
era livro meu
É
porque hoje eu tomei chá
Meu
café morreu
Não
faço livro,
Apenas,
expulso páginas de mim...
O sentido de escrever
expulso páginas de mim...
O sentido de escrever
Seria
em tese, alguém ler
Muitas
teses quebram
Porque
teses são barreiras,
na estrada do viver
Contam
o que há ali em volta,
da barreira
Mas
a estrada continua, além
E
aquele sentido, está no fim...
Escrevo
porque não vivo
O
que queria dentro de mim.
Descobriu
pedra rara
Não pôde lapidar
Deixou-a na natureza
Com
ele,
não seria sempre pedra...
e
de volta à natureza
ela
tornou a ser só, pedra
seria
rara, apenas
no momento da descoberta
ou
enquanto fosse lapidada
dois tempos
é o que dizem ser amor...
é o que dizem ser amor...
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
ELEGIA 1964
ELEGIA
1964
Boa
noite, infeliz sonhador! Que ainda acreditas naquilo que sai das tuas mãos,
ontem para os papéis em branco, hoje para os cadernos modernos. Quando criança,
desenhavas os astros, entretanto nada despontou pela vida. Mas pintavas o céu
quase sem estrelas e conseguiu prever teu redor. Daquelas casinhas na beira do
rio, ao pé da montanha, quanta distância. E as praias, se foram tantas,
inúmeras, por qual razão não as coloriste? Adiantaria aplicar tons em algo
sabidamente não dimensional? Nem sabemos se as pessoas sonham colorido. Trôpega
existência, de um só plano, deu no que deu. Bastava-te um lápis, para imaginares
e transportar teu futuro impossível àquele tempo bom, quando o sonho era
permitido. Mal acostumado, fizeste disso um hobby, que os estudiosos da mente
chamam de catarse. E dão medicamentos para tanto. Astrônomo, arquiteto, marinheiro,
nada disso como ofício. Não passaste de um agente metropolitano deslocado às
margens do urbanismo das prosperidades. Estás em solo infértil apenas para ti,
o que te adoça são as frias latas de pêssegos em calda compradas à promoção
semanal do mercado no bairro longe do centro. Nada floresce ou frutifica em tua
superfície, tampouco os genes que desperdiças nas noites de solidão e memória do
que jamais aconteceria, são capazes de reverter a acidez do solo onde cravas
este punhal dupla-face que utilizas para dilacerar as indiferenças que partem em
comboio dos não teus. Há consolo, caríssimo plebeu, pois não és o único sobre
tanta terra falta. Acolá, existe alguém como tu. Que pensou seus valores serem
o arcabouço de fundamentos para a jornada correr certa e tranquila. Ingenuidade
foi pouco. Agora, aí nessa sala sem som e com luz da rua, cruzas mais um fim de
semana cemiterial. Enquanto não enterrares parte putrefata de ti, haverá dor. Que
seja a dor da amputação maior do que a permanente, mas que seja a última. Nenhum
ser humano merece sofrer. Nenhum sofrimento merece ser comparado. O pior que
alguém passa, é o pior para ele, respeite-se. Devemos compreender a inércia
alheia, desconhecemos seus motivos. As mãos, são apenas metáfora de um olhar
que daria certo. Bem, tu sabes que a revolução, urge a cada ano...
domingo, 19 de novembro de 2017
Transe-unte
Cuidado, ao andar pelas ruas. Você
acha estar passando por pessoas, muitas não são. Não são o que você está vendo
e nem aquilo que deveriam ser. Não se pode chamar de pessoas, quando elas têm o
seu estado de consciência alterado. Já não são mais pessoas, e sim produtos de
uma equação química onde elas, as pessoas in natura, reagem com substâncias
químicas, esses poderosos compostos que a indústria farmacêutica dissemina
mundo afora, resultando em outros seres que não aqueles. Todos, com efeitos
colaterais, sugerindo que o risco vale a pena. Mais que risco, é inconsequência.
Em tráfego permanentemente congestionado, o trânsito de gente em transe. A distância
da conscientização limpa, da não adição de remédios ou drogas "recreativas", é quase incalculável. Meça-se
pelas reações, pelos comportamentos dos medicados. São levados a outro estado
dentro de si, um patamar longínquo da realidade que não conseguem enfrentar,
como uma plataforma sobre o mar revolto. A ciência modificada garante que, não
fosse assim, seriam todos náufragos. Do motorista de caminhão com seus
estimulantes, passando pelo caixa de banco com seus depressores, chegando aos
profissionais liberais com seus alucinógenos. Tem ‘paratodos’. Não há questão
que não seja transformada em problema que não revele uma doença que não tenha um medicamento indicado via
prescrição ou deliberadamente escolhido como fuga. Tudo foi catalogado, um
escorregão no banheiro, a mania de limpeza, a perda de um namorado,
justificativas se amontoam nos ambulatórios, nos travesseiros e nos paióis. Distúrbios,
elegantemente relacionados nos róis de psiquiatria em linguagem quase forense a
identificá-los, você se enquadra no mínimo em um dos milhares. Uma vez dopada,
a pessoa sai às ruas, achando que caminha naturalmente em direção ao cotidiano.
Mas não. Está fora de si. E assim, age como tal, comportando-se como não faria.
E você, livre de drogas, vai encontrando essa gente modificada pelo seu
caminho. Por isso, os extremos: ou eles repelem de imediato, ou querem seu
sangue. Nada ou tudo. Não pense que é você que não presta, a verdade é que você
não combina com os alterados. Poderia se dar bem, se fosse com suas pessoas. De novo,
mas não. Você não serve para eles, pois não tem aquilo que eles mais desejam:
submissão, posição de inferioridade, para que eles o descartem de ofício ou lhe
suguem até a última hemácia. O mundo se dividiu entre os usuários e os não usuários.
Os valores se dispersaram, em transe não se consegue discernir entre certo e
errado. Quando você acha que está conhecendo alguém legal - sem se preocupar
com o tipo de vínculo que possa surgir - ou lhe foiçam o pescoço ou lhe pinçam
a veia. Cuidado, ao andar pelas ruas. Trovões anunciam a tempestade na tarde de
domingo. Minhas conhecidas, seus remédios. Seus vícios, antes do meu início. Preciso
morar num lugar onde não haja bocas, botecos nem farmácias...
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
O Juqueri É Aqui
Deixando a
profundidade de lado, onde em geral mergulham os seres ao encontro de suas
abissais convicções, imaginemos a próxima existência (pulei o “se houvesse”,
para dirimir as divagações religiosas que tentariam nadar junto nesse texto).
Existe e pronto. Ao menos, para embasar esta minificção. É certo que não se
pode levar nada daqui para lá, exceção feita ao legado, que é o nosso
aprendizado. Falo das lições que colocamos em prática, o exercício daquilo que
aprendemos, pois há muita diferença entre o saber e o fazer. Fulano sabe que
precisa de uma dieta, mas ainda não começou. Beldrana (eu prefiro com D pois
com T é pouco polaco ou enjoa) sabe que precisa falar com uma determinada
pessoa, mas ainda não a procurou. E Ciclana (eu prefiro com L pois com R é
muito italiano ou engorda) sabe que não o ama, mas ainda não terminou a
relação. Voltando ao futuro, estamos quase chegando lá.
A primeira
curiosidade, é saber onde será. Sim, vem antes da família na qual
desembarcaremos. Uns querem a praia, outros Paris, há os que preferem o pampa
e outros demais paraísos, mas a maioria mesmo vai para a puta que o pariu. Provavelmente, num lugar diferente do de hoje,
pois o objetivo da coisa cósmica é justamente aumentar o aprendizado, no mínimo as chances para transformar o saber em fazer. Não se pode aprender outras
coisas numa mesma faculdade. E põe diferente nisso. Você não reconhecerá
ninguém (perderia a graça), mas outros sujeitos que conviveram próximo ou
colados à você, estarão disfarçados de outros sujeitos, e se posicionarão de
acordo com o ensino, 'paratodos'.
Quem serão seus
pais? Você os terá? Irmãos? Avós? Família? Dentre os zilhões de possibilidades,
suponhamos que não. Você, desta vez, foi fruto de uma relação sexual (todos,
sempre somos) de carnaval, onde sua mãe estava bêbada e um vagabundo qualquer
se aproveitou dela, ela lembra vagamente a face do facínora, que livrou-se dos
espermatozoides e da pensão 'parasempre'. Aliás, os gametas masculinos estão enfraquecendo,
não apenas o cromossomo Y do homem, mas também perdendo o agudo acento (com C). Não
obstante, engravidam.
Sua mãe é atendente
de telemarketing. Ganha dois salários mínimos numa cidade na região
metropolitana de Buenos Aires. Você, bela gringazinha, de olhos
verdes, uma boneca de carne e osso. Chucky a estraçalharia de inveja. Natalia,
a mamãe, mora com sua vó doente numa quitinete que lhe toma 1/3 do salário para
o aluguel, complementado pela pensão da vovó. Você nasceu fofa e empobrecida.
Seu país (ou Estado) não lhe fornece auxílio além de uma creche pública em seu
bairro, onde as crianças vivem contraindo gripes e outras viroses, porque preferiram dar as mãos à mão invisível do livre mercado.
Sua família é de
outro extremo na região da Prata. Todos os amigos de sua mãe a rejeitaram em
função das dificuldades que já tinha, imagine agora. Mas ela é forte, resiste e
insiste em sua boa criação. Abdica de tudo e abandona o resto que lhe servisse
como lazer ou descanso, e passa o tempo todo a cuidar da filhota. Pelo destino, não foi demitida após a gravidez. Aquele binômio sorte/azar, só existe na boca dos sem argumentação. Às sete da noite, saía do serviço e pegava
você na creche, onde lhe deixava também às sete da manhã.
E assim se passaram
os anos. De visita, recebiam uma colega do trabalho dela, e a mãe de uma amiguinha
que você fez na creche. Sua mãe desistiu de amar alguém. Depositou sua porção/disposição afetiva 100% em você. Após sobreviver a um surto de meningite, você acabou
ficando muito magrinha, porém, mais inteligente, isso aos oito anos. Nessa época,
começaram a chegar as perguntas, nem todas sua mãe conseguia lhe responder. Por
exemplo, os dias de festa na escolinha que você começou o ensino fundamental. Dia
dos pais. Você tinha, mas não tinha pai. Algumas crianças debochavam de você sem
saber o que era deboche. Quando não se recebe educação, fica impossível
discernir o que é certo e o que não é. Você voltava para casa triste, depois de
comer bolachas com água como refeição, e sua mãe apenas disse que ele havia ido
embora antes de você nascer, porque ele tinha problemas de cabeça. Natais a três, sempre mirradinhos, anos nada novos.
Você cresceu e
perdeu a virgindade com um namoradinho do bairro. Mas sua mãe bem lhe orientou,
você usava preservativo. E ela fez de você uma excelente pessoa, lutadora, íntegra,
virtuosa. Vovó faleceu aos seus 17 anos sem ver você entrar na faculdade, era o
último sonho dela. Mamãe, de tanto cuidar de vovó, teve câncer de mama e também
faleceu em um ano. Sobrou você, formada em Farmácia e Bioquímica, aos 25 anos,
trabalhando na rede de uma multinacional, ganhando 4 salários mínimos, e
morando ainda de aluguel numa casa na periferia. Duas amigas da faculdade a
visitavam. Você se sustentava, vida simples, sem lazer. E pronto.
Passada esta pequena
e imaginária incursão no amanhã, volte para cá e me responda algumas coisas, sem
a habilidade que sua mãe futura terá para lhe responder. Aqui e agora. Quem são seus pais?
Você os têm? Irmãos? Avós? Família? A quanto tempo você não vê um deles? Que não conversa
com eles, coisas importantes da existência. Ah, seu pai já morreu, me desculpe.
E sua mãe? Como você trata ela? Ela já é velhinha? Quem cuida dela? Não mora
com você? Você leva presentinhos, remédios, doces e flores de vez em quando?
Não? Mensagens, ah.... você manda mensagens... sei. Seu irmão não fala mais
contigo, vocês brigaram na infância e ele abortou-se da família: tudo bem, aí
não é culpa sua. E os seus filhos, onde estão? No celular, enviando mensagens,
o mesmo que você faz para sua mãe. Tá, né...
Lá ou cá, existem
coisas que sempre existirão. Pela ordem. Irresponsabilidade, pela vulgarização
das relações. Preconceito, pela falta de consciência do que seja alteridade.
Misoginia, pela supressão dos direitos femininos. Prevalência do interesse
privado sobre o público, pela mínima intervenção do Estado no social (escola, saúde, moradia,
trabalho, lazer). Indiferença, pela inversão de valores essenciais ao ser enquanto humano. O mundo, parece que não mudará.
Você, estará acolá neste mundo novamente. Não necessariamente vivendo sob as condições dessa hipótese, talvez
você nasça num hospital em Mônaco. Convenhamos, é quantitativamente difícil. Mas
sem especulações, fica uma dica. Repare em seu legado, o que você faz hoje em
dia, que você poderá tranquilamente fazer por lá.
O que até agora você aprendeu
de verdade, leitor(a)? E o que você deixará? Deixará como lição, como
lembrança, como afeto. Sim, agora mergulhe em suas convicções e diga à você
mesmo o que você consegue enxergar lá no seu fundo. Quem está por lá? O seu
pai de hoje? Ou quase ninguém, como será na próxima vida? Depois, vá para a frente do
espelho, a reconhecer quem você é neste momento. Na superfície do tempo. Reflita, nade,
boie, mergulhe. Até saber o que lhe falta como suprimento para uma boa
viagem...
Contraponto baseado na poesia de
Paulo Leminski:
“Para ALÉM da curva
da estrada
Talvez haja um poço,
e talvez um castelo,
E talvez apenas a
continuação da estrada.
Não sei nem
pergunto.
Enquanto vou na
estrada antes da curva
Só olho para a
estrada antes da curva,
De nada me serviria
estar olhando para outro lado
E para aquilo que
não vejo.
Importemo-nos apenas
com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante
em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para
além da curva da estrada,
Esses que se
preocupem com o que há para elam da curva da estrada.
Essa é que e a
estrada para eles.
Se nós tivermos que
chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos
que lá não estamos.
Aqui só há estrada
antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva
nenhuma.”
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