O que vem por aí?
Uma nova estação. Vai demorar um pouco, ainda. E o que ela trará? Ela não pode
trazer as mesmas coisas para todos. Provavelmente, ela trará aquilo que cada um
precisa. Uma mesma estação, trazendo coisas diferentes e distribuindo-as como fazem
algumas entidades doando presentes de natal aos necessitados... talvez essa
analogia caiba... melhor não, eu erro também. Não estamos todos necessitados, sobrevivemos
conforme a nossa arte da guerra. Também porque a sua chegada, não fosse o clima,
seria apenas simbólica, como todos os outros intervalos do tempo inventados pelo homem por simples convenção. Enfim, como
algo pode vir pendurado nas asas de uma estação? Não, isso é materialmente
impossível. Esse jeito indomável de refletir que a Filosofia me ensinou,
ajuda-me no encontro de algumas respostas. Isso! Encontro! Penso que as coisas
do porvir, elas não vêm do nada, ou de uma fábrica cheia de anões no hemisfério
norte, não. Elas, no fundo, estão por aí, já existentes, esperando construção. Aguardam
a ação do tempo e, sobretudo, movida por nós mesmos! Um movimento que leva ao
encontro. O frio se aproveitou de nós o quanto pôde. O passado também. Outra
estação, nova chance. Quem sabe nos depararemos com algo que não precisamos,
mas que possui caráter fundamental? Estamos todos prontos? A ponto de recusar
uma nova estação? Juntamente com suas oferendas? O que você fará quando lhe
telefonarem oferecendo um novo emprego? E se aparecer em seu caminho um filhote
de cachorro abandonado olhando para você como se fosse um amigo perdido? E se
finalmente desocuparem aquele imóvel dos seus sonhos no bairro que você tanto
gosta? E se aquela calça preferida lhe entrar no corpo com folga após meses de disciplina? E se Keyla Vilaça vier cantar & tocar em sua cidade naquele teatro
aconchegante? E se você encontrar outro jardim em seu caminho, em que você
possa passear conforme recomenda a natureza? E muito mais do que isso: se houver um canteiro seu nesse
jardim? Também sou avesso às especulações. Estou preparado para o passado e
para o agora. Mas se vier o futuro e tudo continuar assim como manda uniformemente
o destino, não haverá problemas, é também para isso que criamos o nosso conhecimento,
nossa reserva legal. No fundo, não importa a estação e sim a mudança, seja
quando for: como somos racionais, escolhemos datas para o reinício das ações. Acontece
que eu sou totalmente leigo e eu não sei absolutamente nada sobre os perfumes
das próximas estações. O que eu sei, é fingir como os poetas, colocando estórias sobre as
folhas, partes de um todo que não sentem...
De Janeiro a Janeiro / Roberta & Nando
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