sábado, 26 de novembro de 2016

Photoesia


Chovendo Estrelas

Eu,
Perdi o controle da noite
Passei a me encontrar de madrugada
Mente em claro na escuridão
Em corpo que só queria repousar
Descansar do breu diurno
Das pessoas obnubiladas
Cegas por omissão ou vontade..
Eu,
Morador da cidade
Tenho fogueira dentro do quarto
Que queima as minhas horas
E arde um vazio no peito
Onde eu tenho oxigênio em demasia
Língua de fogo que não fala
Labareda que atravessa o tempo
Mudo
Em louvor e rito á solidão
Essa vagabunda que se diz companhia
Falsa amiga
Que não apaga esse fogo, não
Vê, eu me consumindo
Morrendo a cada dia neste lugar
Com desejos de ir embora
Para enfim quedar longe
Num local onde não haja cinzas
Que fosse limpo
Tão limpo que pudesse ver o céu
E as estrelas caíssem
Molhando a minha fogueira
Até o último pau de madeira
Para que eu possa seguir,
Leve
Com o tórax cheio d’água
Um cantil no lugar de alguém
E quando eu pensar nela,
Tomo goles de ninguém
Sem calor que me fizesse sonhar
Sem sonho, desejar
Sem coração, amar
Apenas caminhar
Mesmo na madrugada
Mas então com o frescor do sereno
Sobre a pele ressecada,
De tanto silêncio
Sobre a carne resfriada,
De tanta indiferença
Sobre o espírito livre,
Do desamor que me ofertaram..
Aquela mulher
Lindo deserto que eu percorria
E eu não sabia
Que a cada nova chama
Em desencontro eu partia
Na direção contrária do mar
O chão era de areia,
Mas só para me enganar
Um motivo para que eu me deitasse
E dormindo, 
   tudo pudesse realizar...













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