sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Contos sob a copa das Araucárias


 OS ESQUIMÓS TROPICAIS 



Ela disse que não tinha sonhos. Perguntaram-lhe de novo, ouviu-se a mesma resposta, mas com um pequeno disfarce, uma ligeira fuga, humilde maquiagem dizendo que seu sonho era apenas viver. E eu ainda não compreendi o que ela tinha dito. Como poderia uma pessoa ser destituída de sonhos...provavelmente, alguém os roubou. Então há mais alguém além da própria vida, que rouba sonhos por aí. Porque os sonhos dela, não foram roubados pela vida, já que ela afirmou querer apenas viver. Pois ela achava que aquilo ali era a vida, portanto a reconheceria quando deparou-se com ela, se fosse a mesma que tivesse roubado seus sonhos. Para ela tudo estava normal e satisfatório, apesar de tudo ser claudicante. Então eu penso que para aquele que não sonha, é inimaginável o futuro. Este, deve ser somente o dia seguinte. O depois de amanhã, já não existe. Porque não existe futuro, pela mesma razão de não existirem os sonhos, ambos roubados. Seria preciso identificar o ladrão dos sonhos entretanto...mas...e o produto do roubo, para onde teria ido?  O receptador de sonhos! Sim, mais um criminoso na história. E mais outro, o comprador de sonhos roubados...características de uma quadrilha, com clareza. Então, são muitos os bandidos dos sonhos alheios. O grande problema, é que não é crime roubar sonhos. Por isso os governantes não vão presos. Assim, compreende-se mais facilmente sobre aqueles que não têm sonhos... 


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