sexta-feira, 18 de novembro de 2016

J. Trivial, falando sobre ESTRADA




Numa estrada
No meio do deserto
Norte e sul,
    são iguais
Direção ou outra,
    tanto faz... 


A carona,
Que nunca virá
Afasta a pessoa de sua viagem
Jamais de sua estrada..


O que era uma reta
Fez-se um grande círculo
De tanto que se repetem
Os desvios no caminhar..


Ora poeira
Piso de areia
Descalça ferida
No chão da sobrevida..


Mulher só
Não caminha sozinha
Leva na bagagem
Até o que ela tinha..


O silêncio da cidade
E o deserto da estrada
Têm em comum
A veneração do nada..


E no asfalto aqui ao lado,
    direito do peito
Passeio a vida
A contemplar a beleza
Da paz de tudo o que não aconteceu..


Neste meu caminho
A mão é única
E a paisagem
Uma mentira para voltar..


Reconhecer um deserto
Aonde quer que se esteja
É prova da experiência
Daquele que aprendeu
Os limites de uma esperança..


Poesia
São pedras pelo caminho
Que uma vez limpas,
    separadas e preparadas
Vão sendo transformadas em palavras
Deixando para trás
Uma história um pouco mais livre...


Minhas paradas,
Pernoites ou pousadas
Nunca foram hospedaria
Permaneci atento,
Em abrigos de poesia..


Eu queria
Que minha estrada fosse natural
Não construída pelos homens,
    e sua pretensâo de conduzir destinos
Natural,
Como o curso de um rio
Um fluir vadio
Sobre o leito que ninguém vê...


Não há beira num caminho
Espaço para acostamento
Quando não há amor
Se houvesse
Não precisaria estrada...




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