sexta-feira, 29 de julho de 2016

Solidância (haja redundância ...)


 A solidão 
 É algo sempre novo 
 Feito o pesquisador, 
     incansavelmente surpreso diante de seu objeto 
 Não para demonstração à ciência 
 Mas para a compreensão de seu significado 
 De seu alcance 
     diz-se, 
     da beleza de ser incompleto... 


 A solidão 
 Enche o carrinho do supermercado 
 De coisas totalmente não essenciais.. 


 Ah, solidão 
 Onda permanente 
 Vive quebrando e formando 
 Na praia dentro da gente.. 


 Quando a solidão se for 
 Enfim, entristecerei 
 Por ter aprendido com ela 
 Sobre a utopia de toda companhia... 


 Ei, Solidão 
 Trato-te com maiúscula 
 Na tentativa boba 
 De alcançar teu tamanho ao meu redor... 


 Seria injustiça 
 Haver amor apenas para casais 
 Os solitários seriam discriminados.. 
 Não que eles amem 
 Pois eles nem são amados 
 Mas, assim como os cegos 
 Eles conseguem ouvir, 
     que há amor por aí... 


 O prato vazio 
 Na frente do peito 
 Enche de sopa fácil.. 
 Poderia ser pior 
 Um outro prato, 
     vazio ao lado do prato cheio 
 E um rango com o destempero da ausência... 


 Caminhar, 
 Passear a pé, 
     tudo bem.. 
 Mas de mãos dadas, 
     o que é isso? 
 Já não sei mais 
 Também nem sei se é menos 
 Talvez um abraço isolado 
 Valesse tanto quanto aquilo... 


 Para quem tem companhia, 
     uma verdadeira companhia 
 A solidão é nada.. 
 Então, para que ler isso aqui 
 Espécie de dialeto em Guarani? 


 Combinar outras palavras, 
 Para uma mesma sensação 
 Busca d’ riquezas 
 Que traz essa tal solidão... 


 Aprender gerar calor sozinho 
 Fazer fogo sem paus 
 Programa de sobrevivência 
 Na selva capital.. 


 Não, garota 
 Não se aproxime do eremita 
 Seja de longe sua inspiração 
 Um referencial para a reclusão 
 Tal a lua e o pescador 
 Impossível beijá-la 
 Basta a ilusão do firmamento... 


 Não se pode ensinar solidão 
 Ninguém quer aprender 
 Por isso eu escrevo sobre ela 
 Não precisa alguém ler 
 Para que ela me sirva de janela... 


 A solidão, 
 Não está no recado que não chega 
 Ela mora na vontade que nem sai... 


 A solidão 
 É a carruagem da criatividade 
 Só não há cavalos 
 Porque não existe mais destino... 


      "Lonely Stranger" - Eric Clapton
       cover by Irina Timashova




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