Bem
Antes do Depois...
O
aprendizado.
Um texto descoordenado, porque vem da
vida. Esse turbilhão que tentamos controlar, meio que em vão. A verdade
relacional. A cada relação, um ensino ofertado a quem esteja disposto a
aprender.
Então aqui está, aquela verdade que
não vem à tona facilmente, mas não deixa de esconder a direção das correntes
que damos à nossa navegação, em função da tábua das marés, as aulas. Atenção,
reflexão e um pouco de perspicácia são materiais necessários para mergulhar
fundo neste mar de humanidade; abaixo os escafandros, os cilindros, as máscaras
e até os snorkels. A imersão há de ser nua, livre e por isso adequada para todo
discente.
Fosse o vento, procuraríamos nos
posicionar em terra em favor de seu sentido, muito além da direção. Acompanhar céus,
observando estrelas e tantos outros sóis em tempo suficiente para poder
compreender as coisas do jeito que são e, principalmente, como não serão. É...a
maneira pela qual lançamos nossa voz ao vento...para onde ela vai, aonde fica, propagação e alcance, seu significado.
Mas também poderia ser a terra, esse
emaranhado de espaços que ora são metrópoles, ora desertos, presenteando-nos
com o livre-arbítrio de escolher caminhos a cada amanhecer, lanternas à noite.
Uma bússola no peito, o norte cravado na consciência. A habilidade em lidar com
a viagem, esse dom latente na maioria das pessoas, tal qual a potência para a
transformação, para a emancipação e mais o que for.
Quiçá o fogo, a misteriosa arte de
combinar valores, identidades, e aquele requisito fundamental de todo e
qualquer relacionamento sem importar sua natureza: a reciprocidade. Aquilo que
me faz prolixo, pleonástico, de tanto apontar pelos meus cadernos, u’a condição
existencial que beira a utopia, sem queimar. Chama que, uma vez acesa, desafia
tempo e espaço, quando é soberanamente livre para irradiar sem raio, avermelhar sem cor, arder
sem dor.
Quatro elementos, representando cada
um deles, um sentido. Respectivamente: visão (água), audição (vento), tato
(terra), paladar (fogo). Não me perguntem sobre olfato, posto que é exercício
em comum, presencial a dois, particularidade a qual estou impossibilitado de
descrever no momento. Faltou um sentido, acabaram-se os elementos.
Uma analogia barata, na tentativa de
discorrer sobre a solidão. O que tem dentro da solidão? Como alguém pode ser
só, se traz consigo elementos de seu passado? Coisas que não evaporaram nem afundaram,
nem se dispersaram tampouco ressecaram, nem viraram pó ou se desintegraram, ainda
não restaram em cinzas...ou seja, aquilo tudo ou aquele pouco que não
conseguimos transformar das relações pretéritas, fazendo do passado um livro em
nossa estante. Acessível a todo momento. Às mãos, aos braços, ao colo, ao peito.
Memória, um antídoto para a ausência.
Não. Enquanto alguém trouxer em sua
bagagem algo que ainda persiste, isto será muito mais do que história. Ouso até,
dizer que não há solidão nestes casos. As pessoas optam por carregar o balaio conhecido,
mesmo que sem frutos, ao invés do enfrentamento às novas sementes, outras culturas,
novas possibilidades, outras colheitas.
Escrevemos o passado com a maestria
de um regente, sem saber senti-lo como um professor, instruindo-nos para o
próprio presente. Nossa imperfeição evolucional quanto à espécie, impede de
discernirmos questões temporais, estabelecendo limites, dando certezas, criando
chances. Minimizamos (a falta de) perspectivas, preferindo o mais do mesmo, a
contemporânea zona de conforto. Por isso as lembranças...a saudade...as
reminiscências...e inevitavelmente: os bloqueios.
Esse tipo de solidão – que eu chamo
de incompleta por não ser livre – é um traje típico que se veste para dançar a
vida atual, não sem desenhar sobre o salão, os passos do que já se foi.
Por isso eu não acredito no amor. Não
tenho comigo a ilusão de manter esperança em encontrar alguém completamente
livre para poder e, sobretudo, saber amar.
Sim, existe amor por aí. Até aquele
no qual eu não acredito. Mas a grande maioria, é de estereótipos convencionais
para trânsito no meio social. Algo como supressão de carências, soma de
frustrações, divisão de bens e multiplicação de favores. Portanto, existem
vários tipos de amores.
Também existem várias formas de solidão.
A pior delas, é aquela que não é tão só assim, por não ter transformado em
definitivo seus antigos elementos, não ter obedecido à lei maior da natureza. Uma
intermediária, é a que não tem necessidade de perguntar.
Mas a melhor das solidões, a legítima, é aquela que
não precisa da chave de nossa casa...
- baseado no texto de Cibele.
Moral da estória: “se o amor fosse
uma grandeza atemporal, as ampulhetas seriam horizontais...”
música incidental >>>>
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