sexta-feira, 3 de abril de 2015

Dr. CIRO, o Analista de Niterói



 Dr. Ciro – A Tese do Porão 
/A tese do porão. Todo mundo tem o seu porão. Cada porão, é o verdadeiro “asilo inviolável do indivíduo”, onde nunca poderemos entrar e jamais imaginar o que há dentro. Alguns, mantém a porta aberta. Outros, abrem-na de vez em quando, pois é preciso circular oxigênio. Mais perigosos, são os que raramente a abrem, em geral o fazem nos piores momentos, inesperada e irreconhecivelmente. Estes, são os prescindíveis.../ 


 Seu Alípio – A Antítese do Sótão 
/A antítese do sótão. Um erro culturalmente clássico. Confusão semântica por parte de um povo oprimido que ignora conceitos. Na verdade, quando falam em porão (inferior), querem dizer sótão (superior). O sótão, que é mais próximo do pensamento, núcleo de todos os sentimentos jamais toráxicos. As janelas dos sótãos são os olhos, através dos quais podemos observar e muito. Não há perigo para quem tem coragem de olhar nos olhos de outrem, e vice-versa. Imprescindível é quem tem a sua casa arrumada.../ 


 CONTRAPONTO 

[Chamavam de sótão a esse quarto do terceiro piso do casarão, com um banheiro e a sacada. Combinava bem o nome: uma palavra triste e sozinha. A porta rangeu como estas velhas madeiras agora, mas em vez de maresia pairava ali um cheiro forte de alfazema. A mulher de branco, moradora do sótão, voltou para nós um rosto interrogativo. Parecia alegre por nos ver mas também assustada como se não soubesse o que lhe trazíamos: o bem, o mal. Catarina vive naquele sótão e só raras pessoas lá sobem para levar-lhe comida, limpar o quarto ou visitá-la. Até que um dia, não aguentando mais, se joga da sacada, suicidando-se e libertando-se de seu “exílio”.] 
 - trecho de "As Parceiras", de Lya Luft 




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