terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sessão Hardy sem Lippy




Tinha pó de café sobre a mesa escura, 
    o pano branco revelou.. 
Havia mágoa naquele semblante retraído, 
    a lágrima não escondeu... 


Meus cadernos 
E demais tantas folhas soltas 
Baú simbólico 
Onde guardo o que jamais verei 
Pois sempre é a mesma coisa 
O que eu invento são outras formas 
Tentando justificar a ausência, 
    de novos tempos lá fora.. 


A minha força se esvai 
Nós que desatam 
Libertando minha prisioneira 
Solta na prisão do pensamento 
A mulher que eu escondo 
Em cativeiro de insucessos... 


Minhas mulheres renderam 
Não belos relacionamentos 
Apenas textos ligeiramente interessantes 
Mesmo sem protagonistas 
Em estórias que eu não escrevi com agás... 


Não vou pintar o meu cabelo 
Faço de conta que é neve 
Caída sobre um sonhador tropical 
Que não soube viajar no amor 
Não havia cores 
Bilhetes 
Ou passagens para algum lugar apaixonável... 


Festas 
Reproduzem cores escondidas 
Aparentando alegrias 
Fogo seguido de cinzas 
Para dizer que um dia 
Arderam em carne 
Passaram pelas avenidas, 
Salões ou praças 
Exceto alguns lugares altivos 
    onde não conseguiremos chegar... 


A melhor hora para escrever 
É quando se está bem lá no fundo 
Quando vemos as cores dos nossos corais 
E pintamos aqui fora 
O que não dá para tirar de dentro... 


Nunca se elogia um amor alheio 
Mesmo que verdadeiro 
Ele não admite sair dos dois 
E despontar na ideia de alguém 


A bunda de Ellen 
Ou o cu de Roche 
A buceta de Sato 
Ou a vagina de Sabrina.. 
Onde fica o limite 
Entre a notícia de uma pessoa 
    e os segredos de seu corpo? 


Mulheres, todas vocês 
Afastem-se dos poetas 
Eles nunca deixarão de escrever, 
Sobre outras mulheres.. 
Mesmo que escrever seja apenas ficção 
De natural, 
    Somente o desembarque de frases.. 


O ano da pinga 
Porre continuado 
Embriaguez permanente 
     e ele não era bêbado 
Apenas deixava de ser sóbrio 
    diante do impossível... 


Bem sei 
Que meus últimos dias, 
    aqui 
Serão de correria e congestionamentos 
Solidariedade e solidão 
Mas... 
    aqui aonde? 
Nesta cidade, 
    ou no mundo? 
...doce mistério, 
Que põe muita graça neste viver... 


Os nômades, 
    às vezes precisam dormir. 


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