sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Invernal




fogo
o sol nasceu hoje, em círculo
aos poucos,
foi perdendo a vergonha da cidade
e se tornou da cor das pessoas dali
desbotadas, pálidas..
qualquer dia virá amarelado
da cor da bomba nuclear
e todos terão vergonha,
    por não terem sorrido na véspera..     


gosto de mulheres
de ombros largos
cabelos longos
lábios carnudos
seios pequenos
não turbinadas 
totalmente depiladas
e com dedos finos
maiores de idade
e de poucas restrições
para a linguagem
para o sexo
e para o fim...


não tive parentes que me contassem histórias
nem amigos que me trouxessem exemplos
sequer outras pessoas que fizessem algo semelhante
por isso,
sorrio com Luque
me emociono com Daíra
me excito com Tina
e me liberto na solidão...


a música ensina
sugere um abraço
e o beijo bem devagar
para ter tempo de se apaixonar
mas a história foi veloz
atropelos
sangue de açúcar
sobre o asfalto encabulado..


um dia,
tudo mudará
ele chegará sorrateiro
ela vai abrir a porta
sem surpresas,  
    que o inevitável não admite
mas a disparada
dos corações
     e pulmões
organismos bobos
que antes não viam o céu
e a conversa das estrelas
sobre eles,
    os amantes
    errantes
    mas ainda encantadores...


a água quente
da chuva do banheiro
passa pelo meio dele
que se altiva,
pensa nela
e chora
lágrima de cor primária
vestido dela
combinando,
apenas com o sonho que não se esgota...
   

sexta-feira
ela na noite
em sua banheira
lânguida
desliza a mão direita
entre as coxas
entre os lábios
e permanece
e movimenta
chamando ele
que não vem
já está
ela nem sabe
é só falar...


um vento
redemoinha meu impossível
porção amor que eu não tenho
mas roda, gira
porque voltou
e eu ainda não sei o quê
eu jamais poderei entender
em quantos círculos de fogo
essa mulher me faz
morrer..


comer
é a principal fuga,
da sede de viver.


venha
me chame
ou qualquer coisa assim...



Nenhum comentário:

Postar um comentário