terça-feira, 25 de outubro de 2016

36 Cores à Sombra




 Um pedido de desculpas 
 Faço ao senhor das letras 
 Que fui arredio aos poemas 
 Por detestar as rimas 
 Para mim algemas 
 Nos pulsos de minha única liberdade.. 


 Eu viajei sem combinar 
 O mar com o ato da partida 
 E sem sonoridade em meu conto 
 Sigo solto sem ferida 
 Que o sal marinho arderia 
 Caso eu não contasse que aqui chovia.. 


 No lugar que não cheguei 
 Há uma grinalda furta-cor 
 Na porta da varanda encerada 
 Ladrilhos emprestam sol 
 Um mundo ao contrário 
 Dentro de mim, talvez mesmo aqui.. 


 Uma notícia só minha 
 Desponta no precipício da garganta 
 Olha para fora da boca 
 E volta ao conforto do silêncio 
 Aquele hotel de mentira 
 Onde abrigamos nossos medos da verdade.. 


 E o grito imaginou-se livre 
 Saiu do cárcere do peito 
 Para ecoar no pensamento 
 Brados da força-mente 
 Avisando a toda gente 
 Que eu ainda permaneço na plateia.. 


 A face do céu é a única que eu vejo 
 Tão longe, Mas agora 
 chora sobre mim o Frescor que não esfria 
 Ontem sol ou riso, Que me aquecia 
 Então vem da natureza o que não sai dos humanos 
 Assim é o meu olhar Voltado para cima e só o azul cativar.. 



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