Uma
ligeira aversão ao público desenhou-se em minha paisagem. Seja quem for, de onde
vier. Mais de dois, já é multidão. Coitados, eles não têm culpa: é minha a
intenção. Começo a querer ficar longe das gentes e seus mundos. Não tenho mais
estômago para conviver assim socialmente. Já fiz a minha parte, foram décadas
de doação, ouvidoria, conselhos e auxílios. Parei num bairro da cidade onde eu
ainda insisto, displicentemente, até reconhecer isso. Não há mais nada para escutar, saber nem
sugerir. Comunicar, deixou de ser a questão. Um descaso integral pela notícia, de
qualquer natureza, é o que me vem à boca da razão. Fui tomado pela indiferença
generalizada, preciso deixar o povo aos seus próprios cuidados. Minha força
residual, será empregada em meu favor, na direção contrária deles, todos os
outros. Secou minha fonte lacrimal, das alegrias já não sorrio. Não preciso
continuar aqui, se já não mais oscilo entre emoções, afetos, sonhos e desejos. Já
não construo mais passado, alijei-me do tempo. Talvez eu leve algumas frutas,
no caminho a pé para onde eu não tenho mais que chegar. Enquanto Zaratustra
desce o monte, eu parto para sua transposição. Não nos cruzamos na estrada; a minha estrada
era um rio...não havia barca sobre este rio. As pessoas interferem em nossos
cursos de navegação. Restamos em círculos, voltamos ou até mesmo mudamos de
sentido, inventando deltas, múltiplos ou plurais. Infelizmente, nós só vamos adiante, quando
sozinhos. O estuário, é um destino particular...
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