terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Sessão Mochilão




O fim da estrada.
Não há um fim dessa estrada,
    é só a fronteira do país..


Pensa que tua vida é uma floresta
E tua sobrevida é caminhar
Ora abrir picadas
Ora descansar
Árdua tarefa
E tão mais difícil será
Se mais peso carregares
Em forma de medo,
Ou em forma de morte
Porque o desamor,
É só um cantil funcional...


Nas fotos mais bonitas da natureza
Repara que não aparecem seres humanos..


Na subida da montanha
O facão dentro da mochila
Um tropeço,
Virou cruz fincada no caminho..
Todos têm facas, lâminas
Nem todos sabem usá-las...


Preciso da mata
Das cachoeiras, rios
Da bicharada ao longe
Ou à espreita
Quem sabe um animal me olhe
E não me julgue como os daqui..


Tão bonita
Atravessando a pinguela da Casa do Ipiranga..
Perdida por ali?
Nada,
Eu é que me desencontrei há tempos,
    da beleza convencional...


O Cadeado não tem mais forma
Foi o tempo,
Que o transformou em serra..


Cadê a onça?
Está por perto
Veja as pegadas na beira do rio
Não há medo
Medo é coisa de cidade...


Dez minutos, intervalo
Para o próximo trem
Duzentos metros de ponte
Sobre um despenhadeiro,
Outro hotel da morte
Que nenhuma sorte vai deixar de reservar
Basta a maestria no caminhar..


Estrada de ferro
Ascendente francês ajudou construir
Sinto-me em casa
No tempo em que havia famílias...


O rio gelado nos pés
Ou sou eu,
Que ainda guardo calores inúteis...


Na floresta
É onde a mente se encontra com a gente
Ela vai à frente
Guiando até o lugar..


Num túnel
Em total escuridão
Acenda ao menos sua consciência
Ela é a bússola
Muito pouco utilizada à luz do dia..


Um aclive negativo
Obstáculo maior,
    não há como voltar
Assim é a vida.



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