quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Poesias Atropeladas em Ponto de Ônibus



[Ele não queria chamar a atenção. É que a poesia, é a forma mais discreta, elegante e desapegada de se olhar alguém. Fosse indiscreta, seria anúncio e não poesia. Fosse deseducada, seria ofensa e não poesia. Fosse apego, seria convite e não poesia. O não costume, afasta eventuais perfumes...]

[Tomei chuvarada. Depois, não tomei banho quente. Demente, e hoje doente, pois me esqueci dos ensinamentos da vovozinha...]

[A fotografia. Meu veículo de fuga para onde eu queria. Ir sem companhia alguma. Isento de paixão. Desviando dos opacos da bruma, até ver uma cor imaginária. Que eu possa senti-la, tão ordinária quanto a solidão, estampada no deserto dos meus álbuns reais...]

[Seus sonhos, são só seus. Nos meus sonhos, há muito de ti. Como em teus seios, corpo nu onde escrevo. Deito a palavra-língua, metáfora minha que lhe preenche todinha, de tinta-saliva, por todo teu proibido. Nossa libido horizontal, à beira-mar do meu amor. De onde vem a onda. Teu gozo. Meu prazer, morto a cada despertar..]

[Quero uma terra, que seja de areia, com muita água à mercê, com canoas em lugar dos automóveis, árvores e cabanas, pés de banana, cocos e outros frutos dali, longe daqui, deste planalto banhado sem horizontes.]

[Não há nada de novo nos papéis do poeta. É apenas um jeito diferente, de ver a velha vida das coisas..]



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