quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Contos Metropolitanos









As Moçonas da Cidade 
A frieza das morenas. O calculismo das polacas. A hesitação das 'alemoas'. O medo das orientais. A oscilação das mulatas e o desdém das latinas. Já passei por tudo isso, exceção às orientais, mas eu sei, eu vi, não toquei. Mulheres curitibanas, cada qual com seu veio aberto e nem tão difícil de encontrar na mata capital, fiel às suas tradições geneticamente herdadas. Basta caminhar junto, e logo aparece, a principal característica de sua paisagem. Nem todas são essencialmente assim, algumas um pouco, outras nada. Mas a tal democracia aponta para a maioria, compatível com sua origem. São coisas que evitam novos relacionamentos, ou destroem os já iniciados. Não é questão de paciência, é apenas um estado que elas atingem, no qual não se pode interagir, intervir e nem adianta dialogar. Lendo isso, elas falariam sobre os homens curitibanos e seus defeitos, obviamente. Claro que temos, mas não considero que eles tenham origem semelhante. Penso que têm mais a ver com educação, alteridade e bom senso, presentes ou não. São critérios diferentes para analisar sexos diferentes. Mulheres vêm com genótipos, homens adquirem fenótipos. Tratando-se delas, no fundo, não importa de onde vem a linhagem, e sim os efeitos desta. Acontece também, que elas formam grande população na cidade. E uma cidade com esse tipo de maioria, convida permanentemente ao exílio urbano. É aquilo que eu chamo de solidão. Repito, que o expoente trovador de Sobral está certo quanto ao seu conhecimento das capitais. A minha capital é assim. Muitas mulheres, mas em sua maioria frias, calculistas, medrosas, hesitantes, oscilantes e desdenhosas. As que se mudam para cá, demonstram-se da mesma forma, se é que já não a revelaram acolá. A diferença, é que aqui o viés é mais presente, a marca é mais forte, o traço e mais espesso. O clima pesado interfere na amplitude das relações, de toda natureza. Povo defeso, proibido, que quando ataca o faz voraz, mesmo na forma de silêncio ou indiferença. Gente que vem de fora, adapta-se à temperatura. Outro menestrel planaltino disse uma vez que o livre-arbítrio é um pensamento filosófico extraoficial a mostrar que a escada do destino, é feita por degraus de escolhas. Não tenho o quê escolher. Elas são todas assim. E eu aqui, com meu defeito, dando a entender que o amor fosse uma opção. A companhia é mesmo uma escolha, mas amar é outra dimensão. O amor não se escolhe. Não amar é sim uma opção. Eu poderia escolher uma entre elas pelo seu menor defeito, digamos. Mas outro meu defeito foi não escolher amar uma delas, e também a opção de não amar, ninguém. Pela lógica, não tenho companhia. Minha opção de não amar assusta muita gente, provoca uns, ofende outros. Todos, escolheram-se entre si, ou eles entre elas e vice-versa. Dizem que não, mas no fundo é assim. Um calçado, um esporte, um CD, uma profissão, uma companhia. Tudo se escolhe, menos um amor. Para bem amar, não precisa saber escolher. Mas para ter alguém junto, sim. Não pergunte as diferenças para mim. O que eu direi, são meus defeitos que se transformarão nos olhos do perguntador, em meu susto, minha provocação e minha ofensa. Para compensar os renitentes moradores, todas elas dançam bem. Como eu gosto do Baile do Pato. Mas é em Piraquara... 


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