Eis que ele apareceu
Ofereceu serviços de jardinagem
Mas ela morava num edifício
Cujos jardins,
ficam dentro dos apartamentos
Coisa muito íntima para estranhos
Estranhos àquelas flores,
Às suas cores
E às coisas do seu semear...
Viram-se pelo entreolhar
Beijaram-se sobre a cama
E casaram-se sem demora
Numa pressa que matou o tempo..
Sem tempo,
O espaço,
viúvo do tempo,
Morreu de desgosto...
A união fez a quimera
Do homem besta,
com a mulher fera
Coisa típica da selva
Que chamam de cidade
Civilização,
E tantas outras fantasias...
Ele só queria uma fenda,
em seu caminho
Um vale onde pudesse repousar a carne
Veio junto a montanha
A qual jamais conseguirá superar...
Quando o amálgama é o sexo
Tudo aquilo que não for sexo,
Não se liga...
Chegou uma amizade na estação
Mas ela o levou para a sua casa
Uma casa de carências,
de desejos e ausências
Sem vaga para amizades...
Coitada,
Construiu um modelo de homem,
e o colocou no sonho
Sem saber que as companhias
Obedecem à realidade do imprevisto..
Como brigam aqueles dois
Que um para o outro,
Não foram feitos
Mas sempre voltam
Por já conhecerem os seus defeitos...
Todo jardim tem espinhos
Só para demonstrar o cuidado
Imprescindível a toda semeadura...
Tão cedo se amaram
E de tanto e tão puro
Que hoje,
depois do tempo
Ainda falta muito para se amarem...
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