domingo, 10 de julho de 2016

Pela Casa fRIA....




Reuni algumas palavras neste inverno
Fiz uma fogueirinha
A fumaça de poesia
Já aquece a casa minha..
Não é poesia
Não é minha casa
Mas é só isso
Que me dá asas...


A casca do pinhão,
    no chão
No escuro, parece uma barata..
Porco amor
Aquele que só é visto às claras..


O homem tira o pó da casa
Logo depois,
    o pó volta à casa
Um pouco mais,
    o homem ao pó...


Aquele chuveiro maldito
Que mal criava no inverno
Hoje, já nem tão cruel assim
Perto da bruta solidão em mim..


Televisor
Objeto sem cor
Enfeiava a decoração
Que foi pro porão..


A terra seca do quintal
Minha garganta e o Fluviral
Intifada particular
Contra a estação da morte..


Oh, sinusite
Ensina-me o valor do oxigênio
Que eu ainda desprezo,
Assim como faço,
    com todos os olhares..


Ceroula preta
Sem porta da gaiola
Pássaro encolhido
E a recusa de voar lá fora
Se não tem Aurora
Onde ele possa piar..


Sonhei com ela
Vestido florido
Sobre o ventre nu..
Por alguns instantes,
    uma noite quente
Mas eu não sabia
Ingênuo,
    dormia...


Sol fraco
Cortinas abertas
Mas se abro as janelas
Sei que o frio sou eu...


Água potável
Mineral
Gelada fora da geladeira
E uma taça de cristal
Brindando a dispensa de luz,
    um viva ao desamor..


Cobertor tão imenso
Que se ao lado houvesse um amor 
Viraríamos incenso...


A xícara de café
É a mão da companhia inexistente
Um afago quente
Para este coração sem fé..


É preciso dois cobertores a mais
Para cada corpo a menos,
    na vida horizontal..


Tudo limpinho,
Para ninguém
É o que sempre tem
Além do chá de alguma coisa...


O silêncio absoluto na outra casa
Irmana a solidão que não merecemos
Apenas escolhemos,
Pelo medo fraterno da voz..
    a voz que abraça
    a voz que afaga
    a voz que duplica
    é a voz que unifica...





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