sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Contos do Bloco 6 - Parte II




O Bem Dotado do Ahú


Era uma vez, Fabiano, o garanhão da turma. Toda turma tem um garanhão. Mas este não tinha biotipo de Mangalarga Marchador, nem de Puro Sangue Inglês ou Árabe, era um sujeito comum, apenas com uma vestimenta que alucina algumas mulheres: a farda. Terceiro-sargento do Exército, ele entrou no curso de Direito com objetivo inicial, o estudo. Tímido, franzino, moreno e menino. Estilo mineiro, falava baixo e pouco, olhava o suficiente. E assim, o militar foi arrebatando suas “inimigas” ao longo do curso. Suas boas notas aumentaram o seu charme. Como sempre, nada oficial, o povo ficava sabendo semanas depois do abate. Mas ele era educado, não contava nada, saía da boca delas o enlace, e sem conotação sexual alguma. 

O autor do texto, era o ouvidor delas. Talvez este tivesse cara de psicólogo, conselheiro, guru. Mais velho, observava os movimentos da classe com astúcia literária, sem a ambição de ser um Dalton da vida. Trouxe mais essa história, para sua anônima biblioteca. Continuemos. Fabiano deixou a Terezinha do Chico no chinelo, tantas foram as mais do que três, só da turma original que ele fez chegar. A primeira, mais velha do que ele, uma polaca baixinha e raivosa, mãe solteira de piá, encantou-se com os predicados do moço, mas por ser temperamental ele a deixou. A segunda, bem mais nova do que ele, a Raimunda da sala, perdeu o selo de sua retaguarda, e os dois ficaram bom tempo juntos. 

Uma noite, num intervalo das aulas, Fabiano chegou para o autor e lhe abriu o jogo: sua “namorada” (Rai), ele e mais uma outra colega iriam para um motel passar a noite, convidando-o para a hecatombe universitária, uma espécie de “sêmen-nário”. A tal colega, Big-Ass, era casada, mãe de três filhos, dois já grandes. Beirava a obesidade, lhe faltando um primeiro pré-molar superior esquerdo. Em função do contexto, é claro que o autor negou tal aventura, dando uma desculpa qualquer, mesmo com o prejuízo de ter sido, a posteriori, considerado homossexual por elas. Às vezes, a prevenção vale mais do que a reputação. Dali em diante, a reforçada aluna parou de cumprimentá-lo. Pudera, é um tipo de rejeição incomum na selva hodierna, geralmente os caras topam tudo. Não houve surpresa, mas a primeira vez em que a gente é convidado para um swing, ninguém esquece. Pensava o autor, que swing era algo súbito, combinado na hora, um ímpeto por causa de um impulso sexual coletivo entre um grupinho de momento. Que nada, tem agenda para isso também. 

Inocência, uma terceira colega, bem mais nova que o autor, começou a relacionar-se com este, sem malícia alguma, não obstante ela tenha começado a gostar dele. Fiona, a feiosa da turma, ser demoníaco que ninguém olhava principalmente pela sua deseducação, não gostava do que via e foi até a mocinha proibindo-a de andar com homem casado: pegou ela para si mesma, fazendo-a de passiva, a coitada teve de se entregar aos carinhos inclusive sexuais daquela machorra. Tão coitadinha, que tentou namorar com Fabiano, mas Fiona não deixou. Depois de alguns outros contatos, uns mais íntimos e outros nem tanto, Fabiano engatou firme relacionamento com Carla, a poetisa da classe. 

Poetisas não são corpos descartáveis, aventuras, riscos, passatempos, brincadeiras ou algo efêmero desse (baixo) nível. Poetisas, são companhia para a vida toda. Demorou, mas Fabiano aprendeu a lição ao final da faculdade. Carla está grávida. Raivosa foi morar no Pantanal. Raimunda continua um ser apenas sexuado. Big-Ass hoje leciona aulas práticas de primeira vez para meninos de um colégio de bairro. Fiona ficou viúva e se mata todo dia à base de Rivotril. Inocência morreu de overdose numa rave. O autor... o autor? Hahahaha, o autor... coitado... a poetisa que ele conheceu, teve medo de lhe amar...  




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