terça-feira, 21 de julho de 2015

Sessão Cabeça-de-Camarão


 “Ectópico, Intempestivo e Vulgar.” 
 - um texto para não ser lido: vaze, e valorize seus minutos... 



- “Caralho!” – como dizia Marionette, a artificiosa loira que não era polaca, em súplicas de quero mais, agradecendo à profundidade da estocada em seu baú da felicidade transitória, aquele caminho de contramão que não precisou de perineoplastia, por ter fiel memória elástica. 

Fé. Fé no quê? O que é fé? Ah, está bem...acreditar em algo, ou em alguma coisa, ou em alguém. Mas o que significa acreditar? Aí começa a viagem, a divergência, a dimensão. De tão amplo, tal significado parece arrebatar conceitos dos mais longínquos rincões do nosso varonil. 
Vejamos, Maria. Para ela, acreditar é querer. Uma vontade sua, de que algo seja de uma determinada forma, tenha um certo conteúdo. Claro que de acordo com seu campo das descobertas, sua experiência. Quando Maria tem fé, ela acredita que algo deva ser do jeito que ela quer. 
Agora, José. Para ele, acreditar é sonhar. Um desejo seu, de que alguma coisa venha a acontecer, se realizar. Claro que compatível com seu campo das ideias, sua imaginação. Quando José tem fé, ele acredita que alguma coisa vai acontecer como ele sonha. 
Joana. Para ela, acreditar é discernir. Um movimento seu, separando as coisas em seus devidos lugares, sem confundir. Claro que obedecendo à sua pauta de valores, sua conceituação. Quando Joana tem fé, ela acredita que as coisas devem estar bem definidas.  
Por fim, Rodolfo. Para ele, acreditar é reconhecer. Uma conclusão sua, identificando significantes e respectivas ausências, sem hesitar. Claro que seguindo os seus princípios, sua virtude. Quando Rodolfo tem fé, ele acredita que as respostas devem ser encontradas. 

Bando de basbaques, carregando teimosamente no lombo seus conceitos fixos mas de natureza mutante. Porque não levam conceitos, apenas definições. Estritas, delimitadas, determinadas, específicas e todas as reduções mais que possam receber. São eles que mantêm o castelo. Mesmo cegos lá dentro ou ao seu redor. Não se veem como cegos, mas apontam seu castelo aos quatro ventos, aos cinco continentes, aos seis sentidos e aos sete mares. Cada definição, uma bandeirinha. Triangular, desbotada, saldão de festa junina retrasada. E são tantas as bandeirinhas, que se acham flâmulas, coitadas, iludidas. E saem por aí pelas capitais a desfilar ideias sem alimentá-las com argumentos. 
Não posso forçar a subsunção do mundo. Meu experimento é só meu e não serve como modelo para ninguém. Junto as cartas à minha maneira, naipe preferido, combinações e arranjos matemáticos ou empíricos de acordo com as minhas mãos, braço da consciência. 
Protesto, tardio, mas estou aqui. Abaixo às personalidades do ego. Basta de manuais, cartilhas, jornais e doutrinas alheias. Chega dessa vida pronta, hermética, casadinha e contratualmente programada. Viva a anarquia. A rebeldia, a galhardia, a putaria desde que organizadas. 
Você, e só você é capaz de construir o legado de sua educação. Não somos pássaros obrigados a seguir o “primeiro” em direção ao sul. Vejam o tamanho do céu. A extensão dos rios, a profundidade dos mares. Os horizontes dos caminhos, todos, plurais. Respirem a riqueza das possibilidades. Sintam o gosto da liberdade conjunto com a responsabilidade de ser cosmopolítico, plurisubjetivo, pansexualômano, tribalista: não sou de ninguém. Sou de todo mundo e todo mundo é meu também. 
Assim, você jamais aprisionará o Amor. Dê-lhe dinamicidade, asas, combustíveis, sabores, janelas, luzes, tudo renovável. Não basta amar: é preciso fazer sentido, saber como. Uma vida sem algumas doses de loucura, não passa de uma reles sobrevida. Viva a dois, a três, a qualquer número, viva sozinho, mas viva. Pois quando a morte vier, que ela nos pegue sorrindo, querendo ficar. Meditemos... 

- Mas porra meu, pra que escrever uma merda dessas? 
- Porra digo eu: pra que ler uma merda dessas? 

Moral da história – 

“Quando a poesia vai embora, não adianta apelar para os pardieiros do alfabeto. Prostitutas podem (fugazmente) substituir corpos, mas quaisquer palavras, elas jamais substituirão Inspiração...” 



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