METROPOLITANOS
A cidade, é nada menos do que um grandioso e bestial
condomínio. Vizinhos de todos os tipos, em almas de todos os credos, algumas
inclusive sem fé. Corpos de todos os jeitos, em organismos de todos os gostos,
alguns inclusive sem vida. Estes e tantos outros perambulam diuturnamente entremeio
a obras de engenharia. As ruas são corredores que permeiam-se pelos bairros
blocos. Um síndico qualquer foi eleito pela maioria ignorantemente
despolitizada para administrar o impossível. Uma infinidade de cinza para quase
nenhum verde dá o tom matriz do ambiente urbano. Gente produzindo lixo
inorgânico e abandonando-o pelos prédios portarias. Habitantes moradores
respirando fumaça invisível pensando ser oxigênio. Banham-se de chuva ácida se
sentindo refrescados. Partes comuns são nada ideais, não dando espaço para o tempo.
E o mau cheiro que predomina nas escadarias, pelo soterramento de rios poluídos
de correnteza morta através de enormes máquinas cor de ouro e prata. Já não se veem
mais crianças nas praças pátios, por existirem todos os tipos de vizinhos e seus
respectivos perigos revelados pela notícia nos aparelhos murais. A cidade, que poderia
ser muito mais do que um bestial e grandioso edilício, ora imponente removendo o
azul do céu da contemplação por parte dos habitantes moradores, ora tombado pela
vontade pontual do plano diretor, sempre expondo a cor predominantemente pálida do
presente. Todos se deslocam entre duas manhãs, no mais previsível cotidiano que
se transformou passivamente em rotina satisfatória. Pergunto-me se, para saber qual seria o futuro
da cidade, alguém teria de ficar aqui...
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