domingo, 6 de dezembro de 2015

Miss Celânea 4



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A poesia voltou viúva 
E hoje, 
A cada nova chuva 
As cores estão ausentes 
Mas nem por isso há vontade 
De se esperar pelo próximo sol..
    porque o sol é sempre o mesmo
    e é ele quem falece...

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Essa mania de considerar 
Milhares de estrelas no céu 
E milhares de frases em minha biblioteca 
Ainda vai me conduzir 
Para um lugar 
Bem mais perto de mim... 

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Cientista das sensações 
Não sou teórico 
Apenas transformo em laboratório próprio 
Sem Erlenmayer nem Béquer 
Tudo aquilo que vem à minha percepção, 
    dos sentidos 
tenho apenas tubos de ensaio 
onde guardo frases 
do que não vivi... 

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Linda brasileira 
Abre suas pernas para o nojento ogro universal 
Pinto pequeno invade 
Único local onde ela suporta recebê-lo 
Admitiria morrer de tristeza, 
Ou de ira 
Mas nunca pela violência... 

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A luz que vinha de lá do horizonte 
Era de estrela 
Cadente, 
Foi atrás de outro firmamento 
Quando viu toda essa minha insustentabilidade 
Ou seja, 
A falta de suporte para o amor.. 
Só porque não acredito nele, 
A minha lua é sozinha no espaço.. 

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Há um outro fim 
Depois do final 
Afinal, é assim 
Que acontece com tudo aquilo que começa 
Com tudo o que tarda 
E com tudo aquilo que não se tenta.. 
A única diferença, 
É o quando 
O quando é que se chega ao segundo fim,
O inexorável nunca..

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Não morrerei sozinho 
Em minha tumba, 
Milhões de palavras escondidas 
Substituirão as flores que eu não falei na vida... 

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O homem solitário 
Lá fora, 
Temporais e invernada 
Mas o verdadeiro frio 
Ele sente dentro de casa... 

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As prateleiras dos supermercados 
E as vitrines das lojas, 
Estão cheias de coisas que preenchem a solidão.. 
Mas a solidão, 
É algo que não se negocia... 

_____ 
A vida 
É uma sucessão de inúmeras perdas 
Entremeadas por alguns ganhos, 
Que teimam em não serem reconhecidos.. 

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Foi pela Filosofia 
Que eu mergulhei na poesia 
Antes restava na areia 
Achando que era água fria.. 

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Chuva 
Sobre pedra 
Rio vertical 
Vertendo nos bairros 
Que não conseguem formar cidade 
Não teve sol 
Não há foz 
Não haverá paz.. 
Não passamos, todos 
De um empilhamento de paralelepípedos.. 

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Calem a boca da ingrata 
Acha que é beata 
A porca que não reconhece seu rebento 
E gritam pelo jardim 
Como se fosse chiqueiro 
Pisam em flores 
Defecam nos canteiros 
Ignorando perfumes 
E o seu caráter intruso... 

____ 
Atos 
Pedem sentido 
Que traz nexo 
Para os fatos 
Não morrerem 
Nos braços do acaso 
Sob a égide da indiferença 
Para a cova das inconsequências... 

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Vento que não 
                          voa 
Descobre- 
                  me 
Até que eu verta em 
                                     cores 
Minhas cores que eu nunca 
                                                  vi 
De não saber olhar para 
                                           mim 
Nem estender os braços ao 
                                                vento... 


________ 
Mudar-se 
É deixar de ser vizinho do passado... 


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