domingo, 28 de fevereiro de 2016

(di) Vagando sobre “O ESPAÇO”




 Por que escreve neste espaço? 
 Por simples equilíbrio: 
     prefiro que ninguém me leia 
     do que ninguém me escute... 


 Quem muito oferece a sua casa 
 Desacostuma-se, 
 Com os convites para outros lugares 
 Com os outros lares 
 E com todas as novas possibilidades... 


 Ao lado, 
 Um par de travesseiros, sem dona 
 Já não há, nem é mais espaço 
 Eles são meus 
 Os travesseiros 
 E principalmente, os vazios.. 
 Vazios não são lugares 
 Vazios são o infinito, 
     em forma de espumas... 


     aquele casal, 
 um escolheu viver o outro 
 matando a si mesmo.. 
 copiaram um nome, 
 e certa coragem para chamar de “amor”.. 
 mas há o medo 
 de escrever isso na dupla lápide, 
 disfarçada na porta da casa 
 sob uma grinalda de plástico... 


 Se se deixa um jardim 
 Não se deve abandoná-lo 
 Preparar sim 
 Para que alguém possa nele, 
 Vir a cultivar 
 Aquilo que não plantamos direito.. 


 O que cabe no teu coração 
 Se o meu desamor, 
 Não coube em mim.. 
 Deixei-o num antiquário 
 O mesmo, 
 De onde tu nunca me tiraste... 


 Ela perguntou para sua irmã 
 Por que razão ele não tinha ninguém.. 
 Essa tal tradição de costumes 
 Ainda vai conservar muita gente 
 À beira de seu próprio caminho... 


 A vida 
 Pode ser uma engenharia permanente 
 Onde continuamos a arquitetar 
 Lugares ao nosso redor 
 Escolhemos,
   depois de terrenos e edificações, 
     alguns móveis 
     eletrodomésticos 
     objetos decorativos, 
 e as pessoas, as quais, 
 infelizmente quando estragam 
 hesitamos em trocar... 


 sozinha 
 na noite da casa 
 não sabe que longe dali 
 faz companhia 
 para outro coração bobo... 


 praças 
 eram lugares tão alegres 
 hoje, 
 recebem pessoas ligeiramente tristes 
 as verdadeiramente tristes 
 não compõem paisagens... 


 há alguém 
 sempre por perto 
 em todos os momentos 
 e ao mesmo tempo não é ninguém 
 porque sua voz está dentro de mim... 


 não era marceneira 
 montou divisórias em seu pensamento 
 separou tudo e todos 
 mas a defesa relacional, 
 deixou um salão enorme em seu coração 
 gente misturada 
 sem chaves de hotel 
 podiam ficar em qualquer canto 
 porém, 
 sentimentalmente irreconhecíveis 
 indiferentes 
 e dela desabrigados... 


 deixe o espaço virtual 
 fora da realidade de cada um 
 misturar as coisas 
 é só para os miseráveis.. 


 como é fácil falar do tempo 
 e tão difícil escrever sobre o espaço.. 
 só ocupo um lugar 
 depois de tantas chances 
 e das raríssimas oportunidades... 




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