E se eu te abraçasse amanhã? Descerias do céu antes ou depois deste amplexo? Nota que as dúvidas estão todas contigo, disfarçadas de uma única certeza. Trabalha melhor esta, posto que é equívoco, indução a que foste levada por tradição, razão de tua busca sempre tangencial. Incrível é que vives no mundo celeste da grande angular, e mesmo assim não avistaste ainda com os olhos certos o teu amor maior. Passou por tantos outros, elevou com muito esforço a ti, os coitados de âmago despojado, todos passageiros itinerantes, quedaram-se em vão. Encerra logo essa tua trôpega marcha alheia, porque sabes muito bem onde deve ser cadente. Basta afastar-te das nuvens inventadas e voltar tuas mãos na direção daquele meu abraço. Quem sabe - e dependerá apenas onde deitares teu colo - terás o carinho que mereces, bem conduzindo esse teu coração trajado a rigor que vejo nu por reconhecer que eu te amo...
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece
como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer
entendimento."
- CLARICE LISPECTOR
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