SINOPSE
Esta suave canção de “The Swell
Season”, criada por Liam O. Maonlai, fala sobre um breve recorte do cotidiano, situação
em que dois corações se cruzam, mas percebem-se estranhos, então deixam algo ir
embora, desejando mutuamente felicidades na continuidade dos caminhos, divergentes
mas racionalmente retilíneos...
"gO wITH hAPPINESS"
lIAM O mAONLAI
by mARKETA iRGLOVA & gLEN hANSARD
by mARKETA iRGLOVA & gLEN hANSARD
SOSTENUTO
Teus
olhos desviaram dos meus, sufocando um bastardo sorriso que eu trouxe por indicação à
sala de estar, aquele cômodo sob a noite sem estrelas. Lá onde eu fiquei sem
dúvida alguma a respeito da impossibilidade de aproximação, pois me trouxeste
todas as respostas que sequer questionei. Bastou observá-la, muito mais que
percebeste, para concluir um desencontro marcado. Algo que permite juntar
palavras do teu autônomo vocabulário, sem relacioná-las com minhas frases
imodestas. Tens a arte em ti, por isso sabes manusear as criações com habilidade,
até mesmo antes delas se tornarem simples possibilidades. Uma névoa encobre tua
imagem, defesa antinatural que escolheste para te afastar, daquilo que precises considerar eventual, corriqueiro ou descartável. Talvez seja muito pouca
liberdade para quem tem um aprazível mundo, não digo a ser mostrado, mas minimamente
contemplado em narrativa, ou seja, a tua história. Conduta, louvável que eu
sei, caso desconsidere-se que se está frente a determinado tipo de beleza,
inacessível de compartilhar. Digo-te que foste exímia em comportamento,
arredio mas não fugitivo, consciente mas não desejoso. Teus segredos
permanecerão mistérios, enquanto levares a vida olhando para o chão ou para as
paredes. Mas tenho a certeza de que, as tuas lágrimas, são conduzidas ao sereno do
vento noturno pelo som proveniente do instrumento maior. Sorte tua, é que eu
não te vi ao piano, o que significaria saber-te além das cordialidades, da boa
educação e das etiquetas. Como é bom limitar-se às futilidades das opiniões
rasteiras, comentando apenas sobre teu corpo sedutoramente presencial. Como é
bom ratificar a minha desnecessidade de ter uma companhia e quase covardemente ver alguém assim indo embora pela madrugada adentro. Como é bom não conhecer alguém
que poderia com harmonia bem nos conduzir pela vida. Assim, proíbo-me de imaginar-te,
do sorriso, dos abraços, enfim, da tua sonoridade que aquele vento levou embora, por causa da serenidade das noites precocemente amanhecidas...
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