quarta-feira, 1 de junho de 2016

DEZ encontros




 Eis que ele apareceu 
 Ofereceu serviços de jardinagem 
 Mas ela morava num edifício 
 Cujos jardins, 
     ficam dentro dos apartamentos 
 Coisa muito íntima para estranhos 
 Estranhos àquelas flores, 
 Às suas cores 
 E às coisas do seu semear... 


 Viram-se pelo entreolhar 
 Beijaram-se sobre a cama 
 E casaram-se sem demora 
 Numa pressa que matou o tempo.. 
 Sem tempo, 
 O espaço, 
     viúvo do tempo, 
 Morreu de desgosto... 


 A união fez a quimera 
 Do homem besta, 
     com a mulher fera 
 Coisa típica da selva 
 Que chamam de cidade 
 Civilização, 
 E tantas outras fantasias... 


 Ele só queria uma fenda, 
     em seu caminho 
 Um vale onde pudesse repousar a carne 
 Veio junto a montanha 
 A qual jamais conseguirá superar... 


 Quando o amálgama é o sexo 
 Tudo aquilo que não for sexo, 
 Não se liga... 


 Chegou uma amizade na estação 
 Mas ela o levou para a sua casa 
 Uma casa de carências, 
     de desejos e ausências 
 Sem vaga para amizades... 


 Coitada, 
 Construiu um modelo de homem, 
     e o colocou no sonho 
 Sem saber que as companhias 
 Obedecem à realidade do imprevisto.. 


 Como brigam aqueles dois 
 Que um para o outro, 
     Não foram feitos 
 Mas sempre voltam 
 Por já conhecerem os seus defeitos... 


 Todo jardim tem espinhos 
 Só para demonstrar o cuidado 
 Imprescindível a toda semeadura... 


 Tão cedo se amaram 
 E de tanto e tão puro 
 Que hoje, 
     depois do tempo 
 Ainda falta muito para se amarem... 




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