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A poesia voltou viúva
E hoje,
A cada nova chuva
As cores estão ausentes
Mas nem por isso há vontade
De se esperar pelo próximo sol..
porque o sol é sempre o mesmo
e é ele quem falece...
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porque o sol é sempre o mesmo
e é ele quem falece...
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Essa mania de considerar
Milhares de estrelas no céu
E milhares de frases em minha
biblioteca
Ainda vai me conduzir
Para um lugar
Bem mais perto de mim...
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Cientista das sensações
Não sou teórico
Apenas transformo em laboratório
próprio
Sem Erlenmayer nem Béquer
Tudo aquilo que vem à minha
percepção,
dos sentidos
tenho apenas tubos de ensaio
onde guardo frases
do que não vivi...
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Linda brasileira
Abre suas pernas para o nojento ogro
universal
Pinto pequeno invade
Único local onde ela suporta
recebê-lo
Admitiria morrer de tristeza,
Ou de ira
Mas nunca pela violência...
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A luz que vinha de lá do horizonte
Era de estrela
Cadente,
Foi atrás de outro firmamento
Quando viu toda essa minha
insustentabilidade
Ou seja,
A falta de suporte para o amor..
Só porque não acredito nele,
A minha lua é sozinha no espaço..
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Há um outro fim
Depois do final
Afinal, é assim
Que acontece com tudo aquilo que
começa
Com tudo o que tarda
E com tudo aquilo que não se tenta..
A única diferença,
É o quando
O quando é que se chega ao segundo fim,
O inexorável nunca..
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O inexorável nunca..
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Não morrerei sozinho
Em minha tumba,
Milhões de palavras escondidas
Substituirão as flores que eu não
falei na vida...
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O homem solitário
Lá fora,
Temporais e invernada
Mas o verdadeiro frio
Ele sente dentro de casa...
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As prateleiras dos supermercados
E as vitrines das lojas,
Estão cheias de coisas que preenchem
a solidão..
Mas a solidão,
É algo que não se negocia...
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A vida
É uma sucessão de inúmeras perdas
Entremeadas por alguns ganhos,
Que teimam em não serem
reconhecidos..
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Foi pela Filosofia
Que eu mergulhei na poesia
Antes restava na areia
Achando que era água fria..
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Chuva
Sobre pedra
Rio vertical
Vertendo nos bairros
Que não conseguem formar cidade
Não teve sol
Não há foz
Não haverá paz..
Não passamos, todos
De um empilhamento de
paralelepípedos..
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Calem a boca da ingrata
Acha que é beata
A porca que não reconhece seu rebento
E gritam pelo jardim
Como se fosse chiqueiro
Pisam em flores
Defecam nos canteiros
Ignorando perfumes
E o seu caráter intruso...
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Atos
Pedem sentido
Que traz nexo
Para os fatos
Não morrerem
Nos braços do acaso
Sob a égide da indiferença
Para a cova das inconsequências...
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Vento que não
voa
Descobre-
me
Até que eu verta em
cores
Minhas cores que eu nunca
vi
De não saber olhar para
mim
Nem estender os braços ao
vento...
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Mudar-se
É deixar de ser vizinho do passado...
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