segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Moradas & Namorados



As pessoas não escolhem muito bem aonde vão morar. São muito pouco exigentes, a maioria indiferentes. Se já estão naquela cidade, talvez o bairro lhes interesse. A rua, nem tanto, aquela casa ou apartamento serve, está bom. Ninguém pensa nos vizinhos, nem nos arredores. E assim, vão preenchendo os vazios imobiliários dali, mais por pressa que atenção. Passa um tempo, lamentam. Mas agora está difícil de mudar. Além dos custos, são raras as ofertas de imóveis bons na região, que caibam dentro das necessidades e de condições de toda natureza. Então, permanecem ali, as pessoas. Convertendo frustração em não prioridade. Jogando nas mãos do tempo, a lida com seu espaço. É o jeito, que virou costume, depois tradição e incorporou-se à cultura do povo, mais um pouco seria lei. Tanta passividade, que resolveram fazer o mesmo com a companhia, seu par. Não escolheram muito bem, não foram exigentes, levaram com indiferença, poderia ser o verdadeiro amor, esse serve, está bom. Pra quê pensar nas consequências? Nas expectativas? Isso é coisa para o futuro, que a nós não pertence. E assim foram preenchendo os vazios afetivos dali, mais por pressa que atenção. Passa outro tempo, lamentam. Mas agora está difícil de mudar. Além de tudo, são raras as pessoas boas na região, que se adaptem em afinidade e reciprocidade com outro ser humano de mesma natureza. Então permanecem ali, as pessoas. Convertendo frustração em conformismo. Jogando nas mãos do destino, o dever com seu compromisso. É o jeito, que virou costume, depois tradição e incorporou-se à cultura do povo, mais um pouco seria lei. Tanta omissão, que o ciclo casa-coração se fecha, formando um círculo delimitado dentro do qual as pessoas transitam cheias de pompas e circunstâncias próprias da rotina. Sabemos que existem os imprescindíveis, rompedores de tradições e círculos, que convivem muito bem na plenitude os novos amanheceres. Estes, não têm pompas e previnem-se contra as causas. Minoria, raridade, sabedoria. Por fim, um terceiro tipo de gente: os solitários. Nem dentro do círculo, nem rompendo ele. Para os solitários, mais vale uma garrafa de vinho com taça única e por isso sem brinde, do que o paladar insípido de quem ainda está por ali porque não soube escolher onde morar, ou porque nem imaginava o significado do amor.. 



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