Contos
Todos fúteis porque não conduzem
As pessoas frágeis que se deixam
levar...
Poesias
Canoas que se lançam às águas
Todas importantes por resistirem
Às correntezas que pretendem
afundar..
E como chamar o mar
Com essa voz de cidade
Grãos de areia na garganta
Que na verdade são poeira
Pois as ondas não chegam
A banhar-me o corpo
Mudo,
De sobreviver a seco...
O pior dos silêncios
É o que emudece a palavra escrita
É feito o silêncio da morte
Ou o fim da voz na vida..
Sinto falta da areia nos pés
Água nas mãos, sal na pele
Ondas nos olhos,
Brisa nos pulmões
Escutar o quebra-mar
Mas não me lembro do gosto de
ninguém..
Como é difícil limpar o sangue do
chão
Enquanto as lágrimas,
São removidas facilmente da face
Não gravei os sorrisos
Eles se foram nas mãos do vento..
Palavras doces
Neste mundo amargo
O que seria sobremesa
É prato principal..
Viajas
Apenas para fugires de ti
E encontrar-te noutro lugar..
Da madeira que era árvore
Fiz portão
Que o tempo empenou
Imagine o que ele faz com a gente
Tão frágil desde a semente...
Palhaços comparam amores
Evitando se comparar a si mesmos,
No curso do tempo..
Fizessem isso
Não estariam na plateia da vida..
Alguém tem sonhos sujos?
Ou todos os sonhos são lindos?
Se são,
Como são os desejos limpos,
Antes de serem sonhados?
De onde vem um sonho,
Se o nada não pode ser limpo
Nem sujo, nem belo ou lindo..
Noções de engenharia, por favor...
Chora o dia
Lava a natureza
Sobra questão
Por que razão
A chuva não leva
O que não quero em mim..
Ouço a chuva
Algo está sendo dito
Vejo o que não se mostra
Está atrás do céu
Atrás dos meus sentidos
E eu não sei chover
Pra chegar na frente das coisas...
Sem colo
Deito na tarde muda
E o som da chuva
É a música do coração
O vento abraça
Não é frio
É o contrário
Porque é abraço..
Chuva não tem ritmo
Faz compasso
Porque molha o coração
Acerta o passo
Acompanhando o bordão
Sem esperar pelo sol final
Só morre aquela chuva
Que empurrou aquele coração..
Dentro do armário da cozinha
Tudo era par
Xícaras, copos, pratos
Lá fora, uma vida ímpar
Cá dentro,
A sua resistência...
Espaço duplo entre as poesias
Respeito aqui
As distâncias que não consigo lá fora..
A não adaptação ao mundo exterior
Encaixa-te cada vez mais dentro de ti.
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