Não
tenho mais o que falar
Digo,
escrever para mim mesmo
neste mural aberto no espaço
Agora
é hora
Do
silêncio que apavora
Assusta
e cala-me a boca
Boca
das minhas mãos
E
não mais se ouvirá,
movimento sobre o papel
movimento sobre o teclado
Não
por medo
Mas
por respeito ao segredo
Essa
porção teimosa
em guardar o que não há...
Veludo?
Veludo
cotelê
Cashmere
Flanela,
cacharrel, linho
Tecidos
antigos,
eu ouvia falar
Talvez
tenha vestido, todos
Só
não me vesti de amor
Tecido
interno
Que
reveste o coração,
dos que temem andar nus
ou,
sozinhos...
Respiração
Inspiro
e expiro
Não
faço nada
Respirar
é ação
È
mecanismo involuntário de sobrevida
Ato-reflexo...
Inspiração
Sinto
e reflito
Não
escrevo nada
Inspiração não é ação
É
mecanismo involuntário de afeto
Ato-contínuo...
Piração
Amo
e desamo
Escrevo
tudo
Piração
é movimento
É
mecanismo curvilíneo
Auto-engano...
“Te
amo muito”,
Ela
escreveu uma vez
Ou
vive dizendo por aí
Mal
sabe ela,
Que
pouco ama
E
se ama pouco,
Nada
ama
Mente
às vezes
E
se mente, engana
Não
se pode amar muito
Nem
pouco
Nem
se pode falar de amor
Por
isso,
Só
escrevo sobre quem não ama
Talvez
sobre ela,
que gosta
Mas
se engana...
A
falsidade
É
um tecido bonito
Que
se desfaz integralmente
na primeira lavada..
Mas
tem mais no armário
Agulha
e linha
Sempre
tem
Só
não tem,
banho...
No
carrossel do Nossa Senhora Esperança
Eu
ia lá para ver a vida passar
Tão
rápida quanto eu pudesse imaginar
Era
mentira, descobri bem depois
Tive
todo o tempo do mundo
Para
ser feliz
Até
para amar
Mas
não apareceu ninguém,
que pudesse,
brincar
comigo de adulto...
Os
padres do Medianeira
Batiam
na gente
Prova
de que deus
É
apenas uma convenção
Para
os religiosos,
sobreviverem,
iludirem e até matarem,
seus
próprios seguidores
seus
fiéis
os
ateus
e
todo mundo que se aproximar
Querendo
ou não,
Da
mentira,
Que
é a principal docente da violência..
Não
faço poesia
Apenas
transformo a agonia
Em
frases sem rima
Como
aquela prima
Que
não sabe casar
Não
consegue amar
E se ilude nas horizontais
Ela
da cama
Eu
da folha,
Ambos,
na lama...
Cães
que não querem mais ração
Não
cozinho nem pra mim
Faço
para eles, polenta e macarrão
Que
triste fim,
Dos
animais em solidão...
Poesia,
se incompleta
No
fundo da garagem fica
Dias
e tempos
Até
o sábado de faxina
Junta,
lê, termina
E
coloca num recipiente apropriado
Lixo
que jamais seria lixo
Para
se evanescer pelo ar da rua
Como
se tudo que ficasse bem guardado,
Completo,
Também
não tivesse o mesmo destino...
Já
escrevi coisas boas
Mas
não sou de todo bom
Tem
porção em mim indigesta
Esta,
Que
varre as palavras do chão
Frases
do não
Como
se fosse reciclável
O
silêncio de nós dois...
Limpei
a garagem
Vou sair de casa
Se
voltar,
estará tudo limpo
Se
não,
ninguém precisará limpar...
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