domingo, 23 de fevereiro de 2014

hERMENÊUTICA <> gO wITH hAPPINESS / gLEN hANSARD & mARKETA iRGLOVA


SINOPSE 
Esta suave canção de “The Swell Season”, criada por Liam O. Maonlai, fala sobre um breve recorte do cotidiano, situação em que dois corações se cruzam, mas percebem-se estranhos, então deixam algo ir embora, desejando mutuamente felicidades na continuidade dos caminhos, divergentes mas racionalmente retilíneos... 


 "gO wITH hAPPINESS" 
 lIAM O mAONLAI  
by mARKETA iRGLOVA & gLEN hANSARD 


  SOSTENUTO  
Teus olhos desviaram dos meus, sufocando um bastardo sorriso que eu trouxe por indicação à sala de estar, aquele cômodo sob a noite sem estrelas. Lá onde eu fiquei sem dúvida alguma a respeito da impossibilidade de aproximação, pois me trouxeste todas as respostas que sequer questionei. Bastou observá-la, muito mais que percebeste, para concluir um desencontro marcado. Algo que permite juntar palavras do teu autônomo vocabulário, sem relacioná-las com minhas frases imodestas. Tens a arte em ti, por isso sabes manusear as criações com habilidade, até mesmo antes delas se tornarem simples possibilidades. Uma névoa encobre tua imagem, defesa antinatural que escolheste para te afastar, daquilo que precises considerar eventual, corriqueiro ou descartável. Talvez seja muito pouca liberdade para quem tem um aprazível mundo, não digo a ser mostrado, mas minimamente contemplado em narrativa, ou seja, a tua história. Conduta, louvável que eu sei, caso desconsidere-se que se está frente a determinado tipo de beleza, inacessível de compartilhar. Digo-te que foste exímia em comportamento, arredio mas não fugitivo, consciente mas não desejoso. Teus segredos permanecerão mistérios, enquanto levares a vida olhando para o chão ou para as paredes. Mas tenho a certeza de que, as tuas lágrimas, são conduzidas ao sereno do vento noturno pelo som proveniente do instrumento maior. Sorte tua, é que eu não te vi ao piano, o que significaria saber-te além das cordialidades, da boa educação e das etiquetas. Como é bom limitar-se às futilidades das opiniões rasteiras, comentando apenas sobre teu corpo sedutoramente presencial. Como é bom ratificar a minha desnecessidade de ter uma companhia e quase covardemente ver alguém assim indo embora pela madrugada adentro. Como é bom não conhecer alguém que poderia com harmonia bem nos conduzir pela vida. Assim, proíbo-me de imaginar-te, do sorriso, dos abraços, enfim, da tua sonoridade que aquele vento levou embora, por causa da serenidade das noites precocemente amanhecidas... 


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